2014 foi o ano mais violento da história de Goiânia, com o registro de 658 assassinatos e 39 latrocínios (roubo seguido de mortes). A violência contra a mulher ganhou destaque no ano passado, não pela ação do assassino em série Tiago Henrique Gomes da Rocha - que confessou 39 crimes de morte desde 2012, sendo 16 contra mulheres apenas em 2014 -, mas pelo recorde da década no assassinato de mulheres. A média anual registrada pela Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH) desde o ano 2000 é o de 24 mortes violentas de mulheres na capital. Em 2014, foram 61 casos - 45 que não teriam como autor o serial killer.“A luta contra a violência contra a mulher avançou muito, mas muito ainda deve ser feito”, comentou o delegado Rosival Reis, plantonista do 1º Distrito Policial, Centro, responsável pela autuação em flagrante da dona de casa Leni Abadia dos Santos Beltrão, de 47 anos, na quarta-feira cedo.Exposta nas redes sociais algemada em um vídeo feito pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), a mulher tinha um olho roxo e estava visivelmente abalada no porta-malas do carro da GCM quando foi presa pelos agentes municipais no Jardim Guanabara após esfaquear o marido, Emerson Monteiro de Freitas, de 29.Usuário de crack, o homem havia batido em Leni depois de furtar dinheiro da carteira dela para comprar droga. “Ele me bate todo dia. Cansei”, disse. Além da lesão no olho, a mulher tinha lesões nas pernas, decorrentes da surra levada pelo homem, que foi submetido a cirurgia no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).Sem emprego e viciado em crack, Emerson se recusava a sair da casa de Leni no Jardim Guanabara. “A rotina de violência doméstica sofrida pela mulher foi interrompida de forma ainda mais violenta. Ela foi presa ao tentar se defender da agressão, mas segundo a lei, ela cometeu o crime de tentativa de homicídio e teve de ser autuada em flagrante”, contou o delegado.Segundo ele, está em tramitação no Congresso Nacional projeto de lei que dá ao delegado de polícia a faculdade de decisão em casos de exclusão de ilicitude, como é classificada, por exemplo, a violência praticada em legítima defesa própria e de terceiros. “Eu não autuaria essa mulher se pudesse. Ela é uma potencial vítima de homicídio, já que não há punição para o marido agressor nesse caso”, disse.Inserido no universo total de assassinatos ocorridos no ano passado em Goiânia, há o aumento também no número de mortes em confrontos com policiais. Em 2012, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP), ocorreram 30 mortes na capital. Em 2013, o número caiu para 28 casos. Ano passado, 41 crimes de morte foram cometidos em confronto entre suspeitos de crimes e policiais goianos. Nos relatórios de homicídios que costuma divulgar, a SSP não inclui as mortes em confronto policial, ao contrário do POPULAR, que segue padrão nacional de estatísticas de homicídios.Se em Goiânia o número de homicídios cresceu, no Estado deve cair ou ficar estável. Até o dia 25 de dezembro, foram registrados 2.196 assassinatos em Goiás, contra 2.293 em todo o ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP). A conclusão do relatório do Estado pela SSP deve ser feita só na semana que vem, mas se mantendo a média diária o ano deve fechar em torno de 2.250 mortes. Os números de homicídios da SSP não incluem mortes decorrentes de confronto com policiais.Em solenidade na última semana em Goiás, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo comentou que Goiás deve ser uma exceção nacional, já que teria havido aumento no número de crimes de morte em todas as unidades da federação. Segundo ele, todas as capitais registraram índice de homicídio superior a 10 mortes por grupos de 100 mil habitantes. Acima deste número, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há epidemia de crimes. “Precisamos de ações integradas no combate ao tráfico de drogas, armas e de pessoas para a diminuição destes índices”.O governador Marconi Perillo voltou a cobrar a criação do fundo nacional de segurança pública com vinculação orçamentária própria para a área e o fechamento de fronteiras para evitar a entrada de drogas.Apesar do aumento no número total de assassinatos na capital em 2014, considerando os números mensalmente entre maio e outubro foi o pior período do ano, com um pico de crimes em junho, quando foram registrados 80 assassinatos, e em outubro, com 69. Em novembro e dezembro, os números ficaram abaixo dos registrados em 2012 e 2013.-Imagem (Image_1.747845)-Imagem (Image_1.747844)