A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia monitora três pessoas após a confirmação do primeiro caso suspeito da varíola dos macacos em Goiás: a própria paciente, que tem 43 anos, e dois familiares, que vivem com ela na mesma casa. A mulher está em boas condições de saúde, e o resultado do exame que pode confirmar a doença deve sair ainda esta semana.A SMS foi notificada no sábado passado (25). A mulher procurou um médico da rede particular com fraqueza, dor no corpo, ínguas e bolhas (chamadas vesículas) no pescoço e outras partes do corpo. O profissional que a atendeu encaminhou o caso para o Ministério da Saúde, por ser uma doença de notificação compulsória.Já no domingo uma equipe da SMS coletou material da paciente para fazer a análise. A amostra foi enviada para o Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros, o Lacen, e para o laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Leia também:- Goiás registra primeiro caso suspeito de varíola dos macacos- Brasil tem 17 casos confirmados para a varíola dos macacosSegundo o superintendente de Vigilância em Saúde da SMS de Goiânia, Yves Mauro Ternes, o diagnóstico passa também pela avaliação de outras patologias com sintomas semelhantes, como a varicela e o sarampo. Algumas situações, como a existência das bolhas na pele e o contato com alguém cujo caso foi confirmado ou é suspeito, com histórico de viagem para países onde há surto, podem incluir um caso no rol dos suspeitos.Esse é o caso da mulher de Goiânia. Ela esteve com outra pessoa que teve sintomas e tem histórico de viagem. Nem a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) nem a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informaram em qual município essa pessoa mora. De acordo com Ternes, existe um cuidado com a preservação da privacidade dos envolvidos.IsolamentoA SMS liga diariamente para a paciente para saber de seu estado de saúde. Segundo Ternes, ela está bem. “Fazemos esse contanto até para ela ter tranquilidade e saber, assim que possível, qual é o seu diagnóstico”, explica o superintendente.As únicas pessoas que tiveram contato com ela após o surgimento das bolhas, período em que o contágio se torna possível, foram as duas que moram com ela, de acordo com o rastreamento da SMS. Nenhuma delas teve qualquer sintoma até o momento.Ternes afirma que a rede pública municipal está preparada para identificar possíveis casos, e que qualquer pessoa que suspeitar de contaminação pela varíola dos macacos pode procurar a rede de atendimento básico.Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, afirma que as vigilâncias municipais estão treinadas para lidar com a situação. De toda forma, Flúvia não acredita em um surto grave como o que ocorreu com a Covid-19. “A letalidade não tem sido alta e a transmissão não é tão rápida (como a do coronavírus)”, explica.Ela lembra que existe uma vacina, desenvolvida ainda nos anos 1980, que pode ser eficaz, e que os sintomas, até agora, têm sido leves na maioria dos casos. A SES-GO recomenda, ainda, o uso de máscara como meio de prevenção.A varíola dos macacos, monkeypox, em inglês, foi descoberta em 1958. A zoonose foi registrada pela primeira vez em um humano em 1970. No atual surto, que teve início em maio deste, ela foi detectada em 3,4 mil pessoas, em 50 países. Porém, a Organização Mundial de Saúde (OMS) descartou, no último sábado, considerá-la uma emergência de saúde, neste momento.Doença é endêmica na ÁfricaA varíola dos macacos é considerada uma zoonose silvestre, ou seja, um vírus que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar seres humanos. O agente causador da doença pertence à família dos ortopoxvírus. Segundo o Instituto Butantan, existem dois tipos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central). A taxa de mortalidade de casos para o vírus da África Ocidental é de 1%, enquanto para o vírus da Bacia do Congo pode chegar a 10%. A varíola dos macacos era considerada endêmica em países da África Central e da África Ocidental, mas nos últimos meses houve relatos da doença em diversos outros países não endêmicos, especialmente na Europa. Segundo a Organização das Nações Unidas (OMS), ela foi detectada em mais de 50 países. TransmissãoDe acordo com a OMS, a varíola do macaco pode ser transmitida aos seres humanos por meio do contato próximo com uma pessoa ou animal infectado, ou com material contaminado com o vírus. O vírus pode ser transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento da monkeypox é baseado em medidas de suporte com o objetivo de “aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações e prevenir sequelas”. Para prevenção de casos recomenda-se para profissionais da saúde o uso de equipamentos de proteção individual como máscaras, óculos, luvas e avental, além da higienização das mãos regularmente.A população em geral pode se prevenir também fazendo o uso de máscara e higienizar as mãos. Em caso suspeito da doença, deve ocorrer o isolamento imediato do indivíduo, seguido da coleta de amostras clínicas. Sendo confirmado para monkeypox, o isolamento do indivíduo só deverá ser encerrado após o desaparecimento completo das lesões. Para os casos descartados, deve-se verificar a necessidade de permanência do isolamento.-Imagem (1.2481568)