O horário de pico na periferia da Região Metropolitana da capital começa mais cedo, antes das 6 horas, enquanto a região central de Goiânia ainda dorme. Mesmo com as ruas escuras e vazias de carros. Nesse horário, o movimento concentra-se nas paradas do transporte coletivo, onde centenas de trabalhadores se acotovelam para pegar o primeiro ônibus. Nas últimas quinta e sexta-feira, eu era uma dessas pessoas. Levantar de madrugada é preciso para quem mora longe do Centro. Com bairros cada vez mais distantes e os ônibus gastando mais tempo para cumprir o trajeto devido também ao trânsito, a solução é perder o sono. Cheguei ao ponto final da linha 052, no Vera Cruz, saída para Trindade, às 5h30. Assisti ao primeiro veículo partir lotado e esperei o das 6 horas. De nada adiantou. Idalina Cruz chegou ao ponto de motocicleta, trazida pelo pai. “Acho que nesse horário os bandidos estão dormindo e só tem trabalhador acordado, mas meu pai acha perigoso e me traz”, diz a faxineira de 36 anos. Ela consegue um lugar para sentar no ônibus. Enquanto ela dorme sentada, outros cochilavam em pé, despertando a cada curva mais sinuosa. Depois de 15 minutos de viagem, chegamos ao Terminal Vera Cruz. Na véspera, minha jornada começou no Colina Azul, em Aparecida de Goiânia, na companhia da diarista Valdete Silva Souza Rocha, de 34 anos, grávida de quatro meses. Por isso, ela escapou do tumulto na hora da baldeação no Terminal Veiga Jardim. Ela foi para a área de embarque prioritário e eu quase a perdi, pois havia muita gente tentando subir no ônibus. Valdete gasta quase 4 horas por dia dentro dos ônibus, na ida e volta do trabalho.-Imagem (1.171496)