A licitação realizada pela Secretaria Municipal de Administração (Semad) para compra de sabão fornecido à Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) de Goiânia é alvo de investigação da Polícia Civil. As denúncias sobre a aquisição vieram à tona na última quinta-feira (13), quando uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal denunciou que as embalagens distribuídas como material de limpeza não se tratavam de sabão em pó e que podiam ser uma mistura de sal com corante. Laudos preliminares apontam que produto não é sabão, mas também não é sal. O caso está sob responsabilidade da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap).Ainda na quinta-feira, foi lavrado um boletim de ocorrência e a primeira linha de investigação é sobre possível fraude à licitação realizada pela Semad. No total, 181 sacos plásticos de 5 kg - cada unidade - foram apreendidos pela Polícia Civil e seis embalagens foram enviados para exame pericial bioquímico no produto e no rótulo. Apenas o laudo final irá atestar de que produto se trata. Responsável pela apuração, o delegado Ricardo de Pina afirmou que vai solicitar o contrato de licitação do produto à Semad. No total, R$ 8.750 foram pagos por 500 sacos de 5 kg.O titular da Semas, Mizair Lemes Junior, explica que a pasta precisava de sabão e solicitou à Semad, que já tinha uma licitação para compra deste material. Em 18 de março deste ano, o material chegou à Semas e começou a ser distribuído para as 50 unidades que incluem cemitérios, Casa da Acolhida e Centros de Referência de Assistência Social (Cras). O material começou a ser entregue em abril e há duas semanas as denúncias começaram a surgir.“O sabão é usado para limpeza de forma geral: chão, roupas. Ontem (quinta-feira, 13), o vereador (Felisberto Tavares-PR) foi até a Semas e fez um teste. Pegamos duas unidades de lotes diferentes e percebemos que, na água, espumava pouco. Antes de dissolver, parece sal. Chamamos a Vigilância que afirmou que a composição do rótulo está completa e explicou que na composição realmente tem sal. O gosto é de sal. Não sabemos se este material foi adulterado ou se o problema é a qualidade. Não podemos afirmar ainda se houve fraude na licitação ou se houve alteração do produto”, pontuou Mizair. Segundo o vereador Felisberto Tavares, ao colocarem o suposto sabão na água, o corante saiu e restou somente o material branco. O vereador fez imagens mostrando o momento em que coloca o produto na boca. De acordo com ele, o gosto era salgado.fábricaA reportagem entrou em contato com a empresa Tojoquim, dona da marca Ultra Class, que aparece no rótulo do produto. Em nota, a Tojoquim, empresa pela produção do sabão afirmou que jamais vendeu qualquer mercadoria adulterada ou de qualidade duvidosa, pois os artigos são fabricados seguindo as normas da Vigilância Sanitária. “Acreditamos na adulteração posterior”, declara a empresa, que diz estar à disposição das autoridades e que tem “o maior interesse de que sejam desvendadas eventuais fraudes que estão sendo apontadas.”Ainda de acordo com a nota enviada à reportagem, a Tojoquim não tem qualquer participação em suposta fraude, uma vez que, ela não participa de licitações com órgãos públicos, tendo seu mercado voltado para a iniciativa privada.O POPULAR solicitou à Prefeitura de Goiânia, por meio da assessoria de comunicação, o nome da empresa vencedora da licitação, mas a informação não foi repassada até o fechamento desta matéria. A Semad também foi procurada, mas não respondeu até a finalização da matéria.