A Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) atribuiu os problemas de desabastecimento de água em 22 municípios do Estado, ocorridos nos últimos seis dias, à interrupção no fornecimento de energia elétrica pela Enel Distribuição Goiás. Por esse motivo, irá finalizar um dossiê para delimitar os prejuízos e acionar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No total, pelo menos 100 notificações foram registradas por usuários relatando problemas no abastecimento. Em nota emitida na tarde desta quinta-feira (26), a empresa disse que 29 de suas unidades operacionais foram atingidas e em ao menos três municípios goianos, o tempo de restabelecimento da energia levou mais de 24 horas. Procurada pela reportagem, a Enel afirmou que trechos da rede elétrica em diversas regiões do Estado foram destruídos durante as “fortes chuvas com ventos e descargas atmosféricas” registradas nos últimos dias. Em razão disso, o trabalho das equipes de campo teria sido dificultado, inclusive por alagamentos, que impediram o acesso dos técnicos para o restabelecimento da energia em determinados pontos.O caso mais crítico registrado no referido período, segundo a companhia, foi o de Aparecida de Goiânia, onde 30 bairros foram afetados após quase 24 horas sem fornecimento de energia, conforme a nota. De acordo com ela, outros municípios afetados entre a última sexta-feira (20) e esta quarta-feira (25) foram Água Limpa, Águas Lindas de Goiás, Anápolis, Campo Limpo de Goiás, Campinaçu, Caturaí, Crixás, Edeia, Goiânia, Itapuranga, Itumbiara, Joviânia, Novo Gama, Ouro Verde de Goiás, Piracanjuba, Pontalina, Quirinópolis, Rio Verde, Ouroana, Santa Helena de Goiás e Terezópolis de Goiás.“A Saneago ressalta que há demora no atendimento da Enel e que, muitas vezes, o restabelecimento da energia leva mais de 24 horas, como ocorreu em Campinaçu, Ouroana e Santa Helena de Goiás”, diz o texto.A Enel, por sua vez, diz que reforçou o número de equipes de emergência nas regiões mais afetadas pelas chuvas e que tem adotado medidas adicionais, como o aumento de bases operacionais no interior do Estado e a utilização de helicópteros em áreas isoladas. “A companhia criou um Centro de Ocorrências Prioritárias para garantir o menor tempo de atendimento possível a serviços públicos essenciais como o abastecimento de água. A empresa acrescenta que os técnicos da companhia têm trabalhado ininterruptamente para garantir o fornecimento de energia a todos os clientes.”GeradoresDe acordo com a Saneago, o problema foi recorrente neste ano, o que a levou a locar geradores como medida preventiva e temporária para garantir os serviços de saneamento básico. Contudo, segundo a companhia, o fornecimento de energia continua sendo necessário, principalmente em locais em que a instalação de tais equipamentos é inviável. Na nota, a companhia diz que possui 2,3 mil unidades que operam na prestação de serviço público no setor de saneamento, responsáveis por atividades como a captação, o bombeamento, o tratamento e a distribuição de água tratada, além da coleta, do afastamento e do tratamento de esgotamento sanitário.“A interrupção no fornecimento de energia elétrica gera transtornos a toda a população, provocando desabastecimento de água e extravasamentos de esgoto, causando prejuízos econômicos e à imagem da companhia”, afirma a Saneago.Procuradora jurídica da Saneago, Ariana Garcia afirma que a companhia realiza um levantamento para apurar quais ações podem ser adotadas administrativa e judicialmente mediante os prejuízos causados à empresa. “A intenção é finalizar um dossiê para conseguir delimitar todo o prejuízo e com isso tomar as providências necessárias junto à Aneel, como já notificamos em algumas outras oportunidades. Há maquinário estragado e também prejuízo à imagem da Saneago”, finaliza a procuradora jurídica.