Na mesma semana em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou a redução de parceiros sexuais para evitar o aumento da transmissão da monkeypox, inicialmente conhecida como a varíola dos macacos, a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO) registrou 12 casos da doença no estado, além de um classificado como “provável”. O órgão reforça que a forma de transmissão pode ser variada e se preocupa com a estigmatização da doença, já que pode afastar os grupos mais vulneráveis dos postos de saúde.Até o início da tarde desta quinta-feira (28), além dos já confirmados, havia 39 suspeitos, de acordo com o informe da SES-GO sobre a doença. Dentre os confirmados, 9 pessoas teriam contraído a doença por meio de contato íntimo com desconhecidos ou contatos casuais. Porém, não é possível afirmar que houve relação sexual: a infecção pode ter ocorrido por meio da saliva, toque e outros contatos físicos. As cidades de Itaberaí, Trindade, Formosa, Valparaíso e Luziânia também possuem casos suspeitos da doença. Goiânia e Aparecida são os municípios com maior número de casos em Goiás.Tedros Adnahom, diretor-geral da OMS, afirmou nesta quarta (27) que cerca de 98% dos diagnósticos se concentram em homens que fazem sexo com outros homens. Neste cenário, Divânia Dias da Silva França, superintendente de vigilância em saúde em substituição da SES-GO, esclarece que é de grande preocupação por parte de todas as organizações de saúde tratar a monkeypox como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), pela possibilidade de promover uma discriminação e as pessoas não se atentarem às outras maneiras de contaminação (veja quadro).“A partir do momento em que a gente coloca o componente sexual, pode estigmatizar a doença e retardar ou manter ocultos pacientes que precisam ser tratados rapidamente”, afirma Divânia. Ainda que a maioria dos casos mundiais até o momento ter sido detectado no masculino, pessoas heterossexuais com múltiplos parceiros também podem contrair a varíola dos macacos. E, diferente de outras infecções e doenças sexualmente transmissíveis, somente o uso do preservativo não é capaz de impedir a manifestação da monkeypox.Divânia ressalta que a principal maneira de conter a transmissão é que a pessoa infectada seja devidamente isolada de contatos sociais até a recuperação da doença, que pode levar até um mês. “Existem outras vias de contato com secreção. Às vezes o paciente utiliza preservativo, mas no sexo tem beijo, contato de pele, sexo oral, que pode favorecer a infecção. O mais importante é seguir o tratamento e se isolar, independentemente da forma de contágio”, explica a superintendente.Além disso, Divânia indica que o grupo de risco principal da doença são crianças, pessoas imunossuprimidas e gestantes. Sendo assim, é necessário que as pessoas tenham cuidado para não negligenciar esta população. “Durante muito tempo, a comunidade ficou extremamente estigmatizada e a OMS tem tomado cuidado, e a mídia também precisa se atentar, para não fomentar a narrativa”, relembra a representante a respeito do cenário vivido pelos homens que fazem sexo com outros homens quando surgiu a aids.Além disso, confrome Divânia, o estigma recua outras pessoas do tratamento. “Por não quererem ser associados, essa visão pode afastar outras pessoas, também contaminadas, dos postos de saúde”, comenta.As Secretarias Municipais de Goiânia e Aparecida estão seguindo as orientações da SES e mantêm as recomendações do uso de máscaras faciais e higienização.Leia também:- Número de casos suspeitos de varíola dos macacos em Goiás chega a 32- Casos graves da varíola dos macacos são mais comuns em pessoas imunossuprimidas- Varíola dos macacos foi transmitida durante sexo em 95% dos casos, aponta estudo-Imagem (1.2499832)