A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) enviará ainda nesta semana orientações para os municípios goianos acerca da aplicação da segunda dose de reforço em pessoas com 50 anos ou mais. A pasta alerta para a baixa cobertura vacinal nesta etapa da imunização e se preocupa com possibilidade de baixa adesão. Orientação é que as cidades façam a busca ativa do público. Especialista afirma que propagandas com informações claras sobre a vacinação também são essenciais.O Ministério da Saúde anunciou na última quinta-feira (2) a ampliação do público apto a receber a segunda dose de reforço. Inicialmente, no fim de março deste ano, ela foi liberada para pessoas com 80 anos ou mais. Depois, no início de abril, a faixa etária foi ampliada para as pessoas com 60 anos ou mais. A ampliação da quarta dose para esta faixa etária já foi feita em outros locais do País, como no Mato Grosso do Sul e em Manaus.Em Goiás, já foram aplicadas 248 mil doses referentes ao segundo reforço contra a Covid-19. Entretanto, o número poderia ser maior, já que o estado possui 2,6 milhões de pessoas com a dose de reforço em atraso. Este número inclui a primeira e a segunda dose de reforço. “A adesão não está como gostaríamos. Ela é maior entre os mais velhos e vai diminuindo conforme a idade reduz”, diz a superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim.Flúvia explica que a adesão à primeira dose de reforço ficou abaixo do esperado e que na aplicação do segundo reforço está ainda pior. Para se ter ideia, de acordo com os dados do Painel da Covid-19, da SES-GO, 105,8 mil pessoas com 80 anos ou mais tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Existem 101,8 mil que receberam a segunda dose ou a dose única, o que representa 96% do total desta faixa etária. Porém, apenas 78,2 mil tomaram o primeiro reforço (73% dos que tomaram a primeira dose ou dose única) e 33,5 mil o segundo reforço (31% dos que tomaram a primeira dose ou a aplicação única).“Nós nos preocupamos porque esta dose é essencial, especialmente para os idosos que possuem a imunossenescência. Eles não estão protegidos só com duas doses, principalmente porque foram os primeiros a tomar a vacina e esta proteção vai diminuindo com o tempo. O reforço vem justamente para aumentar a imunidade deles contra a doença”, explica Flúvia.A presidente da Comissão de Informação e Orientação da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm), Flávia Bravo, concorda com a superintendente. “A baixa cobertura vacinal no que diz respeito ao reforço pode significar um novo aumento de internações e óbitos.”EstratégiasDas 248 mil doses de segundo reforço aplicadas em Goiás, 33,5 mil foram em pessoas com 80 anos ou mais, 30,6 mil naquelas com idade entre 75 e 79 anos, 46,6 mil no grupo que tem entre 70 e 74 anos, 58,7 mil em quem tem entre 65 e 69 anos e, por fim, 59,1 mil entre aqueles com 60 e 64 anos. O temor da SES-GO é que a cobertura entre as pessoas com 50 e 59 anos também não seja elevada.Por isso, eles estão orientando os municípios a fazer a busca ativa do público vacinados. “Essa faixa etária (com idade entre 50 e 59 anos) é economicamente ativa. Por isso, os pontos de vacinação precisam funcionar em horários flexíveis e também é possível promover, por exemplo, a vacinação em empresas. Acreditamos que com esse novo aumento de casos de Covid-19, seja possível que a procura pela vacina também aumente”, esclarece Flúvia. A presidente da Comissão de Informação e Orientação da SBIm diz que a promoção de propaganda também é essencial. “As pessoas precisam estar mais bem informadas sobre tudo relacionado à vacina. Não adianta o poder público fazer isso apenas por meio das redes sociais. É preciso um trabalho intenso de comunicação na televisão e nas rádios, que alcançam os mais diversos tipos de famílias brasileiras.”Reforço significa atualizaçãoA presidente da Comissão de Informação e Orientação da Sociedade Brasileira de Imunologia, Flávia Bravo afirma que a necessidade de doses de reforço não quer dizer que a vacina é ineficaz. Ela explica que a primeira dose de reforço foi adotada por conta da circulação da variante delta. Já a segunda, por conta da ômicron. “Esta é a dinâmica. Conforme vão acontecendo mutações, é necessário o reforço, pois a vacina foi feita com base na cepa encontrada em Wuhan (cidade chinesa onde foram identificados os primeiros casos da Covid-19)”, esclarece.Na última semana, São Paulo começou a aplicar a quinta dose da vacina contra a Covid-19 em pessoas com 60 anos ou mais e que tenham, necessariamente, alto grau de imunossupressão. A especialista diz que ainda não é possível saber quantas doses serão necessárias tomar. “Há uma expectativa de que aconteça como na vacina da influenza, que precisamos tomar todo ano por conta da mutação do vírus. Porém, em relação à gripe, além de um grupo de risco definido, também já temos uma sazonalidade definida (outono e inverno). Isso ainda não aconteceu com a Covid-19. Vamos descobrir isso observando a epidemiologia.”Leia também:- Enfermarias para Covid têm 100% de ocupação na rede estadual e 28 pessoas esperam na fila- Saúde autoriza 4ª dose contra Covid para pessoas com 50 anos ou mais e trabalhadores de saúde- Covid-19 avança em 83% dos municípios de Goiás