A Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia está desativando ao menos 50 bibliotecas de escolas da rede para abrigar salas de aula. Os espaços devem ser dedicados a receber alunos de 4 a 5 anos que estão em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e serão remanejados.A transferência de alunos de Cmeis para escolas foi anunciada no dia 18 de outubro pelo titular da SME, Wellington Bessa, durante o CBN Talk, na sede do Grupo Jaime Câmara. A expectativa é que, com a readequação da estrutura da rede municipal de ensino, sejam providenciadas 2 mil vagas para crianças de até 2 anos nos Cmeis, a maior demanda, e outras 3 mil na educação infantil.“Já esperávamos que algumas famílias reagissem às mudanças, por isso anunciamos com antecedência para que elas possam se organizar. Não é justo ter salas ociosas enquanto há crianças na fila de espera”, argumenta a chefe de gabinete da SME Débora Quixabeira.Em outubro, no entanto, ao POPULAR, Bessa não relatou que o remanejamento afetaria as bibliotecas. Ele citou um estudo de rede e que haveria apenas a otimização da ocupação de salas ociosas em algumas unidades.Leia agora:- Estudantes e professores expõem obras em mostra gratuita no Basileu França, em Goiânia- Estudantes goianos serão embaixadores em programa dos Estados Unidos- Sisu2023/1: Instituições de Goiás terão mais de 6 mil vagas; confiraDébora Quixabeira confirmou a medida. Ela explica que em 2021 a SME adquiriu e encaminhou para todas as escolas um novo projeto pedagógico chamado Tenda da Leitura, com um acervo de 2 mil livros, um espaço voltado para várias atividades com os alunos. “Isso fez com que as salas de leitura ficassem ociosas, algumas viraram depósito. Estamos reorganizando para transformar esses espaços em salas de aula. É melhor atender as famílias que estão nas filas de espera do que ter livros sem uso dentro de uma sala.” O arranjo já foi feito em 50 das 178 escolas da rede municipal. Conforme a chefe de gabinete da SME, escolas que tenham recebido a Tenda de Leitura e mantenham a biblioteca em funcionamento, não vão sofrer alterações.A SME termina esta semana o estudo que irá definir o número de vagas que serão ampliadas na rede de educação infantil e no ensino fundamental. As matrículas para os alunos veteranos estão previstas para a segunda quinzena deste mês, de 16 a 30 de novembro. Alguns pais reclamam da transferência de seus filhos, de 4 a 5 anos, alunos de Cmei, para escolas, conforme anunciado pela pasta em outubro (veja quadro).A chefe de gabinete da SME explica que o estudo da rede aponta onde há fila de espera em Cmei e qual é a idade com maior demanda. “Está sobrando vagas para a faixa etária de 4 e 5 anos. Estamos fechando 2022 com 725 vagas ociosas para crianças com essa idade. Não é justo que tenhamos filas de espera de mães que não conseguem cuidar de seus filhos de até 2, 3 anos e ter vaga ociosa. Muitos pais de crianças de 4 e 5 anos querem que seus filhos comecem o processo de letramento, de alfabetização.”QueixasUm professor da rede desde 2008, que preferiu não se identificar, disse que o processo de readequação está preocupando os servidores. “As escolas não têm estrutura para receber essas crianças, tanto físicas, como adequação de bebedouros, quanto humanas. São crianças muito pequenas que não dependem somente de um professor.”O filho de Natália Cardoso Néris completou 4 anos no início de 2022 e entrou para o Cmei Village Atalaia, na região Norte da capital. Foi o primeiro ano de vida escolar dele, mas já em 2023 terá de estudar em uma escola. “Eu e outros pais de crianças da mesma idade estamos inconformados. Não concordo com esta decisão. Meu filho é muito pequeno e precisa do apoio de professores. Sei que isso não vai ocorrer, como no Cmei.” Segundo ela, o garoto ainda não dá sinais de iniciação na alfabetização.No Cmei do Setor União um grupo de pais esteve nesta terça-feira (8) com a chefe de gabinete da SME, Débora da Silva Quixabeira, para fazer a mesma reclamação. O gestor comercial Willian Martins França disse ao POPULAR que a notícia pegou a todos de surpresa. “Tenho um filho de 4 anos que não possui autonomia para ficar em uma escola. Ele vai sair do Cmei, que tem atendimento integral, para ficar em uma unidade de meio período”, lamentou ele. Após o encontro, Willian disse que a Débora foi irredutível, mas não respondeu a alguns questionamentos.Segundo Débora, as 1.468 exonerações de comissionados ocorridas em outubro, por decisão do prefeito Rogério Cruz (Republicanos), atingiram a SME, mas não afetou o estudo da rede municipal de ensino. “Esse trabalho é feito exclusivamente por servidores efetivos e apoios técnicos que acompanham as unidades. Todos os anos ele é feito no mesmo período: entre o fim de outubro e o início de novembro.A Rede Municipal de Ensino de Goiânia possui, atualmente, 178 escolas onde estão matriculados 84.418 estudantes. Nos Cmeis e Centros de Educação Infantil (CEIs) - unidades conveniadas estão matriculadas 23.930 crianças. No aniversário de Goiânia, o prefeito Rogério Cruz anunciou que 20 novos Cmeis serão construídos em 2023 em 14 bairros de Goiânia. A previsão é que as novas unidades abram 3.156 vagas.