Três correntes e cadeados nos portões que dão acesso à entrada principal do Jóquei Clube de Goiás, na Rua 3 do Setor Central, impediram que sócios, professores, arquitetos e defensores da preservação do prédio entrassem na sede social na manhã de ontem. A proposta do protesto, marcado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) contra a venda da sede conforme aprovada em assembleia realizada em outubro, era de realizar um abraço simbólico no Jóquei. Se o número de manifestantes fosse o suficiente, seria feito em todo o quarteirão da sede, o que não foi possível.Então, a solução seria passar por dentro da sede, ligando a Avenida Anhanguera com a Rua 3 com o abraço. Mas não havia nenhum funcionário do Jóquei para abrir os cadeados. Durante a semana, a atual diretoria chegou a ser contatada para permitir a entrada dos manifestantes, mas não houve respostas. Na manhã de ontem, foi ventilada a possibilidade de uma ação judicial com apoio dos sócios-remidos para que um oficial de justiça abrisse a sede do Jóquei. Ao final, a proposta foi para uma análise de uma ação pública para questionar a assembleia de outubro.A ideia é que os sócios declarem como ficaram sabendo da assembleia, já que a maior parte deles afirmam não terem sido informados e só souberam da decisão quando as notícias pela venda começaram a ser publicizadas. Junto a isso, a manifestação também cobrou uma ação política para negociar a dívida de Jóquei, já que cerca de R$ 30 milhões de um total de R$ 42 milhões, são com a Prefeitura de Goiânia, entre Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e outras taxas municipais.A manifestação contou com a participação dos vereadores Paulo Magalhães (PSD) e Jorge Kajuru (PRP). Na última quinta-feira, representantes dos sócios do Jóquei estiveram na Câmara Municipal para elucidar os vereadores sobre a situação do Jóquei Clube, em que foi sugerida posterior realização de audiência pública para a discussão do futuro da entidade. Enquanto isso, o CAU-GO pretende ao menos manter o prédio da sede social, já que o considera de relevância nacional devido seus traços modernistas e características da corrente denominada brutalismo e por ser obra do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o maior nome vivo da profissão.O processo de pedido de tombamento do patrimônio foi iniciado na última sexta-feira, junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Normalmente, o processo de análise sobre os bens demora cerca de 30 dias, mas por se tratar de final de ano, pode haver uma ampliação disto. Após isso, os proprietários têm cinco dias para recorrer, e o Iphan outros 15 dias para argumentar. Os proprietários podem ainda contra-argumentar em outros 15 dias para só então passar a valer o tombamento.Com o bem tombado, os proprietários podem ainda comprovar que não possuem renda para manter da forma que ele deve e, assim, o Iphan pode requerer verba da União para a manutenção. Em caso de negação, o bem pode ser até destombado, já que se entenderia que não haveria tanta relevância ao patrimônio.