O Ministério Público de Goiás (MP-GO) enviou ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), uma nota técnica se manifestando contra o Projeto de Lei nº 64/2019, que proíbe o ensino de "ideologia de gênero" em escolas públicas e particulares. O PL foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Goiás no dia 24 de agosto deste ano. A nota técnica aponta que o projeto de lei contém inconstitucionalidades e ilegalidades, além de ser uma afronta ao interesse público. O MP-GO também acredita que a medida limita o pluralismo e a liberdade de aprendizagem no ambiente escolar.O documento ressalta ainda que o projeto impede que valores de igualdade e tolerância se desenvolvam, dando lugar à discriminação e à violência de gênero, reproduzindo o retrocesso. O MP-GO também afirmou que a expressão “ideologia de gênero” vem sendo utilizada de maneira equivocada e distorcida.“O termo 'ideologia de gênero', por sua vez, não dispõe de fundamento científico idôneo e revela, na verdade, a irresignação de determinados segmentos sociais com a efetivação de normas jurídicas de que estabelecem a equidade e o enfrentamento à discriminação de gênero como diretrizes de uma sociedade livre, justa e igualitária”, escreveu.Documento cita decisões do STF e parecer do Conselho Estadual de EducaçãoA nota compara entendimentos do Supremo Tribunal Federal (STF) em questões semelhantes, em julgamentos que declararam a inconstitucionalidade de leis municipais.O documento também é embasado no parecer expedido pelo Conselho Estadual de Educação de Goiás sobre o tema, no qual o órgão se posicionou de forma contrária à aprovação do projeto de lei.A nota foi assinada por oito integrantes do MP-GO que fazem parte da Comissão de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade ou do Núcleo de Diversidade e Combate à Discriminação, por meio do procurador-geral de Justiça Aylton Flávio Vechi.Leia também:- Defensoria sugere veto ao projeto que proíbe “ideologia de gênero” nas escolas de Goiás- Assembleia aprova texto que veta ‘ideologia de gênero’ nas escolas