O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (2), a Operação Pedra de Roseta que investiga o desvio de aproximadamente R$ 15 milhões na Prefeitura de Formosa, município do entorno do Distrito Federal. Os crimes que estão relacionados à construção de prédios públicos teriam acontecido entre os anos de 2017 e 2018.São investigados dois ex-secretários da Secretaria de Obras e Finanças da cidade, dois servidores da pasta, uma ex-pregoeira e dois empresários. No total, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos, mas os pedidos de prisão foram negados pela Justiça. Grupo já teve bens bloqueados por licitações de pavimentação asfáltica. As investigações do MP apontaram que havia uma cobrança de propina de 20% a 25% do valor das obras que eram realizadas na cidade. Os suspeitos teriam fraudado um pregão para contratação de obras, com o direcionamento a determinados empresários e empresas. Além disso, haveria um esquema de lavagem de dinheiro por meio de compra, reforma e venda de imóveis, gado e registros de propriedades em nome de laranjas. Cada um deles teria uma função dentro da organização e as investigações continuam com objetivo de identificar outros envolvidos. Promotor responsável, Douglas Chegury explica que ainda não é possível afirmar se há líderes acima dos secretários quer também seria beneficiados com o esquema. O MP ainda não conseguiu recuperar o dinheiro desviado. Se condenados, eles devem responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, fraude à licitação, falsidade ideológica e corrupção. A pena pode ultrapassar 20 anos de prisão.Quem são os investigados?São investigados o então secretário de Obras: Jorge Saad; o secretário de Finanças na época, Luís Gustavo Nunes Araújo; servidores da Secretaria de Obras Tarlley Iamaro de Araújo e Diego Pereira de Sousa; ex-pregoeira chefe Aline Aparecida da Silva, e os empresários Vanessa Maris Araújo Fernandes e André Luís Gontijo de Sousa, proprietários da empresa Multi-X.“O proprietário de duas outras empresas envolvidas no esquema fez um acordo de delação premiada e apresentou documentos comprovando as afirmações. Em detalhes, explicou como funcionava o esquema e disse que havia um acordo entre as empresas para cobertura mútua nas licitações. O secretário já definia quem ia vencer e as demais davam cobertura com uma proposta financeira um pouco maior”, explica Chegury.Fraudes também ocorreram em licitações de pavimentaçãoEm 2019, outra operação do Ministério Público, denominada Gaugamela apurou desvios em obras de pavimentação asfáltica. Entre os investigados, o então secretário de Obras Jorge Saad e o secretário de Finanças na época, Luís Gustavo Nunes Araújo, bem como o empresário André Luiz Gontijo de Souza, da Multi-X.Em julho de 2022, a Justiça bloqueou os bens de sete pessoas e suspendeu a empresa de firmar contratos com o poder público em Formosa. Elas foram denunciadas por fraude à licitação, falsificação de documentos, corrupção ativa e passiva e peculato. Segundo o MPGO, os delitos envolveram licitações de recuperação de vias públicas no valor de R$ 13.226.000,00.A denúncia apontou que as fraudes se deram pelo envolvimento de Luís Gustavo, Tarlley Iamaro e Luann Costa, que eram fiscais na época. Os três teriam recebido propina para facilitar os desvios de verba pública. O então secretário de Obras, Jorge Saad, teria exigido de uma engenheira e fiscal de contratos que atestasse falsamente as medições de cumprimento do contrato. Em seguida, o ex-controlador interno do município de Formosa, Humberto Marques, “se omitiu de seu dever de fiscalizar" a regularidade de todos os procedimentos licitatórios.Valores bloqueadosOs sócios da empresa Mult-X Service, André Luiz Gontijo de Souza e Vanessa Maris Araújo Fernandes tiveram bloqueados R$ 13.226.000,00 de seus bens, assim como Humberto Marques. Já Tharlley Iamaro de Araújo possui um bloqueio de R$ 2.745.108,94; Luís Gustavo Nunes de Araújo com R$ 1.481.044,82; Jorge Saad Neto, R$ 2.958.973,10 e Luann Costa Angelino de R$ 3.074.109,88. A empresa está proibida de contratar com o poder público em todas as esferas – municipal, estadual e federal. Desta vez, um novo bloqueio de bens deve ser solicitado ainda na próxima semana, quando O MPGO oferecer denúncia contra os investigados pela Operação Pedra de Roseta.Desvio de R$ 500 mil do Parque Salto do ItiquiraNo último dia 17 de agosto, O MP deflagrou a Operação Boitatá, que apura desvio de R$ 500 mil do Parque Municipal Salto do Itiquira, em Formosa. A ação incluiu dois mandados de busca e apreensão contra o ex-assessor da Secretaria de Finanças do Município, Eliardo José Faria, e o ex-secretário da pasta, Luís Gustavo Nunes Araújo. Os desvios teriam ocorrido entre os anos de 2017 e 2018.A investigação aponta que Eliardo e Luís Gustavo teriam se apropriado, de forma ilegal do dinheiro que era pago pelos visitantes do Parque do Itiquira. Depois do pagamento, o dinheiro, que deveria ser depositado em uma conta bancária do município, própria para este fim, era desviado pelos investigados. A apuração continua com o objetivo de identificar outros envolvidos no crime e o destinatário final do dinheiro.Defesa dos investigados O POPULAR entrou em contato com Marcos Andrade, advogado de defesa de Tharlley Iamaro de Araújo. Ele afirmou que ainda não tiveram acesso à íntegra do processo, que se encontrar em segredo de justiça e que, portanto, não conseguiria se pronunciar.Nilson Ribeiro, advogado de Vanessa Maris Araújo Fernandes e André Luís Gontijo de Sousa, proprietários da empresa Multi-X, disse que deve se pronunciar ainda na tarde desta sexta-feira (2), após ter acesso aos autos de busca e apreensão. Secretário de Finanças na época, Luís Gustavo Nunes Araújo foi procurado por meio do celular pessoal, mas não respondeu até a publicação da matéria. A reportagem não teve acesso ao contato pessoal ou de advogados de defesa dos outros três invetigados, mas o espaço permanece aberto para resposta. 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