Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgaram nota pública na última quarta-feira (12) sinalizando preocupação com a flexibilização das medidas sanitárias em Goiânia. O texto assinado por 19 cientistas destaca que há incertezas sobre a evolução da pandemia de Covid-19 e, por isso, considera prematuro o afrouxamento das regras. A nota chama atenção para variantes, que podem, segundo os estudiosos, gerar uma explosão de novos casos na capital diante de desatenções. A Prefeitura diz que as medidas são amparadas em números positivos alcançados pelo município, mas reconhece necessidade de reavaliação diária.A preocupação dos pesquisadores é fundamentada em outros momentos da pandemia vividos pelos brasileiros e exemplos de outros países, explica o professor Fernando Cupertino, um dos signatários da nota. O cientista diz que o atual quadro de calamidade registrado na Índia deveria servir de alerta. “Lá, com o início da vacinação e a realização de duas grandes festas religiosas, houve um afrouxamento e com isso o agravamento da pandemia”, salienta sobre o país que chegou a registrar 4 mil mortes oficialmente, podendo o número ser até dez vezes maior em razão de subnotificação.Na nota, os pesquisadores da UFG destacam preocupação aguda com a sobrevivência das famílias e dos negócios. Entretanto, dizem que a realidade “passa longe do ideal”. “Por certo, é preciso garantir o apoio financeiro para evitar a insolvência e a degradação das condições econômicas”, ponderam. Assinam o texto professores e pesquisadores do Departamento de Saúde Coletiva do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva (NESC) e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC).“A nota é um alerta. Não estamos afirmando nada, estamos levantando uma preocupação. Ainda não conhecemos muito a respeito do vírus e nem sobre a força das variantes”, diz Fernando. Para o pesquisador, o caminho de relaxamento das medidas sanitárias de contenção da Covid-19 deveria ser de cautela e prudência. “Olhar a experiência de outros lugares que já passaram por essas situações e não ir com muita sede ao pote”, pontua. Os pesquisadores lembram das comemorações do dia das mães, no último domingo (09). “Daqui duas semanas, saberemos se esse raciocínio é válido, ou se é apenas fruto das incertezas e interrogações que povoam nosso imaginário nestes tempos tão sombrios”, escrevem os pesquisadores, que finalizam: “Por qualquer forma, é importante que nos miremos na experiência e nas situações vividas por outros países, a fim de impedir a repetição de situações evitáveis”.PrefeituraA Prefeitura de Goiânia, por sua vez, diz que as flexibilizações se baseiam em informes epidemiológicos diários emitidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Entre os critérios está a taxa de ocupação em UTI exclusiva para o tratamento da Covid-19, inferior a 70% desde 29 de abril. O patamar alcançado no que se refere aos leitos é um dos critérios estabelecidos para retomada das atividades econômicas.Entre as medidas do decreto mais recente, a Prefeitura autorizou a retomada de eventos sociais para até 150 pessoas e a reabertura do Zoológico e do Parque Mutirama. A gestão municipal diz em nota enviada pela Secretaria de Governo ao POPULAR que a queda da ocupação não significa a redução da disponibilidade de leitos exclusivos para a doença, o que deve garantir “a segurança no atendimento hospitalar à população”.De acordo com o Paço, além da ocupação de leitos, são observadas taxas de positivados nas testagens ampliadas semanais. Nesse critério, a Prefeitura afirma que os índices se apresentaram estáveis, com tendência de queda nas últimas quatro semanas. Outro ponto que a gestão chama atenção é para o avanço da campanha de vacinação, que alcançou a marca de 500 mil doses aplicadas.“A cobertura vacinal da primeira dose é de 21%, superior à média nacional, enquanto mais de 12% da população goianiense está imunizada com a segunda dose. São números obtidos em menos de quatro meses de campanha de vacinação contra a Covid-19”, afirma a nota. Apesar disso, a Prefeitura diz reconhecer a volatilidade da pandemia. “Portanto, tais índices são diariamente acompanhados, de forma que qualquer medida será reavaliada conforme a evolução do quadro epidemiológico”, finaliza.