Apesar dos pedidos de entidades e moradores para um maior número de audiências públicas e ampliação dos debates, a atualização do Plano Diretor de Goiânia (PDG) entra nesta quarta-feira (5) na reta final. Começa a apreciação do relatório final pelos vereadores que compõem a Comissão Mista da Câmara Municipal às 9 horas, com a intenção de uma nova sessão nesta quinta-feira (6) para a finalização da votação. O documento, até o fechamento desta reportagem, ainda estava sendo finalizado pela relatoria Sabrina Garcez (PSD).A previsão é que a votação ocorra em mais de uma sessão justamente pela robustez do projeto, que teve a tramitação iniciada em 2019, foi destituído ao Paço em setembro de 2020 após receber 220 emendas parlamentares, e voltou à Câmara no fim de novembro passado. Entre esse período, a Prefeitura criou um Grupo de Trabalho com técnicos da Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação (Seplanh), vereadores e representantes do mercado imobiliário que analisou as emendas e realizou 127 alterações no projeto. No entanto, o documento foi devolvido sem as mudanças, pois estas seriam apresentadas por vereadores da base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) já na Comissão Mista.A Mesa Diretora da Câmara tinha a intenção de marcar uma sessão plenária extraordinária na próxima terça-feira (11) para a votação final do projeto, que ocorre após apreciação do relatório na Comissão Mista. No entanto, com a previsão de mais sessões para a votação do relatório final, ainda não há convocação para a sessão plenária. Existe a intenção de verificar primeiro o andamento da tramitação na Comissão Mista antes de decidir a data do plenário, mas não há previsão de que ocorra novas audiências públicas para debater o projeto.A última audiência pública para o debate do projeto foi nesta terça-feira (4), no plenário da Câmara Municipal, em que várias participações populares se deram com o pedido de mais discussões, sobretudo separadas por temas e em bairros diferentes da capital. O principal pedido veio do vereador Mauro Rubem (PT), que em dezembro tinha conseguido na Justiça um mandado de segurança que anulou a audiência do dia 10 daquele mês. Na decisão, a juíza Patrícia Carrijo exigiu que fosse cumprido o prazo de 15 dias entre a convocação do debate, a partir da publicação dos documentos, e a sua realização.No dia 20 de dezembro, a Câmara marcou a audiência desta terça-feira (4), o que, no entendimento da Procuradoria-Geral da Casa, cumpre a determinação judicial. Já no começo do encontro, o presidente da Comissão Mista, Cabo Senna (Patriota), informou que seria a última audiência. Nas galerias da Câmara, movimentos sociais ligados ao direito pela moradia se fizeram presente e apoiaram as reivindicações por mais audiências. Houve pedidos para que os encontros ocorressem nas periferias da cidade. Rubem, em sua primeira fala, afirmou que o PDG só havia sido discutido com empresários da capital.Representantes da Associação Pró Setor Sul (Aprosul), da Associação dos Moradores do Setor Jaó (AmoJaó), da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca) também se manifestaram para que houvesse mais discussões e alongasse o tempo de tramitação. Ex-vereadores, como Paulo Magalhães e Djalma Araújo, também se manifestaram nesse sentido. Enquanto que o ex-vereador Maurício Beraldo, o advogado Sebastião Ferreira Leite, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e os vereadores Léo José (PTB) e Henrique Alves, além de Sabrina e Cabo Senna, disseram que o documento já tem tramitação desde 2019 e que as discussões já teriam se esgotado, restando o âmbito parlamentar.O questionamento de quem queria mais tempo para a discussão se baseou na falta de documentos sobre o PDG para a realização do debate, sobretudo com relação ao próprio relatório final e os mapas com os eixos de adensamento e as áreas urbanizáveis. Sabrina apontou que não faria sentido apresentar um relatório final para uma audiência pública que tem o objetivo de discutir mudanças que devem ser descritas no próprio documento. Além disso, ela complementou que os mapas pedidos são sobre emendas que ainda não tinham sido acatadas, e que podem vir a ser no próprio relatório, onde os desenhos com as manchas urbanas deverão estar.MudançasNo fim da tarde desta terça-feira, a Câmara publicou no próprio site mais documentos sobre o PDG. Foram divulgados os convites para a participação da audiência pública, feitos pelo presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota) a presidentes de entidades e instituições, a ata do debate desta terça e ainda outras emendas parlamentares recebidas nesta semana. O vereador Thialu Guiotti (Avante) pediu que fosse inserida uma alteração no polo tecnológico do Centro de Goiânia, fazendo com que toda a cidade pertencesse a esse polo e pudesse receber o benefício fiscal de Imposto Sobre Serviços (ISS) com alíquota de 2%, e não mais 5%.Além disso, Mauro Rubem propôs mais duas alterações com relação à Rua da Divisa, localizada no Setor Jaó. Trata-se de uma reivindicação dos moradores locais que ocorre desde 2019. A emenda caracteriza a via como local, o que faria com que sua largura se mantivesse em 7 metros. A outra emenda modifica o Corredor Marginal Leste, que passaria a ter o traçado finalizado na BR-153, sem a continuidade para os bairros do outro lado da rodovia. Atualmente, a previsão do corredor é justamente usar a Rua da Divisa, que seria duplicada. O desejo dos moradores do Jaó via associação é manter a via nos moldes atuais. Há uma preocupação com a questão ambiental, sob a ideia que a obra prejudicaria o Córrego Jaó, formado por minas no setor de mesmo nome, e que cruza a Rua da Divisa. Outro ponto debatido pelos moradores em audiências públicas do Plano Diretor é o receio que o Corredor Marginal Leste seja entendido como de adensamento e faça com que seja permitida a construção de edifícios residenciais em suas margens. O Paço Municipal tem dito que se trata apenas de um corredor estrutural, sem adensamento.-Imagem (1.2381599)