As obras do BRT Norte-Sul em Goiânia estão em ritmo lento e com previsão de paralisação para os próximos dias devido ao não pagamento das empresas que operam na construção. Tanto o consórcio que realiza a obra quanto o que faz a supervisão não recebem os recursos há cerca de cinco meses. A empresa de arqueologia ArqLogus, que presta serviços ao Consórcio Supervisão BRT Norte-Sul, emitiu carta no dia 31 de janeiro informando a paralisação do trabalho desde o dia 1º, o que impede o prosseguimento da obra, já que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) obriga a presença do profissional da área em obras que contenham escavações. Além disso, funcionários da construtora do corredor também contam que estão sem receber salários há dois meses. A folha de janeiro, que deveria ser quitada no começo da semana, ainda não foi paga e havia a promessa de que isso ocorra até esta sexta-feira (11). Mas é necessário que a Prefeitura pague cerca de R$ 7 milhões que estão em atraso. No momento, os trabalhadores relatam que já não há combustível para a realização dos serviços e que a energia do alojamento foi cortada. As chuvas de janeiro e do começo deste mês, por outro lado, serviram como “desculpas” para a falta de execução dos serviços. Isso porque os trabalhos na Praça Cívica, por exemplo, dependiam do tempo firme para a realização das pistas, e isso ocorreu justamente no momento em que havia dificuldade em adquirir os materiais. Agora falta a concretagem da pista e a realização das estações na praça e na Avenida Goiás. A previsão é que este último trabalho demore cinco meses. Com isso, se não for iniciado neste mês, a obra não ficará pronta até julho, que é o prazo dado pelo Paço Municipal para a entrega e quando se encerra o contrato atual.Para a realização das estações, como são necessárias escavações, é obrigatória a presença de arqueólogos na obra. O serviço foi suspenso pelo Consórcio Supervisão no começo do mês por não haver condições de realizar pagamento. No dia 3, o Iphan recebeu uma carta da ArqLogus, que prestava o trabalho, comunicando a paralisação. O documento diz que ainda há obras nas calçadas da Avenida Goiás em que a profundidade chega a 70 centímetros, além de serviços na Praça Cívica e a instalação das estações.O Iphan informou que “está em contato com a Prefeitura de Goiânia, para semana que vem está prevista uma reunião emergencial para tratar sobre o assunto. A obra não pode prosseguir sem a arqueologia, dada a complexidade do empreendimento instalado no setor central de Goiânia, um dos primeiros da capital”. Já a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) responde que está empenhada “na confecção e assinatura dos contratos profissionais técnicos necessários”. Sobre a falta de pagamento aos dois consórcios, a pasta afirma que a verba já foi aportada e “deve ser liberada nos próximos dias” e completa que, com relação ao andamento das obras do BRT na Praça Cívica e na Avenida Goiás, “a parte relativa ao Iphan foi integralmente cumprida e está sendo realizada a devida programação”.O POPULAR apurou que em 2020 já houve dificuldades para que os recursos chegassem em dia às empresas, pois o Paço Municipal estava sem a documentação que permite os repasses federais, o que só foi atualizado no final do ano. A construção do corredor BRT é financiada com recursos da Caixa Econômica Federal. Na época, foi preciso que se negociasse o uso de dinheiro do Tesouro Municipal, que seria a contrapartida da Prefeitura para o financiamento. Com isso, todo o saldo devedor da própria Prefeitura, até o final da obra, foi pago ao consórcio, faltando receber a parte da Caixa, que corresponde a 80%. A informação é que esse dinheiro já está na conta do Paço há pelo menos dez dias e mesmo assim o pagamento não foi realizado. Já em relação à supervisão, há recursos de financiamento e ainda do Paço a receber. -Imagem (1.2401093)