O soldado da PM Pedro Henrique Cândido Negreiro, de 32 anos, foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) por tentativa de homicídio contra o Francis Junio Ribeiro Amorim, de 27, durante o show da dupla sertaneja Henrique & Juliano realizado no dia 5 de junho no estacionamento do Estádio Serra Dourada, em Goiânia.Francis foi atingido por três disparos, passou alguns dias internado na UTI do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e já teve alta. A namorada dele, Thaynara Cristina Figueredo Mesquita, de 25 anos, foi atingida por um disparo na mão e teve ferimentos leves.O POPULAR teve acesso ao processo e viu que até o momento duas outras supostas pessoas envolvidas na situação não foram identificadas pela Polícia Civil. Na versão da vítima e pessoas que estavam com ele no show, seria quem a empurrou primeiro, dando início a uma discussão. Na versão do denunciado e suas testemunhas, seria um homem de camiseta amarela. Na denúncia, o promotor Maurício Gonçalves de Camargos aponta que Francis estava deixando o local do show já na madrugada do dia 6, quando esbarrou no policial e lhe pediu desculpas. Em seguida um homem que não foi identificado no inquérito e que estaria com o policial empurrou a vítima e deu um soco nela. Francis reagiu com um empurrão para se defender, momento em que Pedro Henrique entrou na briga e passou a trocar empurrões com a vítima.Ainda segundo o documento entregue pelo MP-GO, o policial se desequilibrou, caiu e, sentado, sacou a pistola efetuando diversos tiros. Três disparos atingiram Francis, em uma das mãos e tórax. Já Thaynara foi ferida na mão.De acordo com o promotor, os ferimentos provocados pelo policial não levaram a vítima “á morte por circunstâncias alheias à vontade do agente, posto que (Francis) recebeu pronto e eficiente atendimento médico”.O inquérito foi concluído sem que a Polícia Civil tenha localizado alguma testemunha que não fosse próxima nem da vítima nem do denunciado. Em seu relatório final, entregue 10 dias após o crime, o delegado Ronny Herlon Campos Minosso afirma que a “materialidade delitiva resta comprovada”, mas diferentemente da promotoria não narra os fatos com base em uma interpretação própria, preferindo elencar todos os testemunhos apresentados.Leia também:- Goiás é 3º estado com maior taxa de mortalidade em ações da segurança pública- Juíza mantém prisão de Felipe Gabriel no inquérito sobre violência doméstica contra a ex-namorada- Filha de dono de farmácia mostra mensagens de Felipe Gabriel no dia do crime“Analisando os elementos informativos coligidos nos autos, verifico que a natureza, a forma e o local, além das condições em que se desenvolveu a ação, são circunstâncias que somadas aos depoimentos dos agentes públicos caracterizam crime”, escreveu o delegado, que não foi localizado pela reportagem para comentar o fato.Ao ser ouvido na delegacia, o soldado da PM negou que tivesse se envolvido em alguma briga e dado soco na vítima. Ele afirmou que estava no show quando sentiu alguém colocando a mão em sua cintura, na altura de onde estava a arma e que ao segurar nesta mão a pessoa o puxou, fazendo-o cair. No chão, disse que foi agredido por dois homens, que não conseguiu identificar, mas sacou a arma e efetuou disparos para se defender. Em seguida, deixou rapidamente o local sem observar de havia ferido alguém.Pessoas próximas ao policial que estavam com ele dizem que além de Francis havia um outro homem, com a camiseta amarela, agredindo Pedro Henrique. Já na versão de quem estava com a vítima, o soldado estava com outra pessoa agredindo Francis. Em nenhum dos casos, o inquérito identificou quem poderia ser ou a pessoa de camiseta amarela ou o homem que estava com o soldado.Francis prestou depoimento apenas no dia 24, por determinação da Justiça a pedido do MP-GO, e disse a versão que foi apresentada pelo promotor do caso. Segundo ele, Pedro Henrique tropeçou e caiu, mas sabia o que estava acontecendo e quais eram as pessoas envolvidas na confusão na hora da queda.Pedro Henrique se encontra detido desde o dia 7 de junho, uma segunda-feira. Após o caso ganhar repercussão na mídia, chegou até o comandante do batalhão da PM onde o denunciado trabalha que ele poderia estar envolvido. Convocado para esclarecer a situação, o soldado acabou confessando ao comando e se entregou. Ele argumentou que se apresentaria após o expediente, sob orientação do advogado.Além de responder pela tentativa de homicídio, o soldado foi denunciado também por lesão corporal contra Thaynara.