A efetiva punição de motoristas infratores tem demonstrado resultados positivos no comportamento do condutor no trânsito, mostra a quarta reportagem da série Por que dirigimos assim. As estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) demonstram que, nos últimos sete anos, 88% dos motoristas que perderam a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por ignorar as leis, excedendo 20 pontos no documento, não voltaram a cometer uma infração sequer. Segundo dados do órgão, quase 6 mil condutores tiveram a carteira de motorista suspensa entre o ano passado e esse ano. Quem encara as ruas sem limites é obrigado, pela lei brasileira, a retornar ao banco da escola. Pela frente, o motorista infrator terá de cumprir o prazo de suspensão da CNH - que varia, em média, de um mês a um ano - e um curso de reciclagem de 30 horas com conteúdo sobre legislação de trânsito, direção defensiva, relações interpessoais e primeiros socorros. Trata-se de um curso ministrado pelos próprios técnicos do Detran-GO com o dobro de horas do curso exigido para tirar a primeira carteira de motorista. Informação “Muitos dos condutores chegam aqui cabisbaixos, constrangidos, mesmo. E vários deles negam que tenham sido os responsáveis pelas infrações registradas em seu documento de habilitação, o que demonstra, também, falta de informação em relação à legislação de trânsito”, frisa Lucilene da Silva, da Gerência de Formação de Condutores de Veículos do órgão de trânsito. Ela refere-se à necessidade de se comunicar ao Detran-GO, por exemplo, quando da venda de um automóvel a terceiro, ainda que não seja providenciada a transferência imediata da documentação deste. Essa comunicação pode ser feita, gratuitamente, em qualquer agência do Vapt-Vupt, por exemplo. A medida contribuiria para que motoristas que efetivamente infringiram a lei pudesse passar pela reciclagem. Segundo Lucilene, a maior parte dos condutores que passam pelo curso cometeram infrações como excesso de velocidade, uso do celular ao volante, beberam e dirigiram, envolveram em acidentes com vítima. “Não hã dúvida de que a maioria deixa o curso com uma nova visão das ruas. Ficar impedido de dirigir é muito forte”, declara Lucilene. O diretor-técnico do Departamento de Trânsito de Goiás, Horácio Santos, destaca que o órgão toma para si a responsabilidade de oferecer a formação porque entende este como um dos poucos momentos que o departamento tem de trabalhar a educação de trânsito diretamente com o motorista infrator. “Esse motorista termina a reciclagem e recebe a carteira dele zerada. Por isso, priorizamos neste momento a psicologia do trânsito, cidadania e relações interpessoais”, acentua. “O que muda comportamentos são estes constrangimentos sociais saudáveis”, completa o diretor.-Imagem (Image_1.314779)