Os hospitais da rede estadual de Goiás registraram aumento de 88% das ocupações de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) destinados ao tratamento da Covid-19 nas duas últimas semanas. Os dados disponíveis na plataforma virtual da Secretaria de Estado da Saúde (SES) mostram que eram 51 os pacientes internados em UTIs de hospitais estaduais entre os dias 23 e 24 de dezembro. Todas as datas seguintes tiveram atualizações com aumentos progressivos, chegando a 96 nesta segunda-feira (10).Para a secretaria, o aumento das internações pela doença está evidente, mas a mesma classifica o cenário da ocupação das unidades hospitalares como “dinâmico”. Apesar do acréscimo, a avaliação da SES é de que não há necessidade de reativação imediata de vagas. O cenário de alta não está sendo acompanhado pelas redes municipais de Goiânia e Aparecida, que registram estabilidade dos números no mesmo período.A crescente do aumento de ocupações na rede estadual está sendo ainda mais notada em razão da desativação de leitos exclusivos para a doença. Nos últimos 30 dias a SES desmobilizou cerca de 58% das vagas de UTI destinadas para a Covid-19. Em 11 de dezembro eram 329 leitos distribuídos entre os municípios. Após consecutivas desativações, o mapa atual é de 137 vagas. Assim, os boletins que mostravam taxas de ocupações próximas de 20% no meio de dezembro hoje revelam esgotamento de quase 65% das vagas.Em nota, a SES diz que toda tomada de decisão para rearranjo da rede é sempre baseada em evidências. “Conforme necessidade e demanda, há possibilidade de que a rede seja ampliada, visto que o Estado investiu em hospitais de campanha de alvenaria, que são estruturas fixas”, diz a pasta sobre a possibilidade de reativação. Em entrevista ao POPULAR, o titular da SES, Ismael Alexandrino, afirma que não há necessidade imediata de reativação.GoiâniaDiferente do Estado, os hospitais da rede municipal de Goiânia estão com estabilidade nos números de internações em UTIs para a Covid-19 nos últimos 30 dias. Apesar do aumento exponencial de testes positivos nas últimas semanas, os casos não têm refletido em maior ocupação de leitos. No dia 10 de dezembro, 67 dos 129 leitos disponíveis estavam ocupados. Nesta segunda a ocupação atingia 63 dos 90 leitos disponíveis.A avaliação da SMS é de que, até o momento, há estabilidade. O titular da pasta, Durval Pedroso, diz que o que está sendo observado na capital goiana é o mesmo já vivido por outros locais do mundo. O gestor destaca que a variante ômicron se mostra mais transmissível e menos agressiva ao organismo, resultando em menos internações. Para Pedroso, a menor virulência é ainda reflexo da ampliação da vacinação.“O raciocínio é que, a partir do momento que eu tenho mais casos positivos, mas não tenho sobrecarga do sistema de saúde do ponto de vista de internações e óbitos, eu entendo que a transmissão daquela doença está agravada, mas sem impactos de danos”, diz Durval.“Os casos estão aumentando há um certo período e não estamos observando incremento de internações de pacientes graves. Agora é importante entender que vários leitos foram desmobilizados”, diz o secretário ao explicar o aumento na porcentagem de ocupações da capital.O número de vagas de UTIs de Goiânia deve reduzir ainda mais a partir do dia 31 deste mês. Conforme afirma Pedroso, resolução da Comissão Intergestores Bipartite (Cib) e do Ministério da Saúde, os municípios devem desabilitar os leitos na data. O gestor não informou quantos serão eles.Sobre a possibilidade de reativação, o secretário afirma que a mobilização de leitos carrega desafios. “Depende de recursos humanos, que é o fator mais complicado. Hoje, os equipamentos existem, eles foram adquiridos, o que é importante acompanhar é que essas doenças podem impactar na questão de recursos humanos”, destaca Pedroso.Mesmo assim, o secretário diz que, caso a demanda exista, Goiânia contaria com “reserva técnica” que possibilitaria a reativação. “Em janeiro de 2021 nós tínhamos 150 leitos habilitados e fomos aumentando de acordo com o que as avaliações diárias iam mostrando. Temos de acompanhar, porque também não é possível criar o leito e não ter a demanda”, acrescenta o gestor.AparecidaA Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia afirma que registrou aumento de 30% das solicitações de internação para síndromes respiratórias agudas nos últimos 15 dias. Apesar disso, a pasta explica que 80% dos pacientes internados com o quadro estão testando negativo para a Covid-19. Nos boletins diários de leitos a cidade está com um salto de 21 pontos porcentuais da taxa de ocupação de UTIs.Assim como na capital, o salto se deve à desativação de leitos. No dia 11 de dezembro eram 80 UTIs disponíveis e 35 internados. A última semana do mesmo mês registrou queda, chegando a contabiliza apenas 24 pacientes. O número voltou a crescer, alcançando 32 na última quinta-feira (6) e desde então segue estável. Já a disponibilidade de leitos foi reduzida para 62 também na quinta-feira. Assim, nos boletins da Prefeitura, o porcentual de ocupações teve um salto de 30% para 51%.A SMS de Aparecida diz que não houve desativação, mas “remanejamento nos perfis dos para o atendimento de outras demandas como outras doenças respiratórias, dengue e até para a realização de cirurgias eletivas”. Segundo a pasta, há monitoramento diuturno para avaliar a necessidade de ampliação de leitos. “No momento não há carência de leitos para internação para Covid-19, sendo que este processo de remanejamento de leitos é dinâmico, podendo ocorrer a qualquer momento, a depender da demanda das unidades de urgência e emergência”, acrescenta a SMS em nota.-Imagem (1.2384609)