Tristeza e revolta marcaram o velório do menino Diogo Soares Carlo Carmo, de apenas 5 anos que morreu na tarde da última quinta-feira (28), na sala de espera do Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. O menino, portador de Síndrome de Down aguardava transferência para um leito de internação na unidade junto com outras 13 crianças que ainda esperam pela liberação das vagas. A morte foi registrada às 13h55 e o velório está sendo realizado na manhã desta sexta-feira (29), em uma igreja no Jardim Guanabara, na capital.Tia-avó da criança, Divina Soares participou do velório, e ainda sem conseguir acreditar na morte do sobrinho, conta que ele era a alegria da família. Diogo morava com a mãe Carol e com os avós maternos. O pai, Diego Washington Pereira é motorista de caminhão e se separou da mãe há mais de três anos. Ele não sabia que o filho tinha adoecido e só recebeu a notícia após a morte. A mãe, ainda em estado de choque, chorava ao redor do caixão.Diogo começou a passar mal na madrugada de terça-feira (26) quando umas manchas apareceram pelo corpo todo e a família o levou ao Centro de Atenção Integrado à Saúde (Cais) de Campinas. “O médico disse que era uma alergia, passou uma pomada, nós fomos embora e achamos que estava tudo bem. As manchas sumiram, mas ele começou a sentir falta de ar, ficou com a barriga inchada e não queria se alimentar. Também vomitou e minha irmã levou ele para o Materno Infantil na madrugada de quarta-feira (27)”, explicou Keith Lorrane Soares, de 25 anos, tia da criança.O menino e a mãe ficaram sozinhos no corredor do hospital por mais de 11 horas. Eles chegaram por volta de 3h e a morte foi confirmada às 13h55. Lá, de acordo com a família, ele teria passado por exames que descartaram pneumonia e dengue. Tomou aerossol, recebeu soro e continuou no colo da mãe e na própria cadeira de rodas, já que não havia maca. De acordo com o Hospital, ele teria passado pela classificação de risco e foi classificado como ficha amarela, que significa urgência. “O quadro evoluiu com muita gravidade e ele não respondeu às manobras de ressuscitação da sala de reanimação”, afirma a nota do HMI.“Goiás está pedindo socorro. Quantos Diogos terão que morrer para que seja feita alguma coisa. Diogo morava com a mãe, era o orgulho da família e foi uma criança muito feliz. Mas o que a mãe dele está passando, não queremos que outras mães passem. Ele ficou sem cuidado, sem acompanhamento”, afirma a tia-avó Divina Soares, de 53 anos.O Corpo de Diogo foi enviado inicialmente para o Serviço de Verificação de óbito (SVO) e, na unidade, coletado material para investigar a morte. Serão realizados testes para H1N1, dengue ou meningite. Ainda não há previsão de quando esses laudos ficarão prontos e os resultados são entregues direto para a família. O sepultamento está previsto para as 15 horas no Cemitério Jardim da Saudade, no Parque dos Buritis, na capital.