Atualizada às 14h30.A Operação Metástase da Polícia Civil, que apura uma fraude de mais de R$ 50 milhões em pagamentos indevidos ao Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh), investiga também a morte de um paciente. Alexandre Francisco de Abreu morreu, de acordo com denúncia, após ter a medicação modificada para uma de custo mais baixo.Em nota, o Ingoh afirmou que o paciente tinha um câncer maligno no pulmão, foi atendido em uma única ocasião, em dezembro de 2017 e que a acusação de óbito é "leviana e extremamente inoportuna. De acordo com o Instituto, após dois protocolos de tratamento contra sua enfermidade, feitos em uma clínica concorrente (Oncovida, que também participava do Programa Especial de Quimioterapia do IPASGO), o paciente, portador de um câncer avançado, sem resposta a dois tratamentos anteriores, manifestava a intenção de mudança de local e de forma de seu último tratamento, que lhe causava reações colaterais graves, até mesmo piores que os de sua doença."Então, foi-lhe proposto e prescrito, após consentimento, uma medicação patenteada, produzida por um laboratório de referência multinacional (Roche), para tratamento de cunho paliativo. Todos os documentos comprobatórios serão apresentados no decorrer das investigações", completa o documento. A investigaçãoA investigação do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor) cumprem 19 mandados de busca e apreensão no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), na sede do Ingoh e em diferentes endereços de Goiânia.A apuração teve início após auditoria interna do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) apontar as irregularidades. De acordo com a polícia, o grupo responsável pela fraude é composto por sócios e funcionários do Ingoh e antigos servidores da cúpula do Ipasgo.Essa é a segunda ação envolvendo os dois institutos. Em julho deste ano, a Polícia Civil deflagrou a Operação Morfina, que apontou esquema um esquema de fraude no Ipasgo. Na época, o POPULAR publicou com exclusividade que salas do Ingoh haviam sido pagas sem necessidade.A PC informou ainda que há indícios que a fraude foi praticada através da criação e utilização de auditor robô, responsável pela auditoria automática das contas do Ingoh, fato que culminava na ausência de glosas, que são faturamentos não recebidos ou recusados nas organizações de saúde, por problemas de comunicação entre clínicas e convênios.A investigação apurou ainda que há indícios de que auditorias de contas do Ingoh foram efetivadas por auditores do Ipasgo, que mantinham vínculo com Ingoh demonstrando conflito de interesses.Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido na sala do ex-diretor técnico do Hugo, Romeu Sussumu Kuabara. A ação conta com a participação de 160 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães, e peritos criminais da Polícia Técnico-Científica. A operação é coordenada pelo delegado Luiz Gonzaga.Em nota, o Ipasgo informa que apoia o andamento da Operação Metástase e que os primeiros indícios de fraudes e desvios apareceram em auditoria promovida pela atual gestão do Ipasgo, cujos dados foram reportados à Controladoria Geral do Estado.O Ipasgo informa ainda que espera que todos os fatos relativos a tais denúncias sejam adequadamente apurados. A nova gestão do instituto esclarece que, desde o início do ano, atuou para fortalecer as medidas de transparência e o combate à corrupção.Integrante da banca de advogados do INGOH, Vítor Alarcão afirmou ao POPULAR que a operação policial não pegou de surpresa os proprietários da empresa. Segundo ele, desde agosto eles tiveram conhecimento de "denúncias infundadas e caluniosas, feitas de maneira apócrifa junto à Controladoria Geral do Estado por concorrentes".O advogado enfatizou que, exatamente por isso os proprietários se anteciparam e diligenciaram junto à Polícia Civil e ao Ministério Público para tentar evitar as buscas e apreensões. "A empresa está tranquila".Lava JatoNa edição deste domingo (8), O Popular trouxe uma reportagem onde mostra que o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor) da Polícia Civil, inspirado na Lava Jato, foi criado para investigar casos “de maior complexidade, repercussão social, prejuízo ao erário ou enriquecimento ilícito” no Estado.Esta é a segunda operação do grupo, composto por agentes e delegados da polícia de Goiás, que há cerca de sete meses têm feito cursos sobre delação premiada, lavagem de dinheiro, análise financeira e contábil, licitações e crime organizado, com especialistas de Brasília, do Rio de Janeiro e de Curitiba.-Imagem (1.1952159)