De R$ 1,99 bilhão de recursos desbloqueados pelo Ministério da Educação (MEC), R$ 33,2 milhões foram liberados para universidades e institutos federais em Goiás. Segundo informação do MEC, os valores já estão disponíveis para despesas de custeio das instituições, como água, energia elétrica, aquisição de materiais de consumo e outras prestações de serviço.Para a Universidade Federal de Goiás (UFG) foi liberada a maior parte, R$ 17,333 milhões, mas o montante inclui verbas especificamente destinadas às regionais de Catalão (R$ 1,831 milhão) e de Jataí (R$ 2,094 milhões). Ambas em processo de desmembramento da UFG para se tornarem completamente autônomas. Legislação que cria as universidades federais de Catalão e de Jataí foi sancionada em março de 2018.Excluindo os recursos destinados às duas, para as regionais da UFG de Goiânia e cidade de Goiás, o recurso liberado soma R$ 13,408 milhões, metade dos R$ 26,5 milhões do orçamento previsto para custeio da universidade que estava bloqueado. O montante ainda é menor do que as dívidas que as regionais acumulam de junho até setembro com prestadores de serviços: R$ 21,3 milhões.A UFG informou, por meio da assessoria de imprensa, que os recursos desbloqueados já foram creditados e serão usados para o pagamento de contas atrasadas, como energia, água e empresas terceirizadas. Ainda segundo a universidade, não há previsão de novos desbloqueios. O reitor, professor Edward Madureira, informa que apesar do recurso liberado pelo MEC não pagar todo o valor em débito, a situação cai para uma “relativa normalidade”, visto que contratos com alguns dos fornecedores preveem a continuidade da prestação de serviço mesmo com o pagamento até 90 dias atrasado.Entre as principais dívidas que as regionais de Goiânia e cidade de Goiás da UFG acumulam estão R$ 5,4 milhões com o serviço de segurança, R$ 4,9 milhões com energia e R$ 4,4 milhões com serviços de limpeza.No último domingo o POPULAR mostrou que, segundo a universidade, apesar das dívidas com os fornecedores, ainda não havia ocorrido corte ou paralisação em nenhuma área da instituição. A reportagem, no entanto, trouxe relatos de alunos e servidores da UFG sobre reflexos que vinham sentido em função dos bloqueios.DivisãoSegundo o MEC, para os institutos federais em Goiás foram liberados ao todo R$ 15,8 milhões, sendo R$ 8,296 milhões para o Instituto Federal Goiano (IF Goiano) e R$ 7,571 milhões para o Instituto Federal de Goiás (IFG).O anúncio do início da liberação dos recursos que, segundo o MEC estavam bloqueados em razão da Lei de Responsabilidade Fiscal, aconteceu em coletiva na manhã desta segunda-feira (30), em Brasília. Na ocasião, foi informado que dos R$ 1,99 bilhão liberados, ao todo, 58% vão para universidades e institutos federais, totalizando R$ 1,156 bilhão.Ainda conforme divulgado pelo MEC, o restante dos recursos desbloqueados “vai atender a educação básica, a concessão de bolsas de pós-graduação e a realização de exames educacionais, por exemplo”.Apesar do anúncio do ministério, seguem mantidos eventos nesta semana, que têm entre os organizadores o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), com intuito de mostrar a importância da UFG para a sociedade, lutar contra o Programa Future-se e para que a UFG continue funcionando até o fim do ano. Para esta quarta-feira (2), das 8 às 12 horas, está prevista aula pública com debates para divulgação das atividades e pesquisas que são promovidas nas instituições de ensino, na Avenida Goiás entre a Rua 3 e a Avenida Anhanguera, no Centro. Na quinta-feira (3), está marcada passeata, com concentração a partir das 16 horas, na Praça Universitária. 4 perguntas para Edward MadureiraReitor da UFG fala sobre os reflexos do desbloqueio de parte da verba de custeio destinada às regionais de Goiânia e cidade de Goiás1 - O que representa este desbloqueio de 13,4 milhões para a UFG neste momento?Representa a possibilidade de a gente continuar funcionando. Não resolve nossos problemas de maneira definitiva, mas nos dá um fôlego para um mês, um mês e meio. Mas nossa realidade exige para além do desbloqueio do restante, a gente precisa de uma suplementação orçamentária, para que tenhamos a tranquilidade de usar todo potencial e energia da universidade para o desenvolvimento. O que exige recursos básicos para o funcionamento da instituição.2 - Qual o orçamento mínimo esperado para 2020?Há perspectiva que se repita o de 2019 (R$ 100,1 milhões antes dos cortes e R$ 64,6 milhões disponíveis), que independentemente dos bloqueios se mostrou insuficiente. Precisaríamos de um orçamento de mais ou menos R$ 120 milhões, e, além de ter um orçamento definido, ter uma regularidade de liberação, para não passar por essa ansiedade de ‘desbloqueia, não desbloqueia’.3- E qual a prioridade de uso do recurso liberado ontem (30)?Regularizar parte da dívida para voltar a ter uma normalidade entre aspas. 4- O que esperar para a universidade até o fim do ano? Espero no mínimo um novo desbloqueio dos recursos restantes e trabalhar numa suplementação orçamentária para começar 2020 numa situação melhor. A gente precisaria de pelo menos R$ 12 a R$ 13 milhões além dos 13,4 milhões bloqueados pra chegar 2020 sem dívida.R$ 15 milhões para IFG e IF GoianoPara os institutos federais em Goiás o maior montante liberado pelo Ministério da Educação (MEC) foi destinado ao Instituto Federal Goiano (IF Goiano), R$ 8,296 milhões. Para o Instituto Federal de Goiás (IFG) o desbloqueio foi de R$ 7,571 milhões. Em nota, o pró-reitor de Administração do IFG, professor José Carlos Barros, informou que já constava do sistema financeiro do MEC a autorização para gastos de até 80% do orçamento. “Isso significa que dos 30% que haviam sido contingenciados, houve liberação de 10%”. O uso dos recursos, segundo afirmou, será o previsto no orçamento: custeio, e em especial, funcionamento. O IF Goiano, também em nota, informou que com o valor liberado chegam a 80% do limite orçamentário previsto para a instituição neste ano.Ao todo, foram bloqueados do orçamento do IF Goiano R$ 18,039 milhões, os R$ 8,2 milhões liberados vêm cobrir parte disso. Porém, até esta segunda-feira, a instituição disse que ainda não havia sido informada de como será a distribuição destes recursos nas dotações orçamentárias. Tanto o IF Goiano quanto o IFG informaram que as instituições vêm sofrendo com as consequências do contingenciamento orçamentário, que afetaram atividades como a realização de visitas técnicas.-Imagem (1.1898828)