O Paço Municipal avalia a reformulação do Eixo Anhanguera a partir do próximo ano. A ideia é repensar o modelo de transporte coletivo a ser adotado no eixo Leste-Oeste da capital, o conhecido Eixão. Já estava previsto, desde o início do ano, uma revitalização da avenida, com restauração da capa asfáltica e reforma das plataformas de embarque. No entanto, com o acordo a ser aprovado na Assembleia Legislativa de que a Metrobus e a concessão da linha passarão a ser da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), a gestão da Prefeitura decidiu fazer um investimento ainda maior na avenida.O Eixão é hoje descrito como um dos primeiros BRT (Bus Rapid Transit, ou ônibus de trânsito rápido) do Brasil, construído ainda na década de 1970. A ideia é que o mesmo, apesar de se manter com as linhas de maior velocidade média da região metropolitana de Goiânia, já possui tecnologia defasada e de que é preciso aperfeiçoar. O Paço ainda não definiu qual o projeto deve ser instalado para substituir o modelo atual. Dentre as opções, há uma modernização do próprio BRT, que seria nos moldes do projeto que está sendo construído no eixo Norte-Sul, ou até mesmo o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).Segundo o secretário Municipal de Mobilidade (SMM), Horácio Mello, o entendimento até então é de que a transferência da linha para a atribuição metropolitana torna uma obrigação da Prefeitura investir na Avenida Anhanguera, que hoje é o eixo mais importante do sistema de transporte coletivo metropolitano. “É uma obrigação nossa melhorar o Eixo e nos faz pensar qual seria o melhor modelo. É o BRT? É o VLT? Não sabemos ainda, tem que ser estudado, mas em parceria com o Estado e com as demais prefeituras. Nós vamos requalificar ali, mas não sabemos ainda qual o projeto”, diz Mello.No primeiro semestre deste ano, a Justiça definiu ser de obrigação da Prefeitura os cuidados com a Avenida Anhanguera. A disputa judicial se dava justamente em relação ao Eixão, já que a concessão do corredor é da Metrobus, que tem a maior parte de suas ações, atualmente, com o governo de Goiás. O Paço alegava, até então, que a reforma da capa asfáltica deveria ser feita pela empresa concessionária, mas o entendimento não foi acatado judicialmente. Com isso, já havia projeto, com definição de custeio na ordem de R$ 95 milhões, para a revitalização da Avenida Anhanguera em 2022, dentro do programa Cidade Inteligente.O que muda agora, caso a proposta de transferência da Metrobus e da linha em concessão seja efetivada, é a intenção de fazer um investimento mais robusto. Nos bastidores, fala-se que a Prefeitura teria capacidade de conseguir linha de crédito no governo federal na ordem de R$ 1 bilhão para ser investido no Eixo Anhanguera. Os valores não são confirmados pelo Paço. Neste caso, o que se fala é que vai depender da escolha pelo modelo a ser adotado. Para se ter uma ideia, entre 2013 e 2015, o Estado realizou projeto para a construção do VLT na Avenida. Na época, o investimento seria de R$ 1,315 bilhão.Na ocasião, a obra seria realizada por parceria público-privada (PPP) e o vencedor da licitação foi o consórcio formado pela Odebrecht TransPort e pela Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), que é o consórcio formado pelas empresas concessionárias do sistema metropolitano, hoje chamado de Redemob. A Metrobus, na época, não fazia parte da Redemob, como ocorre hoje. O projeto, no entanto, não foi efetivado. Mello reforça que a forma e o modelo de reformulação do Eixão ainda será estudado e discutido posteriormente, em parceria com os entes metropolitanos, como o Estado.EmpresaO projeto em análise na Assembleia também determina que a Metrobus tenha seu capital social repassado para a CMTC. Em emendas aprovadas na Comissão Mista no final da tarde desta quarta-feira (15), feitas pelo líder do governo na Assembleia, Bruno Peixoto (MDB), ficou descrito que o Estado ficaria autorizado a transferir para a CMTC suas ações na Metrobus como forma de integralizar sua participação na companhia. Também serão transferidos o contrato de concessão do Eixo Anhanguera e a operação do mesmo, todos os demais contratos e as licitações finalizadas ou em andamento de âmbito estadual correlacionadas à empresa.A ideia é que, assim, o Estado passe a ser acionista da CMTC na mesma proporção que a Prefeitura de Goiânia, “fortalecendo seu poder de atuação e por consequência a tarefa de disciplinar e fiscalizar a qualidade dos serviços entregues à população”, conforme a justificativa da emenda proposta e acatada na Comissão Mista. Caso a lei autorizativa seja aprovada, haverá decreto estadual com a regulamentação dessa transferência, descrevendo como será a mudança no capital social e regimento. Há uma expectativa, nos bastidores, de que a Metrobus passe a ser administrada e operada pela Redemob, a partir de uma deliberação da CMTC ainda em 2022. Aprovação deve sair neste anoO projeto que remodela o sistema de transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia, que está em tramitação na Assembleia Legislativa desde o final de novembro, deve ser aprovado na próxima semana, antes do recesso parlamentar. Na noite desta quarta-feira (15), a proposta passou pela Comissão Mista e deve ser levada à Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) nesta quinta-feira (16), antes de ir ao plenário pela primeira vez. Na Comissão Mista, o deputado Bruno Peixoto (MDB) apresentou voto em separado rejeitando todas as demais emendas, que haviam sido feitas pelos deputados Alysson Lima (Solidariedade) e os delegados Humberto Teófilo (sem partido) e Eduardo Prado (DC), e mantendo o relatório original de Amilton Filho (Solidariedade). No documento, havia as mudanças acertadas com o governo estadual e propostas por Peixoto. A matéria foi aprovada com voto contrário de Alysson Lima, que afirma ter faltado debate sobre o assunto. O deputado ressalta que deverá apresentar modificações no projeto, agora, em plenário. Uma das propostas seria a criação de um fundo metropolitano com os recursos dos subsídios acertados no projeto. A ideia do governo, no entanto, é que a matéria seja sancionada sem mudanças no escopo da proposta.-Imagem (1.2372367)