Entre agosto deste ano e os primeiros dias deste mês, a Saneago, empresa de economia mista cujo maior acionista é o Estado de Goiás, já realizou cerca de 4 mil reformas no asfalto de Goiânia, serviço que até o final de julho era de responsabilidade da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra). O fim do acordo entre as administrações encerrou a polêmica que gerava sobre quem era responsável por tapar os buracos realizados após obras de reparos nas redes de abastecimento de água ou de esgoto na capital. Ao mesmo tempo, aliviou o serviço a ser feito pela Prefeitura e ampliou as responsabilidades da estatal.De acordo com a Saneago, são recortados cerca de 30 pontos de asfalto em Goiânia a cada dia, mas entre 45 e 50 buracos são consertados. Esse número maior se dá justamente na tentativa de reduzir o passivo deixado no período em que o acordo com a Seinfra era vigente, ou seja, quando os reparos nas redes de saneamento básico eram feitos, cobertos com terra, mas sem o conserto com massa asfáltica, criando falhas no asfaltamento das ruas e, como consequência, prejudicando o trânsito de veículos na capital.Para a mobilidade, a existência de buracos em razão do uso e desgaste do asfalto ou como consequência de obras não faz diferença, de modo que o prejuízo ao tráfego é o mesmo. Há registros do ano de 2019, por exemplo, em razão de reparos na rede na região do Jardim Goiás, em que os moradores reclamam de demora de até dois meses para o conserto do asfalto. Na época, a Prefeitura estava com problemas no recebimento do concreto betuminoso usinado à quente (CBUQ) contratado e com dificuldade na produção da substância via usina municipal. O POPULAR flagrou pelo menos oito buracos causados para os reparos da Saneago nas regiões dos setores Central, Universitário, Bueno, Campinas e Coimbra. Na Rua T-36, do Setor Bueno, o relato é de que o problema se mantém há várias semanas. Outro problema que passou a ocorrer, em razão do programa de reconstrução asfáltica municipal, é a realização dos recortes pouco depois da via ter sido revitalizada, como ocorreu na Rua T-37, também do Setor Bueno e em dois pontos da Avenida Perimetral do Setor Coimbra, ambas na Região Sul de Goiânia.Os buracos feitos pela Saneago são caracterizados pelo recorte quadrangular ou retangular, com formas bem definidas e pontuais, que muitas vezes se iniciam na calçada. Neste caso, os moradores ou transeuntes que se sentirem lesados pela demora no conserto devem falar com a Saneago (ver quadro). No entanto, a Seinfra continua sendo responsável pelos reparos no asfalto em decorrência do desgaste pelo uso, aqueles que, normalmente, tem formato oval ou arredondado e que possuem maior profundidade e têm a situação piorada com o tempo sem o reparo.Em relação a estes casos, os moradores devem protocolar a reclamação via aplicativo Prefeitura24Horas ou no serviço de atendimento da Seinfra. No entanto, não há um prazo legal ou administrativo para a realização do serviço neste caso. Já em relação à Saneago, como a empresa, mesmo que estatal, possui contrato com a Prefeitura, atualmente, o prazo para a realização do serviço é de até 72 horas em vias de trânsito normal e, em vias de trânsito intenso, como em avenidas, 48 horas. “Assim que uma equipe da Saneago faz o corte no asfalto, imediatamente, é enviado o comunicado à empresa contratada para a prestação do serviço, que deve executar o trabalho dentro do prazo estipulado. No entanto, é importante pontuar que o período chuvoso, naturalmente, prejudica os cronogramas de recapeamento, pois não é possível aplicar o asfalto quando o solo está molhado ou úmido”, justifica a empresa. “Em tempo, vale ressaltar que ainda há reparos anteriores a serem executados, referentes à demanda reprimida do intervalo entre o contrato antigo e o atual”, informa a Saneago. Não há informações de qual foi o passivo deixado pela Seinfra para que a Saneago tenha de fazer o serviço. Segundo a empresa, há “uma força-tarefa para zerar o passivo de reparos do intervalo entre os referidos contratos, por meio de várias frentes de serviço atuando diariamente em toda a cidade”.EconomiaEm contrapartida, a Seinfra informa que desde o fim do acordo há uma economia no uso de CBUQ no patamar de 450 toneladas mensais. Até julho deste ano, em média, a Seinfra utilizava 2.250 toneladas a cada mês e agora o uso é de 1.800 toneladas neste período. Em relação ao número de buracos, há de ressaltar que a quantidade de substância utilizada depende do tamanho da falha, mas técnicos da Seinfra apontam que, em média, essa quantidade economizada seria suficiente para o uso em cerca de 600 buracos. Um dos problemas é que o último acordo firmado entre as partes tinha duas situações. Em caso de vazamentos ou reparos, o serviço imediato era feito pela Saneago que depois informava à Seinfra sobre o ponto em que o tapa-buraco deveria ocorrer. O prazo dado era de até cinco dias úteis. Porém, se a falha no asfalto fosse causada pela implantação de novos sistemas de água ou esgoto, o asfaltamento também seria feito pela própria Saneago. Agora, em ambas as situações a solução é de responsabilidade da empresa estatal.“Para isso, a Saneago contratou uma empresa no início do segundo semestre de 2021”, informa a empresa. No entanto, “no caso de obras de maior porte, como para implantação de redes, tanto do sistema de abastecimento de água quanto de esgotamento sanitário, a responsabilidade de recuperação asfáltica é da empreiteira contratada para a execução do trabalho”. -Imagem (Image_1.2351136)-Imagem (1.2351155)