O crime de feminícidio teve um aumento de 20% em Goiás quando comparados os meses de janeiro a setembro do ano passado com o mesmo período de 2020, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO). Foram 24 notificações em 2019, contra 40 neste ano. “A pandemia do coronavírus (Sars-CoV-2) influenciou muito nos números de violência doméstica, pois as mulheres passaram a ficar mais tempo em casa com os agressores e consequentemente mais suscetíveis a serem mortas”, esclarece a psicóloga Heloisa de Castro, do Centro de Referência Estadual da Igualdade (Crei) da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds). Em Goiás, nos últimos meses, diversos feminicídios e tentativas de feminícidio foram registrados. No dia 8 de outubro um homem, de 29 anos, foi preso suspeito de matar uma mulher no dia 2 do mesmo mês, em Iporá. O homem, que confessou o fe foi pego com a arma do crime, disse que disparou contra a vítima depois de uma discussão dentro do carro em que estavam. Este era o terceiro encontro dos dois. No dia 25 de setembro, em Goiânia, o cirurgião plástico Márcio Antônio Barreto Rocha, de 55 anos, atirou na namorada depois de uma briga motivada pelo término do relacionamento. Márcio foi preso pela tentativa de feminicídio, mas atualmente está solto por decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Quatro dias antes, um homem, de 31 anos, foi preso em Goianésia depois de a filha ligar para a polícia e contar que o homem estava ameaçando matar a mãe dela.EstuprosEm contrapartida dos dados de feminicídio, os estupros tiveram uma redução de 63%. Caiu de 592 entre janeiro e setembro de 2019, para 217 no mesmo período de 2020. A titular da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia, Paula Meotti, acredita que parte da diminuição é porque mulheres deixaram de denunciar o crime e também por conta das restrições sociais impostas pela pandemia. “O fato de festas e atividades de bares terem sido restringidas também restringiu a ação de estupradores, que se aproveitavam desses ambientes e da hora que as mulheres estavam indo embora para cometer esses crimes”, explica a investigadora.Paula afirma que os números de ocorrências durante a pandemia variaram bastante e que os horários das ocorrências mudaram também. “Começamos a fazer muitos atendimentos no período matutino, que não era algo habitual. Acredito que seja pelo fato de que as pessoas estavam indo dormir mais tarde e as brigas se alongavam pela madrugada e éramos chamados de manhã”, diz. AtendimentosO total de atendimentos online feito pelo Crei, da Seds, em 2020 já foi maior do que em 2019, mesmo antes do encerramento do ano. São 200 atendimentos em 2019, contra 323 em 2020. “Nossa demanda aumentou demais durante a pandemia”, pontua a psicóloga Heloisa de Castro. A titular da Seds, Lúcia Vânia, diz que a secretaria tem feito um trabalho de acompanhamento dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) principalmente em Goiânia, no Entorno do Distrito Federal e nas regiões Norte e Nordeste. Para fazer denúncias de violência contra a mulher basta ligar no Disque 100 ou no 197.