A Polícia Civil de Goiás não descarta a possibilidade de desencadear dentro de pouco tempo uma nova fase da Operação Data Saving que na última quinta-feira (18) cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão na cidade Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Na ocasião foi detido um homem de 34 anos suspeito de usar a internet para se apoderar de dados de pelo menos oito servidores públicos federais com a finalidade de praticar golpes, como empréstimos consignados, compras e portabilidade de salários.Há cerca de dois meses um professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) que está fazendo doutorado na França comunicou à Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) que seus dados foram utilizados de forma indevida para a abertura de contas bancárias, contratação de empréstimos, realização de compras e até mesmo para a portabilidade de salários. O comunicado coincidiu com outra denúncia sobre ocorrência semelhante feita de forma virtual por outro professor da UFG no início da pandemia do novo coronavírus.“No início de abril fizeram empréstimo em meu nome e tentei fazer a denúncia no 4º Distrito Policial em Goiânia, mas como os registros de ocorrência de crimes não violentos estavam suspensos, só me restou a alternativa de registrar o caso na delegacia virtual e fazer a descrição do estelionato”, contou o docente que prefere se manter no anonimato. O fato chegou à Deic ao mesmo tempo em que surgiu a denúncia do outro docente que faz pós-graduação no exterior. Titular do Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (Gref), da Deic, coube ao delegado Cássio Arantes do Nascimento investigar as denúncias. “A princípio são autores diferentes, mas não descarto a possibilidade de ser uma única quadrilha que atua com ramificações.” O delegado e sua equipe descobriram que o computador de onde partiram os acessos fraudulentos ao Sistema de Gestão de Pessoas (Sigepe), que é vinculado ao Ministério da Economia, estava em Valparaíso de Goiás.Na casa do homem, no Entorno do Distrito Federal, foram encontrados comprovantes de uso indevido de contas de seis outros servidores federais, entre eles uma pessoa lotada no próprio Ministério da Economia, outro no Ministério da Agricultura e também administrativos da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Há grande chance de uma pessoa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também ter sido prejudicada, apontam as investigações. O homem detido, que já se encontra na Casa de Prisão Provisória (CPP) no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, disse à polícia que trabalha com empréstimos consignados com um cunhado. Mas o que foi encontrado na residência dele deu certeza aos investigadores de que o mesmo vinha desviando o salário dos servidores federais. O titular do Gref disse ao POPULAR que ainda é impossível saber o montante a que os estelionatários tiveram acesso, enigma que deve ser desfeito na próxima fase da operação.O delegado Cássio Nascimento informou ao POPULAR que as investigações terão continuidade. Ele acredita que novas vítimas surjam. A ousadia dos estelionatários é enorme. O professor da UFG contou que em apenas uma tentativa o pedido de empréstimo ultrapassou a casa dos R$ 100 mil, valores que foram bloqueados a tempo pela instituição bancária.