A modernização do sistema de estacionamento público rotativo pago, conhecido como Área Azul, só deverá ser publicado no começo de 2023, de acordo com o secretário da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), Horácio Mello. O termo do processo de licitação está na Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) para verificar as garantias financeiras dos modelos pensados para a adoção em Goiânia. Desde 1995, quando foi inciada a cobrança pelo estacionamento em determinadas áreas da cidade, a princípio do Centro, a Área Azul funciona com a compra de talonetas e fiscalização pelos agentes de trânsito.De acordo com o secretário, a intenção é que o novo modelo seja o menos físico possível, sem qualquer intervenção de equipamentos instalados nas calçadas ou nas vagas, e tenha a utilização de meios eletrônicos e on-line. “Precisamos digitalizar esse processo”, afirma. Atualmente, há um total de 2.089 vagas estabelecidas para o uso da Área Azul, mas o número que efetivamente pode ser usado é menor, já que algumas vagas da região Central estão descontinuadas em razão de obras na região, sobretudo do BRT Norte-Sul.Mello afirma ainda que há a intenção de expandir o número de vagas para cerca de 11 mil, em diversos locais da cidade. Uma das regiões que devem receber a política de controle de estacionamento é a da Avenida Bernardo Sayão, no Setor Centro-Oeste, também conhecido como Setor Fama. De acordo com o secretário, a implantação do sistema pago é um pedido dos comerciantes no local, que tem características semelhantes à Avenida 24 de Outubro, no Setor Campinas, e mesmo com a Rua 44, no Setor Norte Ferroviário, embora com menor fluxo de veículos.Na última semana, a SMM fez a primeira expansão da política pública desde 2013 ao criar o sistema com 123 vagas na Rua 44, que desde outubro passa por intervenções de mobilidade. As demais expansões só devem ocorrer já com a modernização do modelo, ou seja, sem o uso das talonetas em que se cobra R$ 1,50 por uma hora de estacionamento e R$ 2,50 por duas horas. Mello explica que a expansão na Rua 44 neste ano, antes mesmo da nova modelagem, só ocorreu por se tratar de uma região em que a situação de falta de vagas é considerada dramática.“A Rua 44 é uma situação atípica, com poucas vagas em que um agente de trânsito consegue acompanhar. Precisamos garantir a rotatividade nas vagas públicas lá, é um valor módico, apenas para que uma mesma pessoa não fique o dia todo parado lá”, argumenta o secretário. Ele revela que a ideia de fazer a expansão das vagas de Área Azul na cidade vai ser concretizada, mas com sabedoria, de modo que seja nos locais em que se necessite priorizar a rotatividade no uso do espaço público e com um novo modelo. “Imagina fiscalizar 11 mil vagas com 300 agentes de trânsito? Não tem como. Vai ter a expansão e isso pode acontecer muito rápido com a mudança do sistema.”Leia também:- Prefeitura de Goiânia inicia fiscalização da área azul na Região da 44, em Goiânia- Prefeitura inicia venda de bilhetes na Área Azul da Região da 44- Multa é aplicada após dois anos da morte do infrator, em GoiâniaA alteração do modelo da Área Azul é pensada por técnicos da Prefeitura há pelo menos 13 anos, quando a então Agência Municipal de Trânsito (AMT) chegou a firmar contrato pela instalação dos parquímetros nas áreas de estacionamento pago que ainda só existiam no Setor Central. Mas o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), no começo de 2010, questionou o acordo por ter sido feito sem licitação e com delegação de execução para outra empresa. Depois disso, em 2017, a gestão de Iris Rezende (MDB) estudou um novo processo de modernização.O projeto chegou a estimar em até 20 mil as vagas pagas de estacionamento, contemplando a Rua 44 e a Avenida Bernardo Sayão, mas também a região das clínicas e hospitais do Setor Aeroporto, Praça Tamandaré, no Setor Oeste, Avenida César Lattes, na Vila Novo Horizonte, e Avenida Mangalô, no Setor Morada do Sol. O documento só ficou pronto em 2019, com alteração de valores e uma nova modelagem, inclusive com a expansão de vagas para cerca de 11 mil na cidade. A gestão atual, que assumiu em 2021, fez novo projeto e prometeu publicá-lo no final do ano passado, mas agora há nova estimativa para 2023.Falta de plano pode prejudicarO geógrafo Miguel Ângelo Pricinote, coordenador técnico do Mova-se: Fórum Permanente de Mobilidade, afirma que a expansão da Área Azul em Goiânia teria de ser fundamentada nos critérios previstos no Plano de Mobilidade da capital, que ainda está em realização.“Por que essa pressa na Rua 44? O sistema atual é fácil de ser fraudado. A Área Azul não vai resolver a mobilidade da região. Por que não proibir o estacionamento? Já é um local com muita oferta de vaga privada. Parece mais uma reação por ter feito uma intervenção no local”, diz.Ele concorda com a política de cobrar pelo uso das vagas públicas para democratizar o uso do espaço público, mas que os lugares escolhidos devem ter um objetivo, dentro de um plano e suas diretrizes.“Não é só mudar a tecnologia, tem que seguir o plano. E esse sistema de taloneta é a mesma coisa de querer instalar orelhões na cidade para tentar melhorar a comunicação das pessoas. Desse jeito, é melhor proibir o estacionamento no local, porque pelo menos melhora o fluxo de quem está se locomovendo. Desse jeito só melhora para quem quer ficar parado.”Segundo Pricinote, a modernização do modelo já deveria ter ocorrido e então se faz a escolha dos locais a serem implantados, com base no Plano de Mobilidade da cidade.-Imagem (1.2560741)