-Imagem (1.2525995)Uma jovem de 22 anos foi agredida após ser acusada de furto em um supermercado em Alfenas (MG). A Polícia Civil informou à reportagem que investigará o caso para apurar o que realmente ocorreu no Supermercado Nobre.No vídeo, é possível ver que a mulher é negra e tem tranças. Sob denúncias de outras duas clientes não identificadas, a jovem é conduzida por funcionários do supermercado para uma sala isolada do local.Uma terceira pessoa então pede para que a mulher retire da bolsa o objeto que teria sido furtado. Enquanto ela retira os objetos e põe no chão, as outras duas mulheres a insultam verbalmente, chamando a jovem de "vagabunda", "vadia" e "sem vergonha".Além dos xingamentos e ameaças, as mulheres pegam o celular da jovem e uma nota de R$100. No vídeo, é possível ver uma delas martelando um objeto. Após a abordagem, as mulheres mandam a jovem sair e nunca mais voltar ao estabelecimento.À reportagem, o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB de Minas Gerais, Marcelo Ladeia Colen Guterres, afirmou que a questão racial também entra em jogo neste caso. "Apenas pessoas negras são tratadas dessa forma. São filmadas, submetidas à violência física e verbal ou, até mesmo como aconteceu em outros casos, torturadas e mortas", disse.Leia também:- Edital oferece R$ 2,5 milhões para organizações atuarem no combate ao racismo na educação- Fellipe Bastos critica 'punição branda' em caso de injúria racial- Família Gagliasso deve ter desfecho positivo em ações movidas por racismo contra Day McCarthy"Quando pedimos igualdade racial, estamos pedindo tratamento igual (aos brancos), que pessoas negras sejam tratadas como pessoas brancas. Não lutamos por privilégios, brigamos por respeito e igualdade, para que as leis sejam seguidas, acrescentou.Ele comentou que o crime cometido pelos funcionários que fizeram justiça "com as próprias mãos" é pior do que um suposto furto. Segundo o advogado as ações deles configuram cárcere privado, dano ao patrimônio, injúria e lesão corporal."A partir do momento que os responsáveis pelo estabelecimento se dispõem a fazer justiça com as próprias mãos, também estão violando a lei e praticando crimes mais graves que se pretendiam coibir".Guterres afirmou que as leis devem ser seguidas sempre. "O combate de um crime não justifica a prática de outros crimes. Vivemos em uma sociedade regida por leis que valem, ou deveriam valer, para todos, independente da cor da pele, da condição social e se a pessoa está praticando um delito. O correto a se fazer em uma suspeita de furto é acionar a Polícia Militar para que as providências legais sejam tomadas".Em nota publicada no Facebook, o Instituto de Cidadania e Direitos Humanos da cidade repudiou o ato dos funcionários do supermercado e disseram que trata-se de uma "Manifestação do racismo estrutural da sociedade". "Esse ato de extrema violência contra uma mulher negra é motivo de repúdio e revolta".O instituto também cobrou que a Justiça aja de maneira correta nesse caso. "Exigimos justiça já, respostas à investigação com condenação rigorosa do estabelecimento e dos autores do fato. Não podemos confundir Justiça com Justiçamento!".No Instagram, o Supermercado Nobre se posicionou sobre o caso, alegando que "não faz parte da nossa conduta agir dessa forma e estamos cientes de que um fato, uma conduta errada não justifica outro fato ou outra conduta errada".Segundo a publicação, o caso ocorreu "no calor das emoções" e o estabelecimento reconhece que "a atitude tomada não foi a mais acertada". Ainda segundo a nota de esclarecimento, houve uma "conversa amigável com a família da pessoa envolvida, o valor de R$ 100 e o valor de um telefone celular novo foram restituídos em favor da família".-Imagem (1.2526001)