Mais de 150 trabalhadores foram resgatados em condições de trabalho análogo à escravidão nas cidades de Acreúna e Quirinópolis. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), das 152 pessoas resgatadas em Acreúna, 139 trabalhavam em uma usina de cana-de-açúcar e outras 13, em uma fábrica de ração. Já em Quirinópolis, a operação resgatou um idoso de 67 anos que trabalhava como caseiro.A ação foi realizada por auditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio da Superintendência Regional do Trabalho em Goiás (SRTb/GO), do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF) entre os dias 7 e 9 de fevereiro.Segundo o MTE, a maioria dos 139 trabalhadores rurais resgatados foram contratados de forma irregular nos estados do Piauí, Bahia, Maranhão e Pernambuco sob a promessa de que trabalhariam no plantio de cana-de-açúcar e que, para isso, seriam pagos por produção com salários que poderiam chegar a até R$ 5 mil mensais. Mas, segundo relatou o auditor-fiscal do Trabalho Roberto Mendes, ao chegarem em Acreúna, as pessoas eram colocadas para trabalhar e eram obrigadas a pagar pela alimentação, quando a recebiam, e ainda tinham os valores das passagens de ônibus, além de outros valores indevidos, descontados do salário. Tudo isso, segundo o MTE, sem que os direitos trabalhistas fossem pagos. O Ministério do Trabalho e Emprego apurou ainda que, os trabalhadores resgatados estavam alojados em 11 abrigos, sendo que a maioria deles estava em condições precárias e que também não tinham equipamentos de proteção e nem ferramentas de trabalho adequadas.“Nas frentes de trabalho não haviam instalações sanitárias e nem locais para a guarda das refeições, as quais eram levadas, em alguns casos, em embalagens plásticas de sorvete, ficando bastante frias e até mesmo vindo a azedar”, detalhou Roberto Mendes. Fábrica de ração animal Na fábrica de ração animal, também em Acreúna, o MTE detalhou que os 13 trabalhadores, dos quais 3 são mulheres, trabalhavam sem as mínimas condições para tal, sob riscos de acidentes e do contágio de doenças constantemente. Nenhum tinha registro formal de trabalho e, segundo o MPT, 5 deles dormiam em um local bastante sujo, no chão e em meio a muito lixo. Segundo informou o MTE, tanto os alojamentos quanto a fábrica foram interditados pelos auditores-fiscais.Quirinópolis Em Quirinópolis, a operação resgatou um caseiro de uma pequena propriedade rural, que morava em condições precárias e também análogas à escravidão. De acordo com Roberto Mendes, auditor-fiscal do Trabalho, o idoso de 67 anos era responsável por cuidar do quintal e dos animais da propriedade rural e não tinha a Carteira de Trabalho assinada pelo empregador.O auditor fiscal do Trabalho detalhou que o trabalhador morava em um único cômodo, sem banheiro e coberto com telhas quebradas, com a esposa a cerca de um ano, e que já havia trabalhado e morado naquele mesmo local anteriormente. “O idoso foi encontrado em situação de vulnerabilidade extrema. Ele morava com a companheira em um local feito para armazenar materiais, sem sequer banheiro ou água encanada”, afirmou o procurador do Trabalho Tiago Cabral. IndenizaçãoAlém das indenizações, que juntas chegam ao valor de R$ 1,2 milhão, o MTE informou que para todos os 153 trabalhadores resgatados houve a emissão do requerimento do benefício do “seguro-desemprego de trabalhador resgatado”, correspondente a 03 parcelas de 01 salário mínimo cada, conforme determina a lei. De acordo com o órgão, os responsáveis poderão responder criminalmente pelo ilícito de “Redução à condição análoga à de escravo”, previsto no art. 149 do Código Penal Brasileiro, cuja pena pode chegar a até 08 anos de prisão.O Ministério do Trabalho e Emprego não divulgou os nomes das empresas e dos empresários responsáveis pela atuação análoga à escravidão dos trabalhadores. Por esse motivo, o POPULAR não conseguiu localizar as respectivas defesas para que se posicionassem até a última atualização desta matéria. Leia também:- Goiás é vice-líder em trabalho escravo: em 2022 foram 271 casos- MPT flagra 11 trabalhadores em condições precárias nas obras do Aeroporto de Cargas de Anápolis-Imagem (1.2615942)