-Imagem (Image_1.1816869)Um novo centro de aulas da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Aparecida de Goiânia, foi construído e está pronto desde o fim do ano passado, mas ainda não foi inaugurado. Isso porque ele está em um local que não tem acesso a energia elétrica, água encanada, esgoto, asfalto e transporte público. As obras de infraestrutura são uma contrapartida da Prefeitura de Aparecida, acordada antes do início da obra, que começou em 2015.O prédio, que foi feito com recurso federal e custou R$ 18,96 milhões, é o primeiro do câmpus universitário de Aparecida, que já funciona desde 2014 de forma improvisada, em um imóvel da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Todos os cursos oferecidos na unidade - geologia, engenharia de produção e de trânsito - devem ser realocados para o novo imóvel. “Estamos trabalhando junto com a prefeitura para ter condições mínimas para de fato iniciar nossas operações lá”, explica o diretor do câmpus de Aparecida, Júlio César Valandro Soares. A unidade possui cerca de 600 estudantes, além de professores e técnicos-administrativos.Para chegar até o prédio é preciso percorrer cerca de 5 km de estrada de chão, continuação da Avenida Santana, rodeada de mata fechada. A construção se destaca em um descampado, sem vizinhos ao redor, na Fazenda Santa Rita de Cássia. A terra foi uma doação de duas famílias de fazendeiros à universidade.O diretor, Júlio César, destaca os complexos industriais que existem nas proximidades e projetos futuros que irão habitar a região. Os cursos oferecidos pelo câmpus são focados no perfil econômico de Aparecida.Elevadores, extintores de incêndio, bebedouros e algumas mobílias já compõe o ambiente interno do prédio, que conserva o cheiro de tinta. Há o espaço previsto para a biblioteca e o refeitório, laboratórios, sala de aula e de professores. Ele é vigiado por uma equipe de segurança 24 horas, mas isso não impediu a formação de infiltrações no teto do sexto andar, que teve o forro corroído e desabou parcialmente, após as últimas chuvas.PavimentaçãoA prefeitura afirma que o projeto de asfaltamento do trecho de cerca de 5km, que inclui a pavimentação no entorno da obra, já está em fase de conclusão. A obra deve iniciar no próximo mês, segundo o prefeito Gustavo Mendanha (MDB), mas não há uma previsão objetiva de conclusão. O custo dela será de cerca de R$ 3,5 milhões.Mendanha justifica que a demora para executar a contrapartida tem relação com as mudanças de gestão. “Trocou o governo, entrou a Enel. Muda os atores, muda o diálogo. Está retomando agora”, garante. Em novembro do ano passado, o prefeito afirmou em reunião que o asfalto ficaria pronto em março de 2019. Na época, havia a expectativa da mudança para a nova unidade acontecer no segundo semestre deste ano.Procurada pela reportagem, inicialmente a Enel Distribuição Goiás informou que aguardava a solicitação da UFG “para realizar o projeto elétrico da rede de distribuição que atenderá a unidade”. Depois de informada que isso já havia sido feito pela Prefeitura do município, a empresa fez uma nova nota em que afirmou que foi agendada uma reunião para “definir a demanda de energia e as obras necessárias para atender o câmpus.”Já a Saneago informou que o projeto hidráulico para o abastecimento do novo câmpus foi concluído. “Foram perfurados dois poços tubulares profundos para abastecer um sistema independente, que vai atender a primeira fase de obras da unidade. Está faltando, no momento, o projeto elétrico”, diz nota.A conclusão da obra da Saneago está prevista para o segundo semestre de 2020 e o sistema de esgoto deve ser implantado em seguida. Se cumprido esse prazo, o novo câmpus não será ocupado até o segundo semestre do ano que vem, já que as obras de infraestrutura são uma condição para a mudança dos alunos.Bloqueio na verba de custeio impede novo cursoO bloqueio de 30% das verbas de custeio de investimento da Universidade Federal de Goiás (UFG) pode impedir a criação do quarto curso do câmpus de Aparecida de Goiânia, o de Engenharia de Materiais. A unidade, criada em 2014, possui atualmente os cursos de Geologia, Engenharia de Produção e de Transportes. Quatro professores do câmpus já são destinados ao novo curso previsto, mas enquanto ele não existe, ministram aulas nos outros. O curso foi escolhido por ser uma demanda industrial da região de Aparecida. “Esse é o impacto mais claro para nós. O curso de Engenharia de Materiais, que seria o nosso quarto curso de graduação, fica em condições extremamente difíceis de ser criado, neste primeiro momento, por conta do contingenciamento”, relata o diretor do Câmpus de Aparecida, Júlio César Valandro Soares. Além disso, Júlio aponta que o bloqueio impacta na infraestrutura interna do câmpus, na aquisição de equipamentos e laboratórios. “Não inviabiliza a migração (para novo prédio construído), mas nos gera problemas, sobretudo no termo de condições mínimas de qualificação dos cursos e laboratórios”, explica. Entre as estruturas que devem migrar para o novo prédio da UFG de Aparecida está o Laboratório de Paleontologia e Evolução do curso de Geologia, onde estão fósseis de dinossauros, crocodiliformes e tartarugas do período Cretáceo, encontrados em Quirinópolis e Rio Verde. A descoberta foi tema de uma reportagem da edição de ontem do POPULAR. O câmpus de Aparecida também possui dois mestrados: um de Administração Pública e outro de Engenharia de Produção. -Imagem (1.1816924)