Oito instituições de ensino superior de Goiás já deixaram de funcionar por conta de problemas financeiros causados pela pandemia do coronavírus (Sars-CoV-2). A informação é do presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg), Jorge Bernardo, que não quis citar os nomes. Ele afirma, porém, que a inadimplência subiu 72% e a evasão, 37%, no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2019.“Tivemos um primeiro semestre difícil e agora estamos trabalhando para equilibrar as contas e começar 2021 de uma forma mais positiva. Se as coisas não melhorarem, estimamos que teremos uma perda de 20% das instituições de ensino em Goiás”, diz. De acordo com o Semesg, Goiás até o último levantamento feito ano passado, Goiás possuía 102 instituições credenciadas, totalizando 193 mil alunos matriculados.O pró-reitor financeiro do Centro Universitário Alfredo Nasser (Unifan), Leandro Faria, explica que a instituição enfrentou momentos em que a inadimplência quase atingiu 50% e que a instituição teve que traçar estratégias para não perder alunos. “Fizemos negociações, tiramos juros e multas e também não iremos fazer o reajuste da mensalidade para 2021”, diz Jorge Bernardo. De acordo com ele, neste segundo semestre a situação tem melhorado. Funcionários que foram desligado no início da pandemia, por exemplo, já estão sendo readmitidos. “Todas essas medidas foram pensadas em tentar manter os nossos alunos estudando dentro das condições possíveis”, diz o pró-reitor de desenvolvimento da Unifan, Divino Gustavo.O reitor do Centro Universitário UniAraguaia, Arnaldo Cardoso Freire, conta que a instituição também teve que traçar estratégias para não perder nenhum aluno. “Mudamos datas de vencimento, fornecemos descontos e criamos linhas de crédito”, afirma. De acordo com ele, o intuito foi auxiliar principalmente estudantes que começaram a enfrentar dificuldades financeiras por conta da pandemia. Uma das pessoas que trancaram o curso nos últimos meses por conta de problemas financeiros foi a estudante Ana Luiza Tavares, de 23 anos, que faz o terceiro período de Nutrição. “Minha mãe é fonoaudióloga e com a diminuição dos atendimentos estava pesado pagar toda a mensalidade, já que não consegui descontos”, diz. Ana Luiza tem a intenção de retornar as atividades no próximo semestre caso elas sigam remotas. “Tenho doenças autoimune e voltar às presenciais agora é perigoso para mim”, esclarece.Já o estudante Heitor Lopes Marciano, de 19 anos, que cursa o primeiro período de Administração, decidiu trancar o curso porque não considerou que estava tendo um bom aproveitamento. “Não é nem uma questão financeira, nem uma questão da estrutura da faculdade. É que realmente não estava aprendendo como deveria. Então, preferi interromper agora e voltar ano que vem, presencialmente”, relata. O pró-reitor de desenvolvimento da Unifan diz que muitos alunos tiveram dificuldades com o método de ensino remoto e por isso trancaram matrículas. “Estamos ansiosos para retornar ano que vem presencialmente, respeitando, é claro, as determinações do Ministério da Educação e também das autoridades sanitárias”, afirma Gustavo. Instituições privadas rejeitam portaria do MECO Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg) não é a favor da portaria publicada pelo Ministério da Educação na quarta-feira (2) que determina o retorno das atividades presenciais nas instituições federais de ensino, a partir de 4 de janeiro de 2021. “A maioria das nossas instituições está pronta para a retomada, mas o que precisamos perguntar neste momento é se agora é a hora certa”, questiona o presidente do Semesg, Jorge Bernardo. A portaria não foi bem recebida pela maioria das universidades, que se posicionaram contra o retorno. Apesar de o MEC já ter sinalizado que irá revogar a portaria, o ato em si ainda não ocorreu.“As instituições têm que ter poder para decidir se irão voltar presencialmente, de foram remota ou no sistema híbrido”, explica o reitor do Centro Universitário UniAraguaia, Arnaldo Cardoso Freire, que irá participar hoje (4) de uma reunião da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) para debater a suspensão da portaria federal.A publicação da portaria ocorreu um dia depois de a Universidade Federal de Goiás (UFG) informar que manterá as aulas remotas no primeiro semestres de 2021. Ao POPULAR, o reitor da instituição, Edward Madureira, informou que ai sugerir que a UFG siga a recomendação do MEC.