-Imagem (1.2454503)Os três policiais militares acusados de matarem e atirarem em três funcionários de uma fazenda em Cristalina em novembro de 2020 se tornaram réus por crime de homicídio qualificado. Bruno Martins Barros, Angelo Máximo Morais Lacerda e Reginaldo Matos Lima, todos lotados no 3º Pelotão da Segunda Companhia de Patrulha Rural, responderão pelo crime de homicídio qualificado contra duas vítimas e triplamente qualificado contra a terceira vítima.As qualificadoras creditadas ao crime de homicídio qualificado foram motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa. No caso do homicídio triplamente qualificado, além de motivo torpe e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, o crime foi praticado para assegurar a ocultação ou a impunidade de outro crime. O crime ocorreu em 22 de novembro de 2020, por volta das 21h30, na Fazenda Taquaril, na zona rural de Cristalina.As vítimas foram os amigos de caça e pesca Francisco de Assis da Silva Chaves, Nelson da Silva Cardoso e Aleff Nunes Souto foram mortos, segundo a denúncia dos promotores Bernardo Monteiro Frayha, Luís Antônio Ribeiro Júnior e Sávio Fraga e Greco, depois de terem sido confundidos com possíveis ladrões de gado. Mas o documento apresenta que eles foram atingidos por 43 tiros sem qualquer tipo de abordagem, comunicação ou alerta de que se tratavam de policiais militares.A reportagem entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar, mas ainda não se posicionaram sobre o caso. Também não foi possível, até o momento, entrar com contato com os advogados que defendem os réus porque os nomes não constam no sistema judicial e a PM ainda não os informou. O espaço segue aberto para posicionamento.DenúnciaDe acordo com o documento apresentado pelo Ministério Público, no dia do fato, as as vítimas, que trabalhavam na Fazenda Cerro Largo, saíram para olhar uma armadilha de javalis, o que já era prática habitual. A equipe de policiais havia sido comunicada sobre um possível furto de gado na região e foram ao local. Em uma estrada vicinal de terra, sem iluminação, os policiais trafegavam com faróis, sirene e giroflex desligados.A denúncia ainda detalha que os trabalhadores voltavam da caça com um javali degolado, sem a cabeça, e uma sacola com filhotes ainda vivos. Estavam perto da casa de um morador quando se depararam com a viatura, que também não tinha qualquer tipo de identificação ostensiva. A denúncia ainda relata que os acusados, sem qualquer tipo de abordagem, comunicação ou alerta de que eram policiais militares, efetuaram uma sequência de 43 disparos de arma de fogo contra as vítimas e mataram todos.Consta também na denúncia que Francisco de Assis e Nelson da Silva receberam vários disparos frontais e caíram sem qualquer tipo de oportunidade de se defender, pois era noite e não havia iluminação no local, de modo que foram atingidos de surpresa. Já Aleff Nunes ainda tentou correr para se proteger, mas recebeu vários disparos pelas costas e, ainda, um na cabeça, caindo imediatamente.O documento formulado pelos promotores ainda ressalta que após os disparos, com o objetivo de forjar um confronto inexistente, os denunciados dispararam com as armas de fogo que as vítimas usavam para a caça de javalis contra a viatura policial. Os policiais também apresentaram à autoridade policial uma arma que não pertencia a nenhum dos trabalhadores, que também foi utilizada para disparar contra a viatura.Medidas cautelaresO juiz Fernando Marney Oliveira de Carvalho acolheu pedidos de aplicação de medidas cautelares em desfavor dos denunciados. O MP pediu que os três fossem suspensos das atividades públicas policiais ostensivas, além da suspensão da posse e do porte de armas de fogo corporativas. As armas deverão ser entregues e recolhidas. Eles também não podem adquirir ou portar armas de fogo pessoais que porventura existam em suas casas. Eles podem ser presos em caso de descumprimento.Leia também:- ‘Mesmo se fosse bandido, não podiam ter feito o que fizeram’, diz irmã de jovem morto em Cristalina- PMs foram afastados das ruas após mortes de trabalhadores em Cristalina- Há 5 anos, Secretaria de Segurança de Goiás omite dados de morte em confronto com a polícia