Laboratórios e planos de saúde e hospitais particulares de Goiânia relataram nesta segunda-feira (16) que há escassez de insumos para a realização do exame que diagnostica o novo coronavírus (Covid-19). O motivo, afirmaram ao POPULAR, é o aumento na procura pelo serviço. Com isso, só são atendidos pedidos com encaminhamento médico. Há locais em que o prazo para sair o resultado foi ampliado e houve acréscimo no preço, na comparação com informações obtidas na semana passada.A situação se configura no momento em que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulga o aumento no número de casos confirmados. Nesta segunda-feira, eles passaram de quatro para nove. Goiânia tem cinco, Rio Verde dois e Anápolis também dois. Ha outros 83 suspeitas em investigação e 54 já foram descartadas.Nesta segunda-feira (16), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, reforçou aos países a importância de se fazer o teste que detecta a presença do vírus para todos os casos suspeitos. O motivo é que o diagnóstico é preponderante para que ocorra o isolamento e, consequentemente, a queda na cadeia de transmissão da doença.A Unimed Goiânia Cooperativa de Trabalho Médico informou que já recebeu, desde a última sexta-feira (13), 50 pedidos para a realização do exame do novo coronavírus e que o teste é feito somente em pacientes com recomendação médica. O exame será realizado no Laboratório Unimed e no Laboratório Padrão e o valor cobrado é de R$ 180, com a coparticipação variando de acordo com cada plano.O Sistema Hapvida, que é proprietário do Grupo América, informou que o exame é realizado nas unidades hospitalares, mas não deu valores e dados sobre a procura.O Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) informou que até agora nenhum usuário da rede procurou pelo exame, mas que está preparado para realizar a coleta domiciliar das amostras em parceira com um laboratório, desde que por encaminhamento médico. O valor do exame é de R$ 150, sendo que usuários pagam 30% do montante. O resultado sai em seis dias.A Ahpaceg, que conta com uma rede de 20 unidades de saúde espalhadas por Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Catalão e Rio Verde, informou estar preparada para atender casos suspeitos. A associação acrescentou que, diante da escassez de kits, “vai restringir a realização desses exames a pacientes internados e em observação”.LaboratórioO Laboratório Órion, na capital, informou que estão sendo realizados exames apenas com indicação médica e que “devido à grande demanda, o exame para detecção do coronavírus está sendo indicado apenas para os casos respiratórios mais graves”. O número de exames realizados no local aumentou sete vezes nas duas últimas semanas. O valor cobrado é de R$ 150 e o tempo de espera é de quatro dias.O Laboratório Padrão, que faz exames para as unidades de saúde associadas à Ahpaceg e também para a Unimed, informou que tem insumos suficientes para atender a demanda dos convênios e também para realizar exames particulares. O atendimento tem sido apenas com indicação médica e o tempo de espera de até seis dias. No início do mês era de apenas 48 horas.O valor também sofreu alterações. No começo de março eram cobrados R$ 180 pelo exame mais uma taxa para coleta domiciliar de R$ 48. Agora o custo é de R$ 250 sem taxa adicional. Todas as amostras são colhidas nas residências dos pacientes. A reportagem solicitou a quantidade de exames que está sendo realizada no local, porém o Hermes Pardini, proprietário do laboratório, informou que não divulga estes dados.O Laboratório Núcleo, informou realizar a coleta domiciliar de material para exames e que “essa medida é importante pois já existe uma falta de reagentes para esse exame em todo País, pela realização de maneira indiscriminada”. O laboratório não informou quanto é cobrado, nem o tempo para sair o resultado.SuspensãoJá o Laboratório Hemolabor informou, em nota, que “estão suspensos na unidade os exames de identificação do novo coronavírus”. De acordo com o laboratório, a medida foi tomada “devido à escassez de insumos para a realização dos testes, que seguem sendo realizados somente pela rede pública e apenas para pacientes sintomáticos com encaminhamento médico”.Sócia-proprietária do Laboratório Citocenter, Maria Paula Rodrigues explica que apesar de todos os profissionais do local estarem capacitados para realizar o exame, ele está restrito apenas a pacientes internados. “Não estão tendo kits para a realização dos exames para todo mundo”, pontua. No local, o exame, que é feito apenas com encaminhamento médico, custa R$ 250 e também leva cerca de seis dias para ser entregue.Na rede pública, o exame é feito pelo Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) e o resultado leva até 72 horas para ficar pronto. Até agora, diz o Estado, ainda não houve problemas com a falta de insumos. Uso de universidade pode ser soluçãoO Sindicato dos Laboratórios de Análises e Banco de Sangue do Estado de Goiás (Sindilabs) afirma que negocia com uma grande instituição de ensino goiana para garantir a oferta de exames do novo coronavírus (Covid-19) nos laboratórios particulares do Estado. Na tarde desta segunda-feira (16), a presidente do Sindilabs, Christiane Maria do Valle Santos, se reuniu com um representante do Instituto de Assistência aos Servidores de Goiás (Ipasgo) e com a Unimed Goiânia Cooperativa de Trabalho Médico para discutir o assunto. “A demanda foi grande e os insumos ficaram deficientes. Estamos tentando resolver esta questão com esta parceria”, explica.A presidente espera concluir a negociação até esta terça-feira (17), assegurando a oferta do exame em, pelo menos, mais cinco laboratórios, que farão coletas domiciliares. “O diagnóstico será realizado dentro da universidade e os laboratórios filiados estarão unidos para gerir um Comitê de Gestão de Crises, viabilizando o atendimento da demanda, inclusive de grandes planos de saúde”, esclarece. Christiane afirma que o reagente vendido por laboratórios particulares ainda não foi validado pelo Ministério da Saúde, que fornece o material para os Estados. “Atualmente, somente três laboratórios no Brasil possuem este reagente que identifica o coronavírus durante análises. Temos equipamento, pessoas treinadas, técnicos capacitados, mas não temos o reagente. Seria uma vantagem gigante para o Estado a possibilidade e auxiliarmos, em caso de necessidade, no volume de diagnóstico”, enfatiza a presidente.Segundo ela, isso vai acabar com o problema da demora de até seis dias para conseguir o resultado do exame. “Por este motivo estamos empenhados em executarmos os exames em universidades e laboratórios goianos. Assim, diminuiremos a espera pelo diagnóstico”, finaliza.