A vazão média do Rio Meia Ponte entre terça-feira da semana passada (20) e esta segunda-feira (26) chegou a 2.786 litros por segundo (l/s), conforme o cálculo das vazões disponíveis na Sala de Situação da Saneago. O número, se confirmado, levará a classificação da bacia como em nível crítico 3, que é previsto em caso de média inferior a 2.800 l/s em sete dias consecutivos. Se chegar a um nível abaixo, o 4, com vazão menor a 1.500 l/s, há previsão para rodízio no fornecimento de água em parte da região metropolitana de Goiânia.A previsão de rodízio consta em plano de racionamento apresentado pela Saneago aos órgãos de regulação enquanto a vazão média do rio ainda estava no nível crítico 1 (menor que 4.300 l/s), em atendimento a deliberação do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Meia Ponte. O plano foi aprovado nesta terça-feira (27) pela Agência Goiânia de Regulação (AGR) e, segundo a deliberação do comitê, sua implementação está prevista já a partir do nível 3. No documento, porém, a empresa de saneamento informa que o rodízio no abastecimento só vai ocorrer caso a vazão chegue aos 1.500 l/s.Segundo o presidente da Saneago, Ricardo Soavinski, o plano de racionamento da empresa prevê uma série de medidas estruturais e também de operação. “Estruturais a Saneago fez tudo que estava previsto”, diz o presidente, que cita como um dos exemplos a interligação dos dois sistemas de produção, Meia Ponte e Mauro Borges, que já está funcionando plenamente, complementando a produção do sistema Meia Ponte com 800 l/s.Soavinski cita que o plano prevê também medidas operacionais. “Como redução de pressão, uma série de coisas, que também foram feitas, e, em última instância um possível racionamento, que seria a alternância de uso da água”.Em caso de necessidade de rodízio, o plano da companhia prevê um dia sem água, outro com abastecimento em estabilização e o dia seguinte, estabilizado e abastecido. Conforme o documento, a alternância de bairros que podem ser afetados será amplamente divulgada, com antecedência de 48 horas, contendo as informações quanto aos períodos e datas de paralisação e/ou intermitências do abastecimento de água.“A gente crê fortemente que ele (o rodízio) não será necessário”, afirma o presidente da Saneago. Ele cita, porém, que tudo vai depender de como vai se comportar o volume de vazão do Rio Meio Ponte devido a outros usos e também ao consumo da cidade. “Acredito que falte de quatro a seis semanas ainda do período de estiagem e passe esse período sem precisar fazer o rodízio.” Ele acrescenta, porém, que é preciso “ficar sempre em alerta”. “Tudo que a gente fez tem que dar certo.”O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), porém, não descarta risco de desabastecimento da região metropolitana em função da atual crise hídrica. À convite de procuradores do órgão, nesta terça-feira representantes dos órgãos reguladores do Estado (AGR) e município (ARG), da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semad Goiás) e da Saneago estiveram reunidos, a portas fechadas, na sede da procuradoria.“Já há um contingenciamento, já há uma redução, uma determinação de que haja menos captação (50% das outorgas), mas isso não tem sido suficiente para garantir que não haja um racionamento na região metropolitana de Goiânia”, citou a subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MP-GO, Laura Bueno, sobre as razões para o pedido da reunião, nesta terça-feira.Segundo ela, ficou definido que os órgãos envolvidos nessa discussão da crise hídrica vai ter uma reunião específica dentro da Saneago amanhã nesta quinta-feira (29). Laura afirma, que o que o MP-GO quer, é que a fiscalização por parte dos órgãos responsáveis aumente. “A Semad informou aqui que está ampliando a fiscalização. A Semad também e as agências reguladoras vão nos fornecer outros dados mais atuais para o Ministério Público analisar até o final dessa semana a possibilidade inclusive de judicializar a questão”. A ‘captação zero’ de água da bacia por particulares não foi descartada como última hipótese.