Goiás aguarda a chegada de mais vacinas da Janssen contra a Covid-19 para aplicação da segunda dose nas cerca de 150 mil pessoas que tomaram o imunizante no estado - 27 mil delas, em Goiânia. Quando foi aprovado, o fármaco era de dose única. Contudo, na semana passada o Ministério da Saúde alterou a indicação, para duas doses - e ainda adiantou que será preciso aplicar um reforço após cinco meses.A psicóloga Laurísia Lauanda de Pina, de 25 anos, aguarda uma definição. “A gente não parou de trabalhar. Enquanto foi possível, fizemos encontros, reuniões e atendimentos virtuais, à distância. Mas ter a segunda dose nos dá mais tranquilidade.”Ela diz que mal pode esperar para voltar à “vida normal”. Mas acredita que, para isso, todos precisam se comprometer e comparecer aos postos para receber a segunda, terceira e “quantas doses forem necessárias”. Laurísia conta que todos da sua casa já foram vacinados. Alguns, inclusive, já com a dose de reforço, no caso de imunizantes de outras marcas. “Para retomarmos ao que a gente chama de normal, sair sem máscara, encontrar as pessoas, todo mundo precisa colaborar”, acredita.A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, reforça que é importante que todos procurem os postos quando as doses chegarem. “A vacina tem eficácia comprovada, mas a dose extra reforça a imunidade contra a doença.”Flúvia diz que a SES-GO aguarda a confirmação de nota técnica sobre como a vacina será administrada e o envio pelo Ministério da Saúde. Enquanto não há confirmação, goianos que receberam a dose estão na expectativa.O engenheiro Carlos Henrique Mota de Souza, de 34 anos, tomou a dose da Janssen em Minas Gerais, onde morava até setembro deste ano. Ele diz que se preocupou quando soube que a vacina teria reforço. “Tenho colegas que tomaram a mesma vacina e não querem retornar ao posto porque dizem que em outros países não há aplicação de reforço, que nos EUA é dose única e tem imunidade garantida. Mas eu tomo até três se for necessário”, diz. Ele conta que procurou um posto e foi informado que poderá tomar a D2 em Goiás, mas garante que, se fosse necessário, viajaria para garantir a segunda dose.A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, reforça a importância do comparecimento aos postos. “Infelizmente, a adesão (ao reforço) está muito baixa. Cerca de cem mil idosos que já deveriam ter tomado a terceira dose, ainda não foram se vacinar. E são justamente as pessoas com quem mais nos preocupamos, por serem mais vulneráveis ao vírus.” Flúvia diz que a SES_GO discute com os municípios maneiras de ampliar a adesão à vacina, condição fundamental para “sairmos da pandemia”.Flúvia explica que a vacina da Janssen garante cerca de 80% de eficácia, mas, com o reforço, passa de 90%. “Isso tem que ficar claro, o reforço é para que a pessoa tenha uma resposta melhor.” Para a superintendente, depois que as vacinas chegarem, possivelmente em única ou poucas remessas, as doses serão distribuídas e aplicadas com agilidade. “Com a logística pronta, com as doses nos postos, as pessoas precisam fazer a sua parte e ir até lá para a vacina. Os números estão caindo, mas o vírus ainda circula, ainda temos casos.” Ela acrescenta que, até que todos tenham sido vacinados, não é possível falar em relaxar as regras como uso de máscaras e distanciamento, por exemplo.PedidoO pedido da farmacêutica Janssen para inclusão da segunda dose foi encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última sexta-feira (19) e o prazo para a análise é de 30 dias.A vacina, que é de dose única conforme a bula atual, deverá ter a segunda dose como forma de manter ou elevar a imunização da D1. A Anvisa informou que o pedido é para reforço homólogo e heterólogo. A Anvisa informou que os dados são de responsabilidade da empresa e devem demonstrar o benefício da segunda dose em relação a segurança e eficácia.O primeiro caso, homólogo, se refere a aplicação de reforço com a vacina do mesmo fabricante. No caso heterólogo, seria a aplicação de vacina de outros laboratórios, mas nesta hipótese, destinado apenas às pessoas que concluíram a vacinação primária com uma vacina de tecnologia mRNA. Atualmente a única vacina de mRNA aprovada no Brasil é a da Pfizer. A Anvisa analisará os dados e estudos desenvolvidos pela própria empresa. As possíveis condições de uso, indicações e intervalos serão definidos pela Agência a partir das informações e evidências científicas disponíveis. Anvisa aprova reforço da PfizerA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um pedido da Pfizer para que a terceira dose da vacina contra a Covid-19 possa constar na bula do produto.Até então, constavam na bula duas doses. Dessa forma, fica aprovada uma dose de reforço (terceira dose) administrada pelo menos seis meses após a imunização primária completa em indivíduos com 18 anos de idade ou mais.A aprovação é para a vacinação homóloga, ou seja, aplicação de dose de reforço em pessoas que já receberam as duas doses iniciais da Comirnaty, nome comercial do imunizante americano.Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos da Anvisa, informou que seria uma aprovação condicional, tendo em vista que o laboratório ainda precisa encaminhar mais dados sobre eficácia, imunogenicidade e segurança da dose de reforço. Além de encaminhar o plano de gerenciamento de risco com inclusão da dose de reforço.O estudo clínico apresentado para subsidiar as alegações de eficácia e segurança da aplicação de dose de reforço contaram com a participação de voluntários brasileiros. O protocolo clínico foi aprovado pela Anvisa em 18 de junho de 2021.No último dia 16, sem consultar a agência, o Ministério da Saúde anunciou a liberação da nova aplicação a todos adultos. A Saúde orienta usar “preferencialmente” imunizantes da plataforma de RNA mensageiro, como o da Pfizer.A equipe do ministro Marcelo Queiroga ainda sugere que a vacina de vetor viral, como a da Janssen ou a da AstraZeneca, pode ser aplicada de forma “alternativa” no reforço.A aprovação e orientação da Anvisa, porém, não terá poder de derrubar as decisões do Ministério da Saúde.