Atualizada às 22h15Os municípios de Goiás encerraram a segunda semana de janeiro com até 62 vezes mais casos de Covid-19 em relação às cinco semanas anteriores. Levantamento feito pelo POPULAR mostra que das 246 cidades goianas, ao menos 111 tiveram aumento superior a 100% na comparação dos registros. Nos municípios mais afetados, as gestões públicas já adotam medidas que buscam frear a disseminação.A atualização dos dados desta semana ainda está em curso. Os dados são repassados pelos municípios para plataforma própria do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde o início da pandemia, os números demoram até uma semana para serem lançados no sistema. Ainda incompletos, os últimos sete dias já são os piores em registro de contaminações desde a terceira semana de outubro do ano passado.Os números da pandemia ficaram comprometidos a partir da segunda semana de dezembro. Por conta de um ataque hacker, o banco de dados do SUS ficou instável até a primeira semana deste mês. Para ter uma média semanal, este levantamento considerou todos os registros de casos entre o início da primeira semana de dezembro e a primeira semana deste mês. Assim, a média semanal é resultado da soma de todos os dias divididos por cinco, que é a quantidade de semanas.Entre as 246 cidades, 133 já apresentam aumento. Outras 79 ainda não atualizaram os números e outras 31 aparecem com aparente redução de casos. O cenário, porém, é de alta generalizada. É o que afirma a secretária-executiva do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems-GO), Jaqueline Oliveira. Segundo a representante, todas as cidades reportaram aumento.“Hoje nós não temos os dados finalizados, mas as cidades ampliaram a testagem e o número de positivos”, diz Jaqueline. No acumulado de todos os municípios, já são cerca de 8 mil casos registrados em sete dias. A margem é bem superior à segunda semana de outubro, quando o registro ficou em 3.888, a novembro, com 2.503 e a dezembro, com 646, sendo o último já influenciado pelo apagão sofrido pelo sistema do SUS.Em Pontalina, cidade com cerca de 18 mil habitantes, eram cinco os registros semanais até a última semana do mês passado. Com aumento abrupto da demanda por testes, o secretário municipal de Saúde da cidade, Sebastião Rosa, diz que a testagem foi ampliada. O resultado foi um salto para mais de cem testes positivos por dia. Só os casos já lançados nesta semana somam 322 até a noite desta sexta-feira (14), um aumento de 6.000% na comparação com as médias anteriores.“Até a terceira semana de dezembro não tínhamos nenhuma pessoa internada e só um teste positivo por dia no nosso posto. Para ver a questão dos impactos das festas do fim do ano nós fizemos um contrato com a Secretaria Estadual de Saúde para fazer a testagem ampliada. Foram 2.600 testes feitos e em torno de 1.400 positivos. Nós nunca tivemos isso durante toda a pandemia”, relata Rosa. Em apenas um dia a cidade chegou a contabilizar 145 infecções pela doença. Na cidade de Morrinhos, que tem pouco mais de 45 mil habitantes, os registros passaram de 13 semanais para 142 nesta semana. O secretário municipal de Saúde, José Ricardo Mendonça, diz que apesar do aumento, ainda não há sobrecarga do sistema de saúde da cidade. “Até aqui uma situação mais branda, sem ninguém em UTI”Em Cromínia, que tem pouco mais de 3,5 mil habitantes, os registros foram de 7 para 110. “Desde o início da pandemia nós não tivemos nenhuma semana com mais de 15 casos por semana. Quando você começa a ter 110 é assustador”, diz o secretário municipal de Saúde, Fernando Cardoso, que cita que a cidade amplia medidas de restrição à circulação de pessoas.Preparação para sobrecargaApesar de os gestores apontarem que ainda não há sobrecarga nos sistemas municipais de saúde, há alerta sobre a possibilidade dos impactos começarem a serem sentidos nas próximas semanas. Para Jaqueline, do Cosems, as cidades seriam pegas desprevenidas por falta de recursos. “Hoje nós não temos os insumos necessários, não temos seringas, por exemplo”, diz a secretária, que também cita dificuldades com recursos humanos. Entre os problemas, as gestões já encontram dificuldades para comprar testes e medicamentos por conta da alta demanda. O secretário municipal de Saúde de Pontalina diz que os pedidos para distribuidoras de remédios e testes estão com prazo de até 20 dias. “A rede privada não está tendo fornecimento imediato. Por enquanto nós temos um estoque e vamos fazer até esgotar ele”, detalha Rosa. Mesmo que o aumento não esteja refletindo em sobrecarga nas redes municipais, a ocupação de leitos para tratamento da doença tiveram aumento de 130% nos últimos 21 dias nos hospitais da rede estadual. Com a alta na demanda, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) abriu 21 novos leitos em quatro dias. Mesmo assim, até a noite desta sexta, a ocupação estava em 88%.Os leitos estaduais são a única alternativa de municípios como Cromínia. “Todos os nossos casos que precisam de hospitalização são via regulação pela rede estadual. O município tem apenas um centro de testagem. UTI nós não temos nem para outras finalidades”, detalha Cardoso.Mesmo para Goiânia, a reativação de leitos de UTI carrega complexidade. Conforme já mostrado em reportagem sobre a situação da capital, o secretário Durval Pedroso diz que, mesmo com reservas técnicas, o acréscimo deve ser feito de forma cautelosa. “Hoje, os equipamentos existem, eles foram adquiridos, o que é importante acompanhar é que pode impactar na questão de recursos humanos”, destacou.Mais localidades adotam restriçõesDiante do crescimento nos registros dos casos de Covid-19 nos municípios goianos, mais cidades adotam medidas de restrição. Até a noite desta sexta-feira (14), ao menos seis cidades já haviam anunciado decretos para tentar frear a disseminação do vírus. Determinações incluem suspensão de eventos e até toque de recolher durante a madrugada. Entre os municípios que decidiram pela adoção das medidas estão a cidade de Goiás, Senador Canedo, Jaraguá, Itaberaí, Pontalina e Cromínia. Mesmo onde ainda não divulgaram decretos, prefeituras buscam estratégias de conscientização. O secretário municipal de Saúde de Morrinhos, José Ricardo Mendonça, diz que o carro de som utilizado para conscientizar a população voltou a circular. “Estamos tentando evitar medidas drásticas, de ter de fechar as coisas. O carro de som está na rua, orientando sobre os protocolos de segurança. Estamos fazendo o possível, mas a população não tem responsabilidade, é essa a verdade”, diz Mendonça sobre o que está observando na cidade. Em decreto publicado nesta semana, a prefeitura da cidade de Goiás proibiu grandes eventos e determinou toque de recolher de 1h às 6h da manhã. A cidade teve mais de 400 casos confirmados na última semana. Pousadas e hotéis tiveram a capacidade de ocupação reduzida de 80% para 70%. Já em Senador Canedo, a decisão foi por limitar em 50% a capacidade de receber público no comércio, bares, restaurantes, além de eventos e igrejas. Neste caso, as regras valem pelo menos até o início da semana que vem.Em Itaberaí, desde o último fim de semana, ficou limitada a capacidade de ambientes que recebem o público em até 40%, com limite de 200 pessoas, sendo mil para locais abertos. Além do uso obrigatório de máscara, a aferição da temperatura nos supermercados e congêneres, bem como a oferta de álcool em gel, foram reforçados como obrigatórios.Enquanto isso, em Jaraguá, as festividades que envolvam o carnaval foram proibidas. Atividades religiosas ainda podem ocorrer, mas com o limite de 50%. Esta mesma redução no público também foi definida para academias, bares, restaurantes e comércio.Para Goiânia, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos), depois de reunião com representantes do segmento de eventos na tarde desta sexta-feira, anunciou, por meio de nota, que até a próxima quarta-feira (19) serão divulgadas as novas medidas restritivas em Goiânia, devido ao avanço da variante ômicron do vírus da Covid-19. Cruz pediu aos representantes, durante o encontro, que reúnam informações sobre a agenda cultural e encaminhem sugestões de medidas preventivas para a realização segura dos eventos. “Os dados levantados pelo segmento vão subsidiar a construção de um novo dispositivo, com regras que garantam a continuidade das atividades na capital com a devida atenção que a saúde pública municipal exige neste momento”, diz o texto enviado pela assessoria do prefeito.Com isso, antes da divulgação do decreto, a Prefeitura vai fazer uma nova reunião com o segmento na segunda-feira (17). Caldas NovasEm Caldas Novas, está marcado para ocorrer, na próxima segunda-feira (17), um pronunciamento do secretário de Turismo sobre o carnaval e também há discussão sobre a possibilidade de restrição ao comércio e aos eventos. Oficialmente, a administração informa que ainda não há nada definido. (colaboraram Elisama Ximenes e Katherine Alexandria)Anvisa quer liberar autoteste nos próximos diasA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trabalha para regulamentar nos próximos dias a permissão de uso do autoteste de Covid-19 no Brasil.Pressionado pela explosão da demanda por exames causada pelo avanço da variante ômicron do coronavírus, o Ministério da Saúde pediu nesta quinta-feira (13) para a agência liberar o exame que pode ser feito em casa.Técnicos da agência trabalham em uma resolução que precisa ser aprovada pela Diretoria Colegiada do órgão. Tradicionalmente, uma reunião entre os diretores é convocada para votar estes textos.Como o tema é considerado urgente, a resolução pode ser publicada “ad referendum”, ou seja, passaria a valer logo e o conteúdo seria referendado em outra ocasião pela diretoria.Neste rito abreviado, técnicos da agência tentavam finalizar a resolução nesta sexta-feira (14), mas os detalhes do texto ainda estão sendo fechados. A ideia é não deixar o tema se alongar e divulgar uma resolução no máximo até o começo da próxima semana.A data de publicação ou votação do documento ainda está em discussão na agência. Técnicos afirmam que a resolução deve ser feita com cautela, pois vai balizar o mercado de autotestes. Se tiver falhas, pode levar à judicialização ou até barrar a entrada de alguns modelos de exames.Integrantes da agência ainda consideram que a nota técnica enviada pelo ministério tem lacunas, por exemplo, em orientações sobre a notificação de resultados positivos e isolamento de contatos de quem estiver infectado.A testagem no Brasil está centrada em clínicas, farmácias e serviços públicos, que não estão conseguindo atender à demanda diante da circulação da variante ômicron.Utilizado há meses em outros países, os autotestes são proibidos no País por causa de uma resolução da Anvisa de 2015. Pela regra, o ministério precisa propor uma política pública para liberar a entrega dos exames ao público leigo.O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta sexta que o autoteste pode auxiliar a desafogar as unidades de saúde, mas sinalizou que os produtos não devem ser comprados pelo governo federal.“O Brasil é um país muito heterogêneo, de muitos contrastes. A alocação deste recurso para aquisição de autoteste, distribuir para a população em geral, pode não ter resultado da política pública que nós esperamos”, disse o ministro à imprensa.Presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Gouvêa disse à reportagem que os autotestes devem ser mais baratos que exames de antígeno vendidos em farmácia. “Hoje a gente vê valores de 70 reais a 150 reais (de testes de antígeno) nas farmácias. O autoteste deve ficar de 45 reais a 70 reais”, afirma Gouvêa.Na proposta envidada à Anvisa, o ministério orienta que pacientes que detectaram a infecção pelo autoteste procurem atendimento em unidade de saúde ou teleatendimento. (Folhapress)Brasil registra mais de 110 mil casos, 3º maior valor da pandemiaO Brasil registrou 110.037 casos de Covid, nesta sexta-feira (14), o terceiro maior número já registrado em toda a pandemia.Nos dias que lideram o somatório de casos, houve registro de acúmulo de dados represados. Foram eles 23 de junho de 2021, com 114.139 casos e 18 de setembro do mesmo ano, com 125.053 infecções.A explosão de casos de Covid neste início de ano ocorre em meio à expansão da ômicron no Brasil.Durante o mês de dezembro, após um ataque hacker aos sistemas do Ministério da Saúde, diversos estados relataram dificuldades de registro. Apesar de a pasta afirmar que os sistemas foram normalizados ainda em dezembro, parte dos dados pode ser fruto do represamento. Mesmo assim, a elevação rápida das taxas de ocupação de leitos para Covid pelo País aponta o espalhamento e impacto da ômicron.O País também registrou 238 mortes por Covid. Com os dados desta sexta, o País chega a 620.847 vidas perdidas e a 22.925.864 pessoas infectadas desde o início da pandemia da Covid-19, que é provocada pelo coronavírus (Sars-CoV-2).As médias móveis também cresceram substancialmente em relação aos dados de duas semanas atrás. A média de mortes teve aumento de 42% e chegou a 138 óbitos por dia. A média de casos a 68.160 infecções diárias, aumento de 743%.Os dados do País, coletados até 20h, são fruto de colaboração entre Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são recolhidas pelo consórcio de veículos de imprensa diariamente com as Secretarias de Saúde estaduais.A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorreu em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. (Folhapress)-Imagem (1.2387244)