A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) de Goiânia já definiu que as mudanças no trânsito do entorno da Praça Cívica para atender as obras do BRT Norte-Sul serão permanentes. Para a pasta, as alterações se mostram como a melhor opção de circulação e devem trazer impacto positivo para os motoristas. A análise leva em consideração o fato de que o anel interno da praça será exclusivo para os ônibus do transporte coletivo.As mudanças passam a valer a partir do próximo sábado (24). Além do bloqueio da via interna, sete ruas da região ficarão com o sentido invertido e outros cinco pontos sofrerão alterações em relação ao fluxo de veículos. “Nós não estamos mais tratando como um desvio. É uma nova circulação que os estudos técnicos apontam como a melhor opção, independente da obra”, diz o titular da SMM, Horácio Mello.“Esta nova circulação foi apresentada como um desvio para quando o BRT precisasse fechar o anel interno na Praça Cívica. Ao longo das últimas semanas passamos a estudar esse desvio e entender o porquê de estar sendo apresentado desta forma. Estudando o mapa para fazer o desvio, a SMM entendeu que a tendência de se tornar permanente é total. O motivo é a obra, mas é uma nova circulação”, afirma o secretário.Para distribuir o fluxo dos carros que passam pelo anel interno da praça, a SMM irá inverter o sentido da Rua 94 (entre a Avenida Assis Chateaubriand e a Rua 10), das ruas 14, 1, 12 (entre a Rua 10 e a Alameda dos Buritis), além das ruas 13, 2 e 15 (entre a Alameda dos Buritis e a Rua 19). As inversões no sentido das ruas 94, 14, 1 e 12 formam uma via alternativa ao anel externo da praça.“Depois que o anel interno estiver fechado, nós vamos ter redução de 50% da capacidade da via, então não podemos manter a mesma quantidade de veículos no mesmo local, com ou sem obra”, explica Horácio. Segundo o secretário, técnicos da SMM farão análises diárias do fluxo de veículos na região. “Os estudos podem apontar a necessidade de algum ajuste e nós faremos. Não há compromisso com erro”, acrescenta o gestor.Na análise do secretário, a minoria dos motoristas que passa pela via interna da praça será impactada de forma significativa. Segundo ele, estudos técnicos da pasta constataram que menos de 10% dos veículos que acessam a via têm como destino a Praça Cívica. “Se o motorista está de passagem, nossa proposta é que ele não passe pela praça”, explica Horácio.ImpactosPara a presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), a arquiteta e urbanista Maria Ester, as mudanças práticas podem se mostrar mínimas. “Isso não muda o número de carros”, diz a arquiteta, que sinaliza preocupação quanto ao aumento de demanda em outras vias. “O motorista não passar por um local e ir para outro não resolve os problemas, isso só distribui”, diz Maria Ester.O professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) e engenheiro de trânsito, Marcos Rothen, avalia que as mudanças podem ser positivas caso sejam bem sinalizadas. Sobre a possibilidade de congestionamento em novos trechos, o especialista diz que o problema pode ser antecipado com o uso de tecnologia. “Hoje é possível fazermos simulações para identificar a capacidade de cada via”, cita.BRTA Praça Cívica faz parte do trecho 2 do BRT Norte-Sul, que vai do Terminal Recanto do Bosque, na região Norte, até o Terminal Isidória, na região Sul. Ele deve ser entregue ainda neste ano. Já o trecho 1, que vai do Terminal Isidória até o Terminal Cruzeiro do Sul, em Aparecida de Goiânia, tem previsão de entrega para 2022. Sinalização preocupa especialistaSe bem sinalizadas, as mudanças no trânsito do entorno da Praça Cívica têm potencial para melhorar o trânsito da região. É o que afirma o professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) e engenheiro de trânsito, Marcos Rothen. Para o especialista, a criação de uma alternativa para o motorista é fator positivo. “No trânsito sempre temos de criar alternativas”, diz o engenheiro. A diferença entre o sucesso e o fracasso das alterações está em como os motoristas serão informados, afirma Marcos. “Anunciar que a região terá mudanças não é suficiente. É preciso ter uma sinalização eficiente”, diz. Para o engenheiro, a SMM deve reforçar a comunicação visual com placas que informem para o motorista de forma clara sobre as mudanças. “Nós fazemos as coisas no automático, então você tem de mostrar. O motorista dirige naquele trecho há 30 anos”, pontua o especialista em trânsito. O titular da SMM diz que a sinalização não será um problema e afirma que dedicou atenção ao item. A secretaria usará placas, faixas e semáforos como sinalização para os condutores. Além disto, 80 agentes da SMM irão se revezar nos períodos matutino, vespertino, noturno e madrugada. “Em cada esquina não semaforizada nós teremos canalizador de fluxo”, diz Horácio. (Luiz Phillipe é estagiário do GJC em convênio com a UFG)