Salatiel Marinho, de 49 anos, foi preso nesta quarta-feira (13). Ele é um dos suspeitos pelo assassinato no último domingo (10) de José Ananias Ferreira, de 62 anos, que ficou conhecido depois de receber uma “ordem de despejo” em 2019 da Prefeitura de Goiânia do local onde morava há cerca de 10 anos, embaixo de uma ponte, no Setor Campinas, junto com seus 18 cães e 16 gatos. Depois ele recebeu um terreno da administração municipal no Jardim Petrópolis, no Morro do Mendanha. Ele foi morto com facadas justamente em função de brigas por conta do lote.Segundo a investigação da Polícia Civil, Salatiel estaria insatisfeito com uma ligação que fornecia água para os imóveis da região. Ele se juntou a Joseli Soares, de 49 anos, que está foragido, e que recebeu autorização da vítima para construir um barraco no lote repassado pela Prefeitura.Depois que José descobriu que o local começou a ser frequentado por usuários de drogas, ele pediu a desocupação do espaço. Joseli então ficou revoltado pelos investimentos feitos na construção do barraco e se juntou a Salatiel para matar a vítima com golpes de facão perto do terreno.Leia também:Morador de rua com 18 cães e 16 gatos ganha lote da Prefeitura de GoiâniaDespejoNa época do "despejo" da ponte na Avenida 24 de Outubro, em Capinas, José Ananias disse que só se mudaria caso arrumassem um lugar onde ele pudesse levar os animais. “É a minha família. Minha família humana um pouco está no cemitério, o restante está espalhado pelo Brasil. Minha família aqui são meus gatos, minhas, capivaras, meus peixes, meus cachorros. Eu vivo de doação, catando latinha”, contou.Os moradores vizinhos reclamaram na época de poluição no local e também que um animal estaria avançando nas pessoas.A transferência do terreno no Jardim Petrópolis, na região do Morro do Mendanha, se deu graças à Lei 10.231, que regulamenta a Política Habitacional no Município mediante a doação de lotes ou unidades habitacionais a famílias de baixa renda. Sancionada em agosto de 2018 pelo prefeito Iris Rezende, a lei permite que a administração municipal faça a doação de lotes a pessoas ou famílias em situação de vulnerabilidade social ou que residam em áreas de risco ou de preservação ambiental. Ela foi intermediada também pela Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO).Depois de ganhar o lote, José passou a ajudar outras pessoas na construção de seus imóveis. Outro ponto que chamou a atenção das autoridades foi que, logo após o crime, os cachorros não permitiram que os policiais fizessem a retirada do corpo do terreno. O Corpo de Bombeiros teve de ser acionado para auxiliar na remoção.-Imagem (1.2437967)