Na noite de 23 de setembro, o fabricante de joias Pedro Henrique Borges, de 26 anos, ligou para o Corpo de Bombeiros e para a Polícia Militar depois de, segundo ele, chegar em casa e se deparar com sua mulher, Sarah Nunes Pereira, de 23, pendurada pelo pescoço no alpendre da residência, no Parque Hayala, em Aparecida de Goiânia. O homem ainda teria tentado salvá-la, desatando o nó e colocando a mulher no chão, mas já era tarde demais. O caso foi tratado inicialmente como um possível suicídio. No entanto, Pedro Henrique foi preso nesta quarta-feira (23), dois meses depois, após um laudo apontar que na verdade Sarah havia sido assassinada e o indicando como principal suspeito.Em seu primeiro depoimento à Polícia Civil, já no início de outubro, Pedro disse que o dia do ocorrido havia sido rotineiro. O homem contou que havia deixado a filha do casal, de 4 anos, na casa da avó paterna e, depois de buscar Sarah na faculdade, os dois foram até lá para jantar.Na hora de ir embora, a criança teria pedido para ficar com a avó. Pedro e Sarah voltaram para casa levando um bolo que a mãe dele havia feito. Já na casa, o homem relatou que saiu de carro para comprar um refrigerante e voltou pouco tempo depois. Ele disse ter achado estranho o fato da mulher não ter aberto o portão quando voltou e buzinou, e ao descer e entrar em casa, a achou dependurada.Pedro contou que ainda ligou para os Bombeiros e seguiu as orientações passadas, mas a mulher já havia morrido.A Polícia Civil, por meio do 3º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia, começou a investigar a morte de Sarah, inicialmente tratando como um possível suicídio. No entanto, as contradições no segundo depoimento de Pedro e a conclusão de um laudo pericial de local de crime emitido na última semana provocaram uma reviravolta no caso.Suicídio forjadoConforme apurado com exclusividade pelo POPULAR, a perícia constatou que Sarah não tirou a própria vida, mas foi assassinada. O laudo aponta que a escoriação encontrada no pescoço de Sarah, causada pela morte por asfixia, não havia sido feita pela cinta, mas por um objeto mais fino.Além disso, a perícia apontou que a camada de poeira dos móveis ao redor do local onde ela foi encontrada, como a lavadora de roupas, estava intacta, sem marca de mãos, o que indica que a mulher não buscou nenhum apoio para atar a cinta ao pescoço e se dependurar. O fato tornaria inviável uma pessoa da estrutura física de Sarah de cometer o ato sozinha, sem se apoiar em algo para obter altura.Leia também:Idoso é condenado a 18 anos por matar a mulher após ela negar receber visita de parentes com CovidEmpresária vai a júri popular por matar mulher atropelada após briga em distribuidora de bebidasAs imagens de câmeras de segurança da vizinhança do casal e do circuito de Aparecida de Goiânia teriam derrubado em definitivo a versão do suspeito. Os vídeos obtidos pela polícia não identificaram o veículo de Pedro passando nas ruas e no horário descritos por ele. Em vez disso, as imagens mostraram o momento em que ele chega a casa e só sai uma hora depois, sem camisa e posicionando o carro na garagem de casa, gritando por socorro.Caso extraconjugalPedro Henrique foi preso temporariamente nesta quarta-feira (23), em Minaçu, suspeito de ter cometido o crime. Conforme apurado pela reportagem, o motivo seria o fato de a mulher ter descoberto que ele tinha um caso extraconjugal.Sarah teria, inclusive, descoberto a identidade da amante do marido, mantendo contato com ela durante algum tempo, sem que ele soubesse. O casal chegou a terminar o relacionamento, mas reataram. No entanto, Pedro teria continuado secretamente com a amante.No dia do apontado crime, a mulher teria chegado a casa e, após ser conectar no WhatsApp pelo computador, flagrado o marido conversando com a amante. Foi quando uma discussão teve início. A suspeita é que ele tenha matado a mulher asfixiada durante a briga.Pedro Henrique segue preso na Central de Flagrantes de Aparecida de Goiânia. Ao POPULAR, o advogado de defesa, o criminalista Rodrigo Faustino, declarou que a prisão de seu cliente “foi totalmente arbitrária". "Ele tem residência fixa, sempre colaborou com as investigações e sua inocência será provada no decorrer do processo".