-Imagem (1.2510074)A Polícia Civil de Goiás concluiu o inquérito que havia sido aberto contra Maria Elizete Anjos, professora da rede pública do município de Posse, e a indiciou pelo crime de racismo por homofobia. Em agosto deste ano, Maria Elizete foi filmada discutindo sobre relações homossexuais dentro da sala de aula. Nas imagens, a professora afirma que “homem ficar com homem e mulher ficar com mulher tem todos os problemas”, e que para uma pessoa ser bissexual “só pode estar com uma maldição”.A investigação foi conduzida pelo Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, o Geacri. No processo ao qual a reportagem teve acesso, a instituição pontua que, com vontade e consciência, Maria Elizete, "ao objetivar vilanizar a condição de bissexualidade de uma adolescente, inclusive constrangendo-a perante vários alunos em sala aula", extrapolou os limites da liberdade de expressão para recair sobre a perpetuação do discurso de ódio em face da comunidade LGBTQI+.Ainda segundo a polícia, na condição de professora, a indiciada "pretendeu marginalizar a comunidade LGBTQI+" ao expor a homossexualidade como "algo impuro."Leia também:- Defensoria Pública pede apuração de falas homofóbicas de professora durante aula, em Posse; vídeo- Senado dos EUA aprova proteção a casamento gay, e direito vira lei federal- Copa do Catar começa, neste domingo (20), entre polêmicas e críticasO inquérito foi remetido ao Poder Judiciário de Posse na última semana. A Polícia Civil confirmou a conclusão do inquérito, mas não deu mais detalhes sobre as investigações.Relembre o casoNo dia 11 de agosto deste ano, alunos filmaram o momento em que Maria Elizete, que lecionava Inglês e Projeto de Vida no Colégio Municipal castro Alves, responde uma aluna depois que esta diz que é bissexual. Ela pede para que a estudante espere e que dê um tempo para que possa refletir. “Se olhe no espelho, tira a sua roupa, você é mulher e mulher fica com homem”. Neste momento, uma outra aluna se indigna com a fala de Elizete, mas a professora continua. “Tem mulher que fica com mulher e, para você dizer que é bissexual, você só pode estar com uma maldição”. Em um outro vídeo, a professora diz que “o homem foi feito para a mulher e a mulher para o homem” e o que foge disso "em vários problemas."A situação teve forte repercussão negativa. Em nota, na época do ocorrido, Maria Elizete disse que não eram verdadeiros os “supostos comentários homofóbicos atribuídos a ela", apesar dos vídeos.“Como é sabido, a homofobia representa uma aversão irreprimível, repugnância, ódio, preconceito contra a população LGBTQ+ [...]. Evidente que temas sensíveis também acabam sendo tratados em sala de aula, conquanto o risco de opiniões e interpretações equivocadas. No caso concreto ao se analisar atentamente todo o contexto e os diálogos, em momento algum quis constranger ou macular qualquer pessoa, gênero ou grupo de pessoas”, declarou a professora.Já a Prefeitura de Posse declarou na época que “não compactua com quaisquer manifestações de preconceito ou discriminação decorrente da orientação sexual, raça, credo, origem étnica, posicionamento político ou grupo social.”A reportagem entrou em contato com Maria Elizete e aguarda um retorno. O espaço permanece aberto.Vale destacar que em junho de 2019, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da homofobia e transfobia, enquadrando tais atos criminosos na Lei do Racismo (7.716).