O procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Flávio Vechi, é enfático em dizer que o afastamento do prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin (PSD), que foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) pela suspeita de ter praticado importunação sexual, que é a prática de atos libidinosos com objetivo de satisfazer o próprio desejo, com uma servidora, é necessário pois facilita as investigações. “O afastamento dá condições para trabalhar em uma apuração. Em razão da própria conduta e como os supostos crimes vêm sendo praticados, novas vítimas também poderão surgir”, pontua. O afastamento ocorreu nesta sexta-feira (21).Vechi diz também que o afastamento se faz necessário por conta do cargo que Tormin exerce. “Temos casos envolvendo servidores. Por isso é preciso impedir a reiteração da prática já que ele é detentor do poder e praticando estas infrações penais ele tem uma ‘proteção’ maior. Além disso, pela própria condição de prefeito e parte das vítimas serem servidores, há o risco de intimidação e eventual interferência na produção de provas”, afirma.Os detalhes da denúncia e o nome dos envolvidos não podem ser divulgados porque o processo corre em segredo de justiça. “Não podemos dar mais informações detalhadas sobre a dinâmica dos fatos que ocorreram, porém eles revelaram gravidade suficiente para que nós pedíssemos o afastamento”, explica o promotor e coordenador da Procuradoria de Justiça Especializada em Crimes Praticados por Prefeitos, Cássio Roberto Teruel Zarzur.O promotor explica que o fato desta denúncia estar sendo investigada pela Procuradoria-Geral de Justiça e as outras denúncias e infrações de natureza de improbidade administrativa se explica pela prerrogativa de foro. “É quando o crime acontece no exercício e em razão do exercício do cargo. Também é preciso que o fato tenha ocorrido durante o mandato atual. Quando não existem estas condições, as investigações seguem através da comarca da cidade”, esclarece Zarzur.O presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO), Waldir Oliveira, explica que caso outra decisão não seja tomada durante o prazo de afastamento, Tormin pode voltar a exercer as funções do cargo normalmente. “Caso não aconteça nada, ele é reintegrado. Até lá quem assume é a vice-prefeita e caso ela não queira, o presidente da Câmara Municipal”, diz. Oliveira não acredita na possibilidade de que Tormin seja exonerado do cargo. “É quase impossível ele ser julgado este ano por causa do tempo processual das instâncias. Porém, esta é uma das sanções que ele pode sofrer além da prisão com reclusão de um a cinco anos e multa”, esclarece.LuziâniaA vice-prefeita de Luziânia, Edna Santos (Pros), que assumiu o município nesta sexta-feira, afirma que só soube da mudança neste dia. “Fui pega de surpresa como todos. Porém, não quero causar desespero. Por isso, peço que a comunidade mantenha a tranquilidade, pois estamos aqui para trabalhar. Durante a tarde tive reuniões com os secretários municipais e as coisas estão sendo alinhadas”, diz.O presidente da subseção da OAB-GO de Luziânia, Luciano José Braz de Queiroz, afirma que o órgão está acompanhando a questão e pronto para se posicionar caso necessário. “Estamos avaliando e pronto para ter a conduta adequada caso seja necessário”, conta. Queiroz diz ainda que a população da cidade está estarrecida com o afastamento. “Isso nunca aconteceu na cidade e é algo que nos choca. Porém, acreditamos que se a Justiça tomou esta decisão foi em cima de algo bem definido”, enfatiza.A assessoria de imprensa do Partido Social Democrático (PSD) não se pronunciou sobre o assunto, porém o deputado estadual Wilde Cambão (PSD) diz que acredita na inocência do prefeito afastado. “Tem uma forte armação política nesta história. Ele disse que não cometeu o crime e que tem provas disso”, frisa o deputado. Cambão também afirma que não considera que o afastamento provoca uma crise de imagem no partido. “É um fato novo e confiamos que ele será investigado. O PSD é um partido forte que não será afetado por isso”, explica.A reportagem tentou contato com o prefeito de Luziânia, mas nenhum dos três números dele atendeu. A defesa do político não foi localizada.