Enquanto há rotas cicloviárias em Goiânia com a pintura desgastada, a Prefeitura possui verba liberada junto à Caixa Econômica Federal há seis meses para implantação, revitalização e reconstrução de ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas na capital. São R$ 238.856 de repasse federal, em que o Paço deve viabilizar ainda uma contrapartida de apenas R$ 2.394 para projetos na área. O contrato foi publicado no final de dezembro, ainda na gestão Iris Rezende (MDB), e os recursos já estão empenhados, mas não foram utilizados pela administração de Rogério Cruz (Republicanos).Na justificativa do acordo entre União, a partir do Ministério do Desenvolvimento Regional, e Prefeitura é colocado como problema a ser resolvido a “ausência, e/ou degradação de rotas ciclísticas, ciclovias e ciclofaixas exclusivas para bicicletas no município de Goiânia”. O resultado esperado é a “entrega de rotas cicláveis para uso da população em geral e melhoria da mobilidade urbana e qualidade de vida dos cidadãos goianienses”. Mas não há qualquer projeto específico ligado à verba, ou seja, não existe destinação específica dentre as vias da cidade ou o que será feito com os recursos.No entanto, trechos como as ciclofaixas ao redor dos parques Areião e Vaca Brava estão apagadas em diversos locais. Na Avenida T-5, que margeia o parque Vaca Brava, no Setor Bueno, em razão do projeto de reconstrução asfáltica da capital, já não é possível ver qualquer trecho da ciclofaixa, assim como na T-3. O mesmo ocorre em toda a Rua 90, já que a ciclorrota do local foi destruída durante as obras para o corredor BRT Norte-Sul e até agora não foi refeita. Em razão da mesma obra, trechos cicloviários do Setor Central também foram apagados.Durante a gestão Iris Rezende, entre 2017 e 2019, não houve qualquer revitalização nos trechos cicloviários e diversos grupos de ativistas pela mobilidade na capital criticaram a política da antiga administração quanto aos ciclistas. Em 2020, a então Secretaria Municipal de Trânsito (SMT) iniciou trabalho de revitalização da pintura das vias para as bicicletas e realizou serviços na Avenida T-63 e Universitária. Por outro lado, não foi feita qualquer política de expansão da rede e apenas 2,34 quilômetros (km) dos 94,07 (km) atuais foram feitos nos últimos quatro anos, sendo foco as vias do Corredor T-7 e a ampliação da ciclovia na Alameda Couto Magalhães, não finalizada.A gestão Rogério Cruz não fez, até agora, qualquer revitalização ou complementação nos trechos cicloviários da capital. O superintendente de Transportes Urbanos da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), Marcos Villas Boas, explica que a verba em questão não seria suficiente para a revitalização de todos os 94 km de vias para as bicicletas em Goiânia. “Essa verba é de uma emenda parlamentar do deputado federal João Campos (Republicanos) e é colocada de forma bem abrangente em relação aos trechos cicloviários, podendo ser usada em diversos projetos”, diz. A opção da gestão, conta Villas Boas, foi a criação de uma nova ciclorrota.Novo trecho“Vai ser o primeiro novo trecho para ciclistas desde 2016, a partir de um projeto que já existe dos cicloativistas desde 2015, que é a ligação da Praça Universitária com o Paço Municipal”, afirma. O projeto, já finalizado, deverá ser implantado em agosto. Segundo Villas Boas, o caminho já foi até mesmo apresentado ao prefeito, que chegou a opinar por melhores soluções ao trecho, pois seria ele um dos que já pedalaram no local. “É a primeira rota de bicicletas que vai transpor a BR-153, que vai conseguir ligar esses dois lados da cidade.” Para o superintendente, em razão disso, foi necessário aperfeiçoamento do projeto (ver quadro).Quanto à revitalização dos trechos existentes, Villas Boas explica que a sinalização das vias na capital que tem ocorrido em paralelo ao projeto de reconstrução asfáltica deveria realizar a repintura e reforço na sinalização dos trechos cicloviários. “Mas essa é uma questão mais complexa, porque a reconstrução começou 8 meses antes da sinalização e então existe um atraso entre os dois projetos, com ruas ainda por sinalizar, o que deve ser alcançado até o final de setembro.” Porém, o problema é pior em relação às vias cicláveis, já que os três contratos para a sinalização possuem apenas aquisição de tintas nas cores brancas e amarelas.Um novo contrato deve ser firmado até agosto, em que consta a compra da tinta vermelha utilizada para a marcação dos trechos cicloviários e será iniciado o trabalho de revitalização, além do novo projeto de ligação da Praça Universitária com o Paço Municipal. A SMM também estuda um novo trecho para as bicicletas, que deve ligar a Praça Universitária ao Campus Samambaia, da Universidade Federal de Goiás (UFG). Edital para novo serviço é adiadoA Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) já não tem mais um prazo para divulgar o edital para a licitação do uso do espaço público de Goiânia para o compartilhamento de bicicletas. Havia a previsão de que o processo seria iniciado ainda neste semestre, o que deve ficar adiado para até o final deste ano. O superintendente de Transportes Urbanos da SMM, Marcos Villas Boas, explica que foi preciso adiar o projeto para negociar com o Tribunal de Contas do Município (TCM) um Termo de Acordo de Gestão (TAG) para regularizar a situação do serviço de bicicletas compartilhadas que existe atualmente, feito pela empresa pernambucana Serttel. O mesmo está irregular desde agosto do ano passado, conforme publicou O POPULAR em abril deste ano, por se tratar de um acordo precário de uso do espaço público e não de uma licitação. O TCM entende que o serviço deve ser regulado pela Prefeitura e sua operação deve vir a partir de um processo licitatório. Isso vem sendo estudado desde a gestão anterior, mas com o viés de regulamentar o serviço feito atualmente. A ideia da SMM, no entanto, é modificar a situação e levar as bicicletas para além dos parques e pontos mais movimentados das regiões Sul e Central. “Precisamos ligar isso ao transporte coletivo, colocar as estações nos terminais de ônibus. Hoje o serviço é feito para lazer, não para mobilidade”, diz Villas Boas. Em abril, o superintendente disse que havia a ideia de utilizar um aplicativo com tecnologia da Prefeitura para operar o serviço, fazendo a ligação também com o sistema de transporte coletivo. A intenção é que o TAG seja feito com um prazo de um ano, até finalizar a licitação.-Imagem (1.2276486)