O número de leitos estaduais destinados para o tratamento da Covid-19 caiu de 1,3 mil em abril de 2021, pico da segunda onda da doença em Goiás, para 814, em outubro. A redução de 37% é resultado da diminuição sustentada que vem ocorrendo desde o início de setembro na taxa de ocupação. As vagas foram remobilizadas e estão sendo utilizadas em procedimentos eletivos.Entre os leitos de enfermaria, a redução, comparando abril e outubro, foi de 46%. Levando em conta os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a diminuição foi de 26%. Se comparados os meses de outubro e julho, período no qual o maior número de UTIs foi ofertado no estado neste ano, a redução foi de 30%.Goiás manteve uma oferta de cerca de 1,3 mil vagas para o tratamento da Covid-19 de abril a julho. Nesse mesmo período, a taxa de ocupação dos leitos de UTI permaneceu, na maior parte do tempo, acima dos 80%, refletindo o platô alto que o estado enfrentou no que diz respeito às internações.Em setembro, o total de leitos ofertado caiu para 1,1 mil e, em outubro, atingiu a casa dos 814, quantidade semelhante a do número de vagas ofertadas em agosto (792) e setembro (755) de 2020, quando ocorreu o pico da primeira onda da doença no estado.A diminuição na oferta de leitos, de acordo com o governo estadual, é reflexo da redução da taxa de ocupação. O número vem caindo de maneira intensa desde o fim de agosto e se acentuou em setembro e outubro. No dia 31 de agosto 61,03% dos leitos de UTIs estavam ocupados. No dia 30 de setembro a utilização era de 43,67%. Nesta segunda-feira (18), a taxa de ocupação das UTIs estaduais era de 41,97%.RemobilizaçãoNa manhã desta segunda, durante uma entrega de 650 equipamentos ao Hospital Alberto Rassi (HGG), o titular da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Ismael Alexandrino, explicou que esta desmobilização de leitos é normal, uma vez que a demanda da Covid-19 diminuiu e existe uma fila de cerca de 50 mil pessoas aguardando por uma cirurgia eletiva. A demanda ficou represada por conta dos atendimentos aos pacientes com Covid-19.Em entrevista à rádio CBN Goiânia, ele explicou que o HGG já teve os leitos destinados para o tratamento da Covid-19 desmobilizados. “Vamos focar nessas cirurgias (eletivas), pois também tem a parte ambulatorial, de diagnóstico, além do pós-cirúrgico”, esclareceu o secretário estadual.Atualmente, Goiás possui 16 hospitais estaduais com leitos de enfermaria e 23 com leitos de UTI destinados para o tratamento da Covid-19. Além do HGG, outros hospitais que não tinham como função principal o atendimento de pacientes com Covid-19 já deixaram de atender pacientes com esse perfil. O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) já desabilitaram todos leitos de UTI e de enfermaria destinados ao tratamento da doença.Mudança gradualAlexandrino explicou que a mudança no perfil de atendimentos será feita aos poucos, equilibrando a demanda por procedimentos eletivos com a evolução do cenário epidemiológico no estado.“Precisamos avançar nos hospitais que foram regionalizados e naqueles que estavam fechados e que nós abrimos tal qual o Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu. Até o momento, ele ajudou na Covid, mas estamos programando nos próximos dias fazer a conversão para aquilo que ele nasceu para ser, que é um hospital geral”, explica Alexandrino. Atualmente, a unidade oferta 20 leitos de UTI e outros 20 leitos de enfermaria para o tratamento da Covid-19. Além de Uruaçu, unidades em Jataí, Luziânia e Formosa passarão pelo mesmo processo.Em entrevista ao POPULAR no último dia 7 de outubro, Alexandrino destacou que toda a desmobilização de leitos destinados para o tratamento da Covid-19 é feita com segurança e que os técnicos da SES-GO acompanham a evolução da curva da Covid-19 periodicamente para, caso seja necessário, os leitos possam voltar a atender pacientes infectados com a doença. “Estamos vigilantes e sempre acompanhando o crescimento ou recuo da doença.”Alexandrino destacou ainda que as últimas unidades a serem desmobilizadas serão aquelas que foram criadas para atender exclusivamente pacientes com a Covid-19 como, por exemplo, o Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia. “Em Goiânia, por exemplo, a SES-GO pretende comprar a estrutura do hospital, que pertence ao Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) e transformá-lo em um hospital materno-infantil. Em Goiás, nenhum hospital será fechado”, esclareceu o secretário. Sete hospitais já desabilitaram UTIs para tratamento da Covid-19Sete hospitais estaduais já desabilitaram as vagas que possuíam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) destinadas para o tratamento de pacientes com a Covid-19.Ao todo, foram 67 leitos de agosto para setembro nos seguintes hospitais: 10 no Hospital Municipal Modesto de Carvalho (HMM), em Itumbiara; 10 no Hospital Estadual de Santa Helena (Herso); 9 no Hospital Vital, em São Luís de Montes Belos; 10 no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo); 10 no Hospital Alberto Rassi (HGG) e 10 no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer). As últimas três unidades ficam em Goiânia.Mesmo com a administração feita por Organizações Sociais (OSs), quem toma a decisão é o governo estadual.Além dos hospitais que deixaram de atender pacientes com Covid-19 que precisam de UTIs, outras seis unidades tiveram a redução na oferta dos leitos intensivos. São elas: Hospital Estadual de Urgências de Anápolis (Heana); Hospital Estadual de Jataí (HEJ); Hospital São Marcos, em Itumbiara; Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu; Hospital Caridade São Pedro Alcântara, em Goiás e o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia.Na contramão, foram abertos seis leitos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Goianésia e 10 na de Iporá.-Imagem (1.2338932)