Nos municípios brasileiros, 68% da média de nota dos estudantes na prova objetiva do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é impactada por fatores socioeconômicos, conforme revelou uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (17) na revista de Administração Pública da FGV-SP. Já é de conhecimento público que o contexto social e econômico em que o aluno está inserido tem impacto em seu desempenho no exame. Contudo, o novo estudo conseguiu mensurar esses efeitos e identificar a interferência de variáveis como renda familiar, acesso a bolsas, raça e nível de educação das mães.No artigo, intitulado ‘Impactos das variáveis socioeconômicas no desempenho do Enem: uma análise espacial e sociológica’, os pesquisadores cruzaram microdados do Enem, do Censo Escolar e do IBGE, de 2018, e chegaram a estatísticas que podem servir para embasar políticas públicas de mitigação da desigualdade social existente no ensino do país. Ao final, o estudo chegou a uma lista de dez fatores que mais impactam no resultado do Enem, agrupadas em variáveis econômicas, raciais, de perfil instrucional da mãe, de incentivo escolar e de infraestrutura e ensino escolares.Assim, a conclusão é que, a depender dos indicadores do município, os fatores vão representar aumento ou diminuição na média do resultado dos alunos em relação à média nacional, que, em 2018, foi de 507,7. Em outras palavras, é como se fosse possível prever 68% da média de notas de um município na prova.Os pesquisadores também observaram que a desigualdade social no ensino deverá tornar-se mais acentuada nos próximos anos em virtude dos prejuízos ocasionados pela pandemia de Covid-19. Assim, a ideia do estudo é que, com informações mais precisas, esses dados sirvam para auxiliar os governos nas esferas federal, estadual e municipal a criarem políticas públicas específicas que atuem de modo a identificar e corrigir problemas que afetam o desempenho escolar de estudantes das diferentes partes do país.