Atualizada em 28/2 às 21h35Levantamento feito pelo POPULAR mostra que cursos voltados para a área de tecnologia na Universidade Federal de Goiás (UFG) viram o nível da concorrência aumentar nos últimos anos. Paralelamente, cursos que tradicionalmente se encontram entre os mais concorridos estão com a nota de corte praticamente estagnada. Os dados constam no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC), que usa a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para seleção de candidatos em instituições de ensino superior.Três dos cinco cursos com maior nota de corte neste ano na UFG são de tecnologia: Engenharia de Software, Inteligência Artificial e Ciências da Computação. Já entre os 10 primeiros também aparece o de Sistema de Informação. A diferença de nota de corte de Medicina para Engenharia de Software em 2023 ficou em 3,99 pontos. Em 2012, quando o processo de seleção pela nota do Enem foi instalado, ficou em 88,08.Os quatro cursos da área de tecnologia que aparecem entre os dez mais concorridos em relação à nota tiveram um aumento de mais de 10 pontos na nota de corte em relação ao ano passado. A de Inteligência Artificial subiu 30,74 pontos, seguido pelo curso de Engenharia de Software (22,68 pontos a mais), Ciências da Computação (21,98) e Sistema de Informação (16,64).Entre os outros seis cursos entre mais concorridos de 2023, três tiveram queda na nota de corte em relação ao ano anterior, inclusive o de Medicina, que passou de 798,93 para 795,83. Mesmo entre os outros três que tiveram aumento, não passou de 0,59 pontos (veja quadro).Leia também:- Amma proíbe trotes nos parques Vaca Brava e Flamboyant; multas podem ser aplicadas- Inscrições para primeira seleção do Prouni 2023 começam nesta terça- ProUni oferta 11,7 mil bolsas de estudo em GoiásO cruzamento de dados feito pelo POPULAR mostra que o crescimento verificado nos cursos voltados para o setor de tecnologia se tornou mais constante a partir de 2018, mas principalmente depois de 2020. A nota de corte de Engenharia de Software, por exemplo, subiu quase 100 pontos nos últimos seis anos, enquanto a de Ciência de Computação, quase 80.O pró-reitor de Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Israel Elias Trindade, associa a ascensão da tecnologia aos efeitos da pandemia da Covid-19 e ao mercado de trabalho. “Estes cursos têm uma empregabilidade muito boa. Principalmente depois do surgimento da Covid, estes profissionais da tecnologia da informação foram mais valorizados. Até então nós não estávamos tão expostos à tecnologia. Tivemos de trabalhar mais com isto, dar aula remotamente, por exemplo, esta atividade ganhou relevância na sociedade”, avalia.O aumento significativo na nota de corte verificado nos cursos voltados para tecnologia não se reflete nos cursos da UFG no geral. A nota de corte média subiu de 661,60 para 662,44. Em apenas 38 cursos, a nota de corte subiu mais de um ponto em relação ao ano passado. Já em 12, a nota de corte ficou praticamente estável com variação positiva ou negativa que não ultrapassa um ponto.Dos 20 candidatos aprovados por ampla concorrência (AC) no curso de Engenharia de Software, 70% fizeram uma pontuação no Enem superior à nota de corte do curso de Medicina. Já no curso de Inteligência Artificial foram 55% dos 20 selecionados. Como comparação, no curso de Direito matutino, o quarto com maior concorrência, apenas 10% dos 30 aprovados por AC tiveram pontuação acima de 795,83.Embora os cursos da área de TI se destaquem na nota de corte elevada, eles não têm taxas de candidatos por vaga tão elevadas quanto graduações relacionadas à saúde como Medicina e Medicina Veterinária. No grupo dos dez mais concorridos as inscrições por formação variam de 1,6 mil a mais de 6,9 mil candidatos. Com o terceiro maior ponto de corte em 2023 (778,81 pontos), Inteligência Artificial é apenas o 43º mais demandado com 259 inscrições.Entre os dez com maior número de inscritos não aparece nenhuma graduação relacionada à tecnologia da informação. Mesmo cursos tradicionais em ampla disponibilidade no mercado como Direito e Administração tiveram grande procura e figuram entre os dez com mais interessados inscritos. O pró-reitor de Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Israel Elias Trindade, atribui este fator à “qualidade do ensino”. “Avaliação que eu faço deste processo é que qualidade do ensino é o grande diferencial da UFG, por isto que a gente fica feliz.”O pró-reitor afirmou ao POPULAR que a maioria dos inscritos não residia no estado de Goiás. Do total de 52 mil foram 28,7 mil de outras unidades da federação. Em ordem de maior número de candidatos estão, respectivamente, Distrito Federal, São Paulo, Tocantins e Minas Gerais. “Isto é muito importante para alcançarmos a diversidade. Isto qualifica o debate e mostra que mesmo onde há outras instituições renomadas, há interessados na UFG”, considera. De Goiás foram cerca de 23,7 mil inscritos.Uma das estruturas de desenvolvimento da tecnologia na UFG é o Centro de Excelência em Inteligência Artifical (Ceia). Lá estão 380 pesquisadores. O laboratório foi lançado em 2019 com apoio da Fundação de AMparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).Sobre a estrutura, o professor cita que a UFG possui 1.790 ações de extensão. Ele explica que isto é importante para melhorar o diálogo da universidade com a sociedade. “A universidade pública tem compromisso com a sociedade, principalmente com os mais vulneráveis.”Os cursos da UFG estão tendo a reserva de 10% da carga horária para ações de extensão. Das 1.790, 586 são associadas à educação, 501 à saúde e 214 à cultura. As demais incorporam questões sobre tecnologia, direitos humanos, comunicação e meio ambiente, entre outros. Estas atividades alcançam 256 municípios no País. Isto significa que parte delas extrapola o estado, que tem 246 cidades.A universidade possui 101 cursos presenciais e três de ensino a distância. O Sisu alcançou 96 formações. O total de estudantes hoje é de 19.542, conforme o analisa.ufg.br. -Imagem (1.2622965)