A Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) de Goiânia identificou erros nos cálculos do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 2,2% dos imóveis cadastrados na capital e outros 5,5% ainda estão sob análise dos técnicos da pasta após um pente-fino feito no sistema que levanta o valor que cada contribuinte deve pagar pelo tributo.O porcentual foi calculado com base no total de inscrições divulgada oficialmente pela Prefeitura em entrevista coletiva no começo da semana: 633.394 imóveis, residenciais ou comerciais e lotes sem construção. Uma semana antes, ao atender uma solicitação via Lei de Acesso à Informação (LAI) do POPULAR, o Executivo afirmou que Goiânia teria 750.749 inscrições.Faltando ainda 35 mil imóveis residenciais passarem pela revisão, a Sefin já encontrou 4.690 com direito à isenção prevista no programa IPTU Social e mais 9.237 que terão o que o Executivo chamou de “redução nos valores inicialmente apresentados”, sem especificar se teriam de fato uma redução ou um aumento menor que o previsto.A Prefeitura não divulgou quantos cálculos foram revistos nem se o pente-fino ficou só nas residências. Mais de 81% dos imóveis comerciais tiveram aumento de IPTU. Em relação às propriedades sem construção, os boletos de ITU já foram apresentados em janeiro e a data da primeira parcela ou para quem quisesse pagar o valor inteiro já passou. O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) disse em entrevista coletiva pela manhã que a revisão foi feita após receber muitas queixas por parte da população e de conversas com a equipe de governo e com vereadores. Ele alega que o sistema no qual os dados sobre os imóveis estão inseridos é muito antigo, ultrapassado, mas evitou falar em “erros”. Segundo o prefeito, houve “equívocos” em alguns cálculos, já corrigidos. “Após uma grande pesquisa conjunta, buscamos uma solução para o índice de reajuste do IPTU em mais uma etapa de diálogo entre o Executivo, o Legislativo e, principalmente a população”, destaca. O prefeito argumenta que o sistema é muito antigo e que o novo Código Tributário Municipal (CTM), aprovado pela Câmara Municipal em setembro de 2021, trouxe diversas alterações nas fórmulas de cálculo dos impostos. “Alteram-se vários números e muitas vezes o sistema demora muito tempo para entender estas mudanças”, comentou.Os equívocos encontrados durante a revisão nos cálculos destes 13,9 mil imóveis representariam um total de R$ 7,3 milhões em tributos, segundo Cruz. A reportagem pediu mais detalhes para a Sefin sobre o que foi encontrado no pente-fino, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.A Sefin já apresentou os novos boletos para quem foi contemplado com as novas isenções e reduções no site da Prefeitura de Goiânia. Os que estão isentos encontram uma imagem informando que estão dentro do programa IPTU Social.Em relação aos 35 mil imóveis ainda sendo analisados, o prefeito disse que caso confirmados novos erros nos cálculos pelo sistema, isso significaria cerca de R$ 17 milhões de impacto para as contas públicas. O processo de revisão envolvendo este grupo de inscrições deve ficar pronto em até uma semana.Rogério diz que a revisão feita “por ofício” pela Prefeitura no sistema da Sefin não impede que contribuintes sigam pedindo novas análises por parte do Executivo caso acreditem que as contas estão erradas ou que há informações erradas no cadastro do imóvel. Ele negou a possibilidade de alteração na fórmula aprovada em 2021.“Qualquer dúvida, devem procurar uma das cinco unidades do Atende Fácil para dar entrada com um processo de revisão”, disse. Segundo ele, em 30 dias o contribuinte terá uma resposta. Caso seja constatado um erro e o contribuinte já tenha pago o tributo, ele será restituído.O chefe do Executivo reforçou que os casos em que o contribuinte verificar que houve um aumento acima de 45%, além da inflação em torno de 10%, deve entrar com um pedido de revisão do cálculo, pois houve erro.Ao anunciar os novos imóveis isentos, o prefeito disse que agora já são 49.785 o total de contribuintes beneficiados, uma vez que só têm direito à isenção donos de um único imóvel residencial com valor venal de até R$ 120 mil. O número, entretanto, ainda é menor do que o informado aos vereadores em setembro (51.229) e pela LAI ao POPULAR (69.657).Rogério rebateu a possibilidade de vereadores terem sido enganados ou mal informados sobre o teor do projeto que alterou a fórmula do IPTU, como alegado por alguns representantes do Legislativo Municipal. Segundo ele, todos foram devidamente informados sobre o teor da proposta, houve diálogo, debates e foi dado canal para que todos tirassem as dúvidas. “Os vereadores têm conhecimento do que estamos enviando para a Câmara”, afirmou.