Depois de morar desde o início deste ano em um lago do Parque Liberdade, no Setor Jaó, um pirarucu de 1,30 m e 70 quilos foi levado nesta quinta-feira (15) para a Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG). A transferência ocorreu porque o animal estava sofrendo ataques, além de ser um problema para o meio ambiente, já que não é um animal nativo daquele espaço. Goiânia tem outros dois pirarucus vivendo em parques. Um no Bosque dos Buritis e o outro no Parque Licardino Ney, mas eles não devem ser retirados por enquanto.Bióloga de áreas verdes da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Wanessa de Castro conta que há alguns dias o peixe chegou a ir parar no meio da rua depois que o lago transbordou. “Esse lago é uma bacia de contenção das águas da chuva e como transbordou, o peixe saiu do lago.” Ela explica que os próprios moradores o colocaram de volta, mas no curto prazo em que está vivendo neste lago, ele já causou prejuízo para o meio ambiente. Ele comeu praticamente todos os outros peixes que viviam no local, além dos filhotes de pato que haviam nascido recentemente.“Esta é uma espécie nativa da região amazônica e aqui estamos na bacia do Meia Ponte. Nosso receio era que ele pudesse parar em um dos nossos rios. Nesse caso, o prejuízo seria maior.” Apenas na quarta tentativa foi possível retirar o animal da água e levá-lo para o tanque na UFG. Foram colhidos materiais para exames e para identificar o sexo dele. Caso seja uma fêmea, deverá contribuir para as tentativas de repovoamento na Bacia do Rio Araguaia.Wanessa de Castro reforça que a transferência levou em conta, principalmente, o bem-estar do animal e a preservação das espécies nativas. “Os nativos não se protegem contra o que eles não conhecem. É uma competição desleal.” A bióloga destaca que é crime soltar animais silvestres em locais públicos. Ela diz que nestes casos é necessário entrar em contato com a Amma, que orienta e resgata o animal para encaminhá-lo para o local mais apropriado.Os outros pirarucus estão há tempos nos parques. O animal transferido nesta quinta-feira chegou ao lago do Parque Liberdade no começo deste ano. O animal que está no Bosque dos Buritis foi deixado lá há cerca de 15 anos. Wanessa diz que lá também há tartarugas da amazônia e que ele não deverá ser retirado porque já houve adaptação dos animais e do ambiente. Já o animal do Licardino Ney deve estar lá há cerca de quatro anos. “Ele ainda é monitorado e estamos fazendo estudos para saber da necessidade e possibilidade de transferência.” Peixe foi criado em tanqueO pirarucu resgatado no Parque Liberdade, no Jaó, chegou com 20 centímetros à casa da sua antiga dona, Priscila Sales Abuchaim. Ela conta que mantinha um tanque de 40 mil litros em casa e criava diversos tipos de peixes, como tilápias, pangas e caranhas. “Um dia fui onde eu sempre procurava peixes novos e tinha um exemplar de pirarucu, que eu acabei levando”, conta Priscila. Isso aconteceu por volta de 2017, quando o peixe tinha apenas alguns meses de vida.Com o tempo, o pirarucu acabou ganhando o coração da família. Apesar da proximidade com os animais, a família se viu obrigada a se desfazer deles por conta da pandemia. “Eu voltei para São Paulo e não tinha como trazê-los.” Ela diz que procurou a Amma e conseguiu a autorização para liberá-lo, além de algumas tilápias. Outros peixes foram doados para entidades que fornecem alimentação para pessoas carentes, gerando cerca de 350 kg de carne dos animais.Priscila revela que recebeu a notícia da transferência do pirarucu com misto de tristeza e alívio. “Fiquei relutante, mas estava angustiada com pessoas postando que iriam colocar ele na panela.” -Imagem (1.2234588)