De janeiro até o último dia 19, Goiás teve 95.399 registros confirmados de dengue, de acordo com dados do Boletim da Dengue da Secretaria Estadual de Saúde (SES). O resultado das primeiras 42 semanas epidemiológicas é o maior da história para o período (veja quadro). O balanço parcial de 2019 se aproxima do total verificado em 2015 (95.700), ano que deve perder o título de recordista em casos da doença. Em relação a 2018, o crescimento neste ano é de 49%.O Brasil como um todo experimenta um acréscimo significativo nos casos de dengue. Os dados do Ministério da Saúde (MS) até este mês somam 1.455.898 casos prováveis de dengue no País, um aumento de 594,9% quando comparado ao mesmo período do ano anterior.O incremento em Goiás aparece em um cenário diferente dos verificados nos anos em que as estatísticas se situaram nos maiores índices. Apesar de ser um ano com elevado número de casos, o Estado não vive um momento de preocupação e alarme para a questão.A situação, que já é preocupante, ganhou mais um elemento para gerar mais apreensão nas autoridades de saúde: a falta do inseticida que combate o mosquito aedes aegypti, transmissor também do zika vírus e da chikungunya, sem contar o fato de que a intensificação do período chuvoso começou.Em números absolutos, Goiânia (31,6 mil), Aparecida de Goiânia (15,7 mil) e Anápolis (12,9 mil) lideram a quantidade de casos prováveis. Além deste destaque, a SES faz outra análise da situação dos municípios observando o coeficiente de incidência, ou seja, a taxa de notificações pela população. Nesta lista, não consta nenhuma cidade classificada como grau de risco alto, mas há quatro para risco médio. São elas: São João da Paraúna, Caiapônia, Rio Quente e Aparecida de Goiânia.Os casos de dengue resultaram neste ano em 58 mortes e ainda há ainda 72 suspeitas em apuração. Em todo o ano 2018, foram 82 mortes confirmadas por causa da doença. Em 2015, ocorreram 102 óbitos em função da doença.Apesar de Goiânia liderar o número de notificações, o dado não apresenta um crescimento significativo em relação ao ano passado. O ano passado fechou com 32,6 mil casos.O secretário Estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, avalia que o crescimento no número de casos se repete em outras partes do País e acrescenta que a dinâmica do período chuvoso interferiu na proliferação do mosquito. “A chuva se estendeu até o meio do ano, e se tem água, vai ter água empoçada, vai ter proliferação do mosquito.”Outro ponto que contribuiu para o aumento no número de casos, avalia o secretário, é a vigilância da população em relação ao assunto. “Nós não podemos nos acomodar como Estado, mas sobretudo como população, porque se acomodarmos, o vírus não deixará de existir, só que ele pode diminuir a sua circulação e o que circula o vírus é o mosquito”, diz Alexandrino ao afirmar que 80% dos criadouros estão nas residências.O secretário afirma, embora não tinha dito o valor, que há uma previsão de orçamento para campanhas educativas. Além disto, o titular da Saúde estadual acrescenta que a secretaria faz o mapeamento dos pontos críticos para “focar” nestes locais e melhorar o trabalho de combate ao mosquito. O tipo 2 da doença é o que prevalece neste ano com mais de 98% do total no Estado. Para a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal (SMS) de Goiânia, Flúvia Amorim, este fator também ajuda a explicar o crescimento dos casos. “Já tivemos este tipo circulando, mas com poucos casos. Então, a população estava mais suscetível neste ano”, explica a superintendente.VenenoDesde abril deste ano, de acordo com o secretário estadual de Saúde, o DataSus, sistema do Ministério da Saúde (MS) informa desabastecimento do inseticida que combate o mosquito adulto. De acordo com ele, a falta ocorre em Goiás e nos demais Estados.A reportagem entrou em contato com o MS para saber quando seria a previsão de entrega de nova remessa para Goiás, mas não foi enviada resposta. Inseticida serve para bloqueiosEm Goiânia, o inseticida usado no combate ao mosquito da dengue teve o estoque zerado em julho deste ano. O produto químico, explica a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal (SMS) de Goiânia, Flúvia Amorim, serve ao propósito de impedir a transmissão do vírus onde ele já circula e falta do mesmo é motivo de preocupação. “Quando eu tenho casos confirmados da doença em uma região, quando a gente recebe uma notificação, nós deslocamos uma equipe para fazer o bloqueio. Além de fazer o manejo ambiental, eliminar os criadouros, a gente usa a bomba costal com o inseticida para matar o mosquito adulto que está transmitindo. Então, quando a gente fala em quebrar a cadeia de transmissão para evitar novos casos, o inseticida tem uma importância muito grande.”Flúvia diz que não falta larvicida, produto que é utilizado para impedir o desenvolvimento das larvas. O estoque atual, diz ela, é de 780 litros, o suficiente para o trabalho de combate ao aedes aegypti até dezembro. A SMS tem 461 agentes em atividades de visita domiciliar e bloqueio. Flúvia alerta para a responsabilidade de cada cidadão. “O papel do agente é monitorar e orientar. Quem tem de tirar o criadouro é o morador .”