A nova defesa de Maurício Sampaio, réu acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista e radialista Valério Luiz, diz que buscará a anulação do processo. Em entrevista na noite desta terça-feira (29), os advogados, que assumiram o caso recentemente, questionaram a competência e a imparcialidade do juiz que preside o júri. Afirmando haver provas, prometem denunciar o magistrado e os promotores responsáveis pelo caso no Conselho Nacional de Justiça e no Conselho Nacional do Ministério Público. Leia também:- Silva Neto é o novo advogado de Maurício Sampaio no caso Valério LuizO advogado Silva Neto, proprietário do escritório de advocacia que assumiu o caso, diz que há provas “graves” sobre a parcialidade, o que incluiria declarações de outros juízes que confirmariam “inimizades capitais” entre Maurício Sampaio e o magistrado. A defesa afirma que as supostas provas serão apresentadas ao CNJ nesta quarta-feira (30). Em outra petição, também prometida para esta quarta, diz que pedirá que o juiz deixe o caso imediatamente. “Vamos mostrar que ele não tem condições de julgar o processo. Há algo nebuloso desde quando começou”, afirma Neto. Entre as acusações ainda não fundamentadas, a defesa de Sampaio diz que o juiz se negou a autorizar diligências que comprovariam a inocência do indiciado. “Fico preocupado porque talvez estejam deixando escorrer a possibilidade de se identificar o verdadeiro mandante e os executores desse crime”, diz o advogado.InvestigaçãoA defesa de Sampaio afirma que todas as fases do processo têm ilegalidades. Já no ato de inquérito, diz que a delegada foi parcial. Quanto à apresentação da denúncia pelo Ministério Público, afirma que os promotores não apresentaram os “elementos básicos” exigidos para apresentação de uma denúncia. “O juiz tem a obrigação de fundamentar o recebimento dessa denúncia e isso também não foi feito”, argumenta Neto. Sobre a razão de as acusações sobre as supostas ilegalidades não terem sido apresentadas pela defesa anteriormente, Neto diz que as questões foram “escondidas” dos advogados até o final do ano passado. “Só no final do ano passado a defesa descobre que isso (as supostas ilegalidades) estava no processo”, afirma. “Não estou dizendo que Maurício (Sampaio) é inocente. Estou dizendo que o que está acontecendo com ele é a prova contundente de que ele não ‘pode ser inocente’”, ironiza o defensor. O POPULAR não conseguiu resposta do juiz nem do Ministério Público até a conclusão dessa reportagem.O escritório de Neto assume após a renúncia do antigo defensor de Sampaio, Ney Moura Teles, que decidiu deixar o caso dois dias antes do início do júri popular, inicialmente marcado para o dia 14 deste mês. Com a mudança, o julgamento foi adiado para o dia 2 de maio. CrimeO julgamento envolve, além de Sampaio, outros quatro réus. A mudança de advogado foi classificada pelo MP como uma manobra para tentar fazer com que Maurício Sampaio fosse julgado separado dos demais indiciados, o que é negado pela equipe de advogados. O jornalista Valério Luiz foi assassinado a tiros no dia 5 de julho de 2012, quando saía do trabalho, na Rua C-38, Setor Serrinha, em Goiânia. Ele estava dentro do próprio carro e foi baleado por um motociclista que passava pelo local.Segundo a investigação, em represália a comentários feitos por Valério Luiz durante um programa, Sampaio teria procurado os demais acusados para organizar o crime.Ao longo de quase dez anos, o julgamento dos acusados de envolvimento no assassinato de Valério Luiz foi adiado por duas vezes: em fevereiro de 2020, por conta da pandemia, e no dia 14 deste mês, por conta da troca de advogados.