A construção do Centro de Capacitação Profissional e de Esportes em uma área pública municipal do Residencial Village Veneza, na região Sudoeste de Goiânia, foi suspensa nesta quarta-feira (8) por determinação do prefeito Rogério Cruz (Republicanos). A medida foi tomada depois de reportagem do POPULAR mostrar, na edição de quarta, que a obra seria usada pela organização não-governamental (ONG) + Ação é Trabalho Pela Cidadania - Consciência do Dever, fundada pelo vereador Leandro Sena, que pertence ao mesmo partido do prefeito, e que tem a permissão de uso da área. Sena hoje é conselheiro na entidade e tem familiares que também atuam nela.O terreno é público, mas está cedido para a ONG desde 2011, por meio da Lei Municipal 9.126, que desafetou a área e permitiu promover a permissão de uso à entidade. Em janeiro de 2012, o então prefeito Paulo Garcia (PT) assinou a permissão em que competia à ONG a realização da obra do centro comunitário na área em até dois anos, tendo de ser iniciada no prazo de 12 meses. Como isso não ocorreu, em 2013, o termo foi revalidado por mais dois anos. O mesmo foi feito em 2015, desta vez com a ideia de um acordo com a empreiteira responsável por lotear o bairro para a obra.A obra chegou a ser iniciada por este acordo em 2017, com serviços de drenagem e de terraplenagem, mas ficou parada. Em 2019, na gestão Iris Rezende (MDB), a permissão de uso da área, de 2 mil metros quadrados, situada entre a Avenida Parque e as ruas VV-09 e VV-06, foi renovada com os mesmos termos: iniciar a obra em até 12 meses e terminar em 2 anos; mesmo que não houvesse o cumprimento dos acordos anteriores. Neste ano, o movimento na área pública foi intensificado com o avanço da obra.Nesta quarta-feira (8), a reportagem mostrou que a Seinfra informou que estaria “contribuindo com a implantação de um centro de excelência e capacitação com campo sintético e dois campos de areia para a prática de esportes como o futebol e o vôlei”. Não foram divulgados o cronograma da obra e nem mesmo o valor investido para a construção. No final da tarde de quarta-feira (8), o Paço Municipal informou que o prefeito só tomou consciência da obra pela reportagem, quando pediu imediata suspensão. “O prefeito determinou ainda à Controladoria Geral do Município que apure os fatos relatados na denúncia, devendo emitir relatório acompanhado de todos os documentos comprobatórios com total esclarecimento dos fatos no prazo máximo de 48 horas.”O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) também abriu investigação sobre o caso, com a intenção de verificar o motivo da obra ser realizada pela Seinfra. Em um primeiro momento, será feito um pedido de esclarecimento junto à Prefeitura. A ONG também atua como permissionária em ginásios de esportes na capital, mas de propriedade do governo estadual. Isso ocorre nos ginásios dos setores Novo Horizonte e Conjunto Fabiana, desde 2013.Segundo a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer (Seel), a permissão é válida até 2023, e a ONG Mais Ação é responsável pela gestão, “inclusive para definir/autorizar a utilização”. A Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) é a responsável pela fiscalização. Nos documentos constam que à entidade é permitido o “uso, administração e exploração comercial”. A reportagem tentou contato com o presidente da ONG, Antônio Francisco Brito, e com o vereador Leandro Sena, mas eles não atenderam as ligações.-Imagem (Image_1.2368356)