Detentos da Casa de Prisão Provisória (CPP) de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal (DF), denunciam que um preso morreu dentro da unidade por omissão de socorro na manhã deste sábado (2). Uma filmagem, feita de um celular de dentro da cela, mostra o corpo do preso em uma cama, com as pernas cobertas com um lençol branco. A juíza de plantão da cidade, Célia Regina Lara, determinou que seja feito um teste para saber se o detento morto tinha o novo coronavírus (Covid-19). A coordenação da unidade prisional nega que houve omissão ou que o preso tivesse o vírus. No vídeo feito de dentro da CPP, um preso com o rosto coberto por uma camiseta branca, denuncia que aquele é o segundo caso de morte dentro do presídio por negligência. Segundo ele, os agentes se negaram a levar o detento doente para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) porque acharam que ele usaria a saída médica para levar um celular para dentro da prisão.“Mais um preso. Já é o segundo nesse quadro aqui. Depois, nós que estamos errados. Aí a gente tem que denunciar. Isso aqui é tudo por causa de negligência deles. Estão pensando que o cara está brincando, que quer ir na UPA, pensando que é para trazer celular, mas não é. Isso é a prova viva. Viva não, por que o irmão morreu aqui, infelizmente, mais um”, descreve o preso encapuzado durante o vídeo. Ele ainda diz que não se sabe o motivo da morte. Segundo ofício do diretor da CPP para o judiciário, o agente de segurança prisional Eduardo Pegoraro, o corpo do preso foi encontrado por volta das 7 horas deste sábado. O detento foi atendido e medicado por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no horário de almoço na sexta-feira (1º). Os profissionais de saúde não teriam feito nenhuma orientação sobre o paciente. “Do momento do atendimento do Samu, até o amanhecer de hoje não houve qualquer tipo de solicitação de atendimento, por parte do interno, e nem tão pouco dos outros presos da galeria ou da cela. Fato este muito estranho, visto que quando qualquer preso está passando mal, os primeiros a gritar por ajuda são os internos”, garante o diretor no ofício. Coordenador da 3ª Regional Prisional, responsável pela CPP, o agente de segurança prisional, Josimar Pires Nicolau do Nascimento, também garante que não houve omissão de socorro. Segundo ele, o preso que morreu não era suspeito de ter o novo coronavírus, tinha problemas renais e estava sendo tratado há dias. De acordo com o coordenador, foram feitos vários atendimentos médicos, com informes ao judiciário, sobre a situação do paciente preso. “Garanto que não houve qualquer negligência. Trata-se de uma fatalidade pela qual lamentamos muito”, diz Nicolau.A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou por nota que procedimentos internos foram abertos para apuração do fato e aplicações de punições disciplinares aos presos que gravaram o vídeo. Além disso, o fato foi comunicado para a Polícia Civil.Ainda na nota, a DGAP reforça que a coordenação da 3ª regional diz que não procedem as informações sobre negligência e que o preso doente já era assistido. O celular utilizado para fazer o vídeo com a denúncia foi apreendido. JudiciárioAo tomar conhecimento do vídeo contendo a denúncia, a juíza plantonista da Comarca de Luziânia, Célia Regina Lara, fez uma série de determinações para a DGAP. Entre elas, a realização do teste de Covid-19 no preso que morreu. O diretor da unidade deve procurar as secretarias municipais e estaduais de Saúde para requisitar a testagem. Na decisão judicial, os fatos são considerados como de grande gravidade, já que não se sabe a causa da morte do detento. Por isso, também foi determinado o isolamento dos detentos que tiveram contato com o preso que morreu.Esses presos e os agentes prisionais que também possam ter tido contato com o detento que morreu devem ser monitorados e testados, caso considerado necessário. A DGAP será oficiada sobre a decisão e deve apresentar um programa de atendimento de detentos com sintomas de coronavírus em 24 horas.