A transmissão de novas cepas do coronavírus já pode ser comunitária em Goiânia, quando o contágio é feito entre pessoas que não estiveram em outras regiões. Nesta semana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), fez o sequenciamento genético de três amostras. Duas foram identificadas como a cepa P1, de Manaus, e a outra como a cepa P2, encontrada pela primeira vez no Rio de Janeiro. Ambas são mais transmissíveis e levantam o alerta para o risco de reinfecção.O superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Yves Ternes, diz que a possibilidade de a transmissão das cepas na capital já ser comunitária é grande. O perfil da segunda onda da doença é uma evidência dessa hipótese. “Pensávamos que pudesse ter um crescimento seguido de uma queda. O que temos visto é um aumento sustentado de casos e internações”, afirma.Os três pacientes têm idades entre 27 e 29 anos, desenvolveram a doença de forma moderada e já se recuperam. Em todos os três casos a transmissão foi comunitária, uma vez que as pessoas não têm histórico de contaminação anterior e não viajaram para nenhum dos dois Estados.O fato de as novas cepas terem sido identificadas em pacientes sem histórico de viagem ou contaminação anterior levanta um alerta ainda maior para os goianienses sobre a possibilidade de reinfecção. “Isso mostra que quem já pegou, pode pegar de novo. Devemos reforçar as medidas de proteção como uso de máscara e o distanciamento social”, ressalta Ternes.Novas amostrasA parceria com a universidade começou depois que a SMS ficou sabendo que a instituição fazia o sequenciamento de amostras com um caráter de pesquisa. “Entramos em contato com eles para que essa ação de pesquisa também fosse voltada para uma ação de vigilância”, diz Ternes.Antes disso, se a Prefeitura quisesse fazer algum sequenciamento genético para detectar um novo tipo de cepa, era necessário enviar as amostras para o governo estadual, que envia o material para o laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo.Depois da parceria com a UFG, a SMS já enviou mais 60 amostras para a universidade. O critério de escolha foi o de pacientes que foram infectados pela doença e tiveram o material coletado em unidades de saúde do município no final da última semana. “Quando tivermos o resultado dessas amostras, vamos poder dizer com mais propriedade se já existe transmissão comunitária em Goiânia e traçar novas estratégias de vigilância”, afirma Ternes.VigilânciaO superintendente de Vigilância em Saúde da capital afirma que esse sequenciamento será feito por amostragem, pois não é possível sequenciar todas as amostras. “Por isso, é necessário que quem estiver doente tome ainda mais cuidado com a questão da transmissão, pois não será possível identificar sempre com qual cepa a pessoa foi infectada”, aponta Ternes.EstadoAté o momento, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), existem 71 casos confirmados de nove variantes diferentes do coronavírus em Goiás, mas apenas duas têm importância epidemiológica.Destes 71 casos, 23 são da variante P1, identificada no Amazonas, sendo que 20 casos são dos pacientes de Manaus que foram transferidos para tratamento em Goiás, um caso notificado na cidade de Águas Lindas de Goiás e outros dois casos notificados em Anápolis.Outros quatro casos são da variante VOC 202012/01, identificada no Reino Unido. Destes, um caso de paciente de Luziânia, um de Valparaíso e dois de Anápolis. Os casos confirmados de Goiânia ainda não foram incluídos nos registros da SES-GO.A secretaria aponta ainda que tem trabalho com as Secretarias Municipais de Saúde goianas no rastreamento e monitoramento dos casos confirmados, fazendo investigação retrospectiva de como a pessoa se infectou e também monitorando familiares e contatos próximos. Além disso, todos os casos suspeitos são notificados e também amostras enviadas para o Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO).